Meu Sangue

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Estava faltando apenas duas semanas para o meu aniversário, eu estarei completando exatos dezenove anos. Pra mim isso tudo não passa de uma grande bobagem, mas, meus pais sempre foram muito rígidos em relação a tudo, incluindo quem vai ser a mulher com quem vou me casar.

De tempos em tempos, conheço algumas garotas muito bonitas, mas quando eu falei com mamãe sobre isso, lhe contei que não sentia nada, e não sabia como era a sensação de saber se era ela. Ela me respondeu dizendo que quando for a mulher certa, eu sentiria, e quando sentisse, iria querer ela comigo pra todo o sempre — O que é muito tempo levando em conta que não morremos nem tão cedo —, então desde desse dia, eu não quero apressar as coisas, quando for, eu irei sentir.

São sete e meia da manhã, eu esqueci completamente o que tenho que fazer hoje: treino com armas brancas. Botei a roupa de treino o mais rápido que eu conseguia pôr, botei as botas de couro e fui até a sala de treinamento.

Lá estavam os maiores treinadores e guerreiros do meu pai, a maior parte deles com poderes básicos, como água, fogo, terra, mas aqui não focamos em poderes, não mesmo, aqui nós lutamos com espadas, adagas e até mesmo arco e flechas. Eu sou muito bom com espadas, mas se deixassem uma adaga comigo, com certeza eu saberia me proteger direitinho.

— Atrasado de novo, Callon. Não é porque você é o príncipe herdeiro que vou passar a mão na sua cabeça. A próxima você vai lavar todo o chão dessa sala após o treino, eu tô falando sério! Vai se aquecer.

Quem me deu todo esse esporro foi o treinador chefe, Gadriewl, no geral ele é um dos poucos amigos que eu tenho por aqui, mas ele é de certeza muito bravo. Consigo aquecer aquele coração de gelo dele, mesmo que seja incrivelmente raro.

Faço o que o mesmo diz, começo aquecendo meus braços, depois as pernas, alongo muito bem elas para que não tenha câimbra. Pego uma espada de madeira e chamo um dos guerreiros do papai para lutar. No mesmo momento todos que estavam treinando, conseguiram tirar um tempo para ver aquilo.

O cara começa a analisar meu corpo, ele não é nada besta. Faço o mesmo, vejo que ele está inclinando a sua parte direita aos poucos, fico apenas girando no ritmo dele. Estamos esperando para ver quem vai começar atacar, dando vantagem ao que for se defender. Não ataco, quero vencer ele pelo cansaço, ele vai ceder.

Mas não cede, o que me deixa um pouco impaciente, sua espada era de madeira, mas não tão grande quanto a dos outros, estamos com espadas médias. Ele é mais alto e mais forte que eu, então me dá uma vantagem com a velocidade.

Finjo que vou atacar ele, ele defende do ar, então eu ataco. Bato duas vezes com a espada de madeira no seu braço esquerdo. Depois bato mais duas vezes, até que ele consiga me atacar de volta.

Defendo um, dois ataques dele, no terceiro foi bem no meu rosto.

— Você sabe bem que isso não é justo né? — Digo sentindo muita dor no rosto.

Me levanto, reerguendo meu corpo todo, estou pronto para mais uma, e ele não iria ganhar de mim, pois não sabe que estou sentindo muita dor.

— Só não conta para o papai, não quero perder minha cabeça por ter dado uma lição no filhinho dele! — Sorrio o guarda com escárnio.

Aquilo foi a gota. Eu sabia que muitos guardas, guerreiros e criados pessoais do meu pai, o rei, não gostavam de mim, mas saber que eles não escondiam isso me deixava enfurecido.

Lhe dei um chute na perna, fazendo com o que o mesmo grunhir de dor. Sim, eu estava causando dor de verdade nele, mas não é como se ele não merecesse. Ele tomba para o lado, enjirecendo o corpo, quando estava prestes a pegar equilíbrio, finalizei o mesmo com um chute no meio da sua caixa torácica. Me aproximei do mesmo que estava deitado em decúbito dorsal, sem ar.

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