Parceria - S.f.
"é quando te pede a mão e você dá asas. é torcida eterna e sem intervalos entre dois que torcem um pelo outro. é saber que alguém acredita nos seus sonhos. é quando dois inteiros fazem algo extraordinário. é atravessar as dificuldades da vida de mãos dadas. é conhecer todos os lados de alguém e querer todos.""E então, como se sente?"
O silêncio preencheu todos os espaços da sala de cores claras diante da pergunta. De costas para a autora da pergunta, Marília observava os carros e pessoas transitando alegremente pelas ruas ensolaradas de Goiânia vivendo suas próprias vidas e, se permitisse dizer, talvez até um pouco mais felizes do que ela.
Bufando e dirigindo-se cautelosamente ao divã posicionado centralmente no grande consultório, sentou-se, ainda em silêncio. O olhar a psicóloga pesava sobre si, lhe estudando descaradamente, o que de certa forma estava irritando Marília. Ela não queria ser analisada, não agora. Embora a loira houvesse procurado ajuda clínica para curar-se da dor dilacerante que instalou-se dentro de si desde o episódio catastrófico do casamento, o olhar de atento da psicóloga estava lhe aborrecendo.
A realidade era que Marília ansiava por algo que dizimasse seu sentimento. Tentou recorrer ao álcool, mas a atitude imprudente poderia lhe causar danos maiores a longo prazo, sendo assim, logo descartou. Livros de auto-ajuda também eram itens que estavam fora de cogitação, sendo assim, riscados de sua lista. O que lhe restou e que ela sabia que poderia lhe trazer resultados satisfatórios seriam consultas com uma psicóloga, que talvez lhe ajudasse a dar fim em toda aquela melancolia que estava lhe corroendo.
"Eu não sei." Marília respondeu simplesmente, agora deitando-se e olhando para o teto. "Sinto muitas coisas ao mesmo tempo."
Prendendo sua caneta ao jaleco, a psicóloga ajeitou seus óculos na curva de seu nariz e debruçou seus braços sob as pernas descobertas pelo vestido que usava, "Você consegue distinguir o que sente?"
Marília então fechou os olhos e sentiu-os arder, "Tristeza, impotência, e dor. Muita dor."
Ainda analisando Marília, a terapeuta deu andamento em seus questionamentos, "E você sabe o por quê de estar sentindo tudo isso?"
"Como assim?"
"Explique-me o por quê de sua dor." Pediu a mulher pacificamente.
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"Eu sou Maraísa, muito prazer!" A mulher morena lhe estendeu a mão com um sorriso largo no rosto. "E você é...?"
"Marília! Muito prazer!" Respondeu Marília, aceitando de bom grado o aperto de mão lhe ofertado, retribuindo o sorriso.
Olhando em volta do espaço que o spa de emagrecimento lhes oferecia para descanso, Marília estudou tudo atentamente, dando uma leve suspirada ao pensar em sua nova rotina a partir daquele dia. O motivo de sua estadia ao spa era devido a sua saúde deteriorada proveniente de seu peso corporal, e então precisaria urgentemente mudar hábitos.
Nunca houvera qualquer problema com seu peso, e nunca também lhe passou pela cabeça ser insegura em relação ao seu corpo. Muito pelo contrário. Marília sempre foi uma excelente apreciadora das coisas boas e isso, em hipótese alguma lhe envergonhava.
Em contrapartida, as melhores coisas às vezes podem te fazer mal, o que não estavam nos planos da loira.
"É bem chato no começo, mas você vai se acostumar." A baixinha dizia enquanto voltava para sua cama, ajeitando atrapalhadamente algumas peças de roupas. "Embora aqui seja extremamente rigoroso, você irá se acostumar." Disse distraidamente dobrando algumas calças para acomodá-las na gaveta de madeira magno.
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Dandelions {Mailila}
Fiksi PenggemarDespedaçada. Era assim que Marília se encontrava ao se deparar com a pessoa que tinha seu coração nas mãos casando-se com outra. Após uma revelação em uma cerimônia de casamento, terapias semanais a ajudam a entender em qual momento exato enfiou-se...