Afogar - S.f.
"é quando não tem ar o suficiente no nosso pulmão. é quando não tem amor o suficiente no nosso coração. é a sensação desesperada de buscar por algo escasso num ambiente desfavorável. é uma das piores formas de sofrer. é quando mergulhadores mergulham em águas de risco. é quando apaixonados encontram amores difíceis.""Pode beijar a noiva"
O cabeça de Marília doía. Era como se algum ser imaginável estivesse a batendo com um bastão em seu crânio. Engolindo saliva lentamente, sentiu como se passasse uma lâmina de barbear em sua garganta. O álcool em seu sangue lhe tirava um pouco do equilíbrio, ainda que o braço firme de Murilo Huff lhe sustentasse, não era o suficiente para lhe manter.
Maiara e Fernando estavam se casando naquele dia, e embora Marília declarar durante todo o período de noivado que Maiara era boa demais para Fernando, mesmo assim, não pôde impedir o matrimônio. Haviam sido meses de planejamento da ruiva, e seu entusiasmo com o grande dia lhe davam náuseas.
Entretanto, não podia deixar de comparecer à celebração. Os pedidos de Maiara com seus grandes olhos pidões não permitiram que declinasse o convite. Com seu vestido de madrinha de casamento, bebeu umas boas doses de whisky antes de enrolar seu braço ao de Murilo Huff para prestigiar os noivos e, em breve, cônjuges. A tontura oferecida pelo destilado não lhe impediu de caminhar lentamente até o altar e ainda receber assobios de aclamação por estar presente para a cerimônia.
Marília fechou os olhos com força ao ver vagarosamente o casal em sua frente se aproximar com sorrisos estampados em seus lábios.
"Um... Dois... Três... Vamos, acabe logo com isso."
"Eu sou apaixonada pela Maiara" O pensamento lhe assombrou antes que pudesse controlar ou planejar.
Esperando ouvir palmas e celebrações, em seu lugar, Marília captou em seus ouvidos apenas um silêncio incomum e uma movimentação estranha. Ainda de olhos fechados e cabeça baixa, respirou fundo, se antecipando. No que pudesse contar por 5 segundos ou mais, as felicitações pelo beijo do casal não ocorrera, e então abriu os olhos para analisar o que estava acontecendo.
Esperando ver sorrisos e lágrimas molhando os olhos dos convidados, olhares incrédulos virados para si tomaram o lugar. Ainda sem entender o que havia feito de errado, ergueu as sobrancelhas em dúvida, olhando de um lado para o outro. A noiva no altar mais acima lhe estudava com os olhos arregalados, seguidos pelo olhar de fúria de Fernando.
"O-O que disse?" Maiara sussurrou baixo, mas o suficiente para que todos ouvissem. "Marília, o que você disse?"
"Inferno, não!" Fernando vociferou, raivosamente. "Ela está bêbada, e ela não vai estragar esse dia. Ela sempre estraga tudo!"
Murilo abaixou a cabeça, afundando ainda mais sua mão livre em seu bolso, respirou fundo, "Lila, é verdade?"
"Você é apaixonada pela Maiara?" Maraísa se soltou dos braços de César, caminhando um passo mais à frente. "Marília, o que está acontecendo?"
O ser imaginável então lhe bateu com o bastão com mais força na cabeça, fazendo tudo girar. Reorganizando seus pensamentos e tentando se manter em pé, Marília sentiu seus olhos arderem. Com um resquício de ar em seus pulmões, pois o que ela lutou bravamente para manter havia simplesmente sumido, sussurrou um trêmulo "Sim"
E então todos se movimentaram.
O braço possessivo de Fernando pousou sobre os ombros de Maiara, que ainda parecia petrificada com o que acabara de acontecer. Maraísa voou como um foguete até Marília que sentia seus olhos pesados pelas lágrimas. A luta para mantê-las onde estavam, estava sendo a luta mais árdua que já teve na vida, mas foi abraço desajeitado de Murilo que permitiu que desbloqueasse todo o choro enrolado em sua garganta.
Os murmúrios baixos dos convidados embaralhavam-se na nuvem tensa que se formou entre os padrinhos e os noivos no altar. Os "não acredito!" e os "é muita coragem, mesmo" fizeram as pernas de Marília tremerem levemente enquanto descontava as lágrimas no smoking preto do homem que lhe protegia com os braços. As câmeras se abaixaram, revelando os olhares confusos dos fotógrafos contratados para registrarem o que seria um momento feliz na vida de Maiara e Fernando, o que na verdade, naquele momento estavam estupefatos com a revelação.
"Marília, você precisa dizer o que está acontecendo." Murilo sussurrou baixo para a mulher que, naquele instante se sentia como um cachorrinho indefeso. "Está tudo bem" Assegurou o moreno.
Marília então, guardando novamente o choro em sua garganta e levantou sua cabeça para dizer "Me desculpem."
Desenrolando-se do abraço de Murilo, desceu do altar caminhando porta a fora de cabeça baixa, sentindo novamente o choro lhe invadir sem pudor deixando Maiara, Fernando, Murilo, Maraísa e César incrédulos para trás.
"O que faremos agora?" César perguntou timidamente.
Marília correu até seu carro, o ligando rapidamente e cantando os pneus tentando ignorar a voz de sua cabeça que lhe alertava do quão fodida ela estava.
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Dandelions {Mailila}
FanficDespedaçada. Era assim que Marília se encontrava ao se deparar com a pessoa que tinha seu coração nas mãos casando-se com outra. Após uma revelação em uma cerimônia de casamento, terapias semanais a ajudam a entender em qual momento exato enfiou-se...