Jovem e Belo

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No dia seguinte eu estava livre para fazer o que quisesse, meu pai havia me dispensado no final do dia de ontem, dizendo que tinha coisas mais importantes para ser feito. Só não pulei de alegria ou gemi de uma forma sútil em alívio porque sabia que ele iria me olhar com cara de reprovação. Mas, assim que ele saiu do quarto, pude pensar no que fazer. Música, preciso tocar!

Geralmente eu demoro muito tempo para chegar até lá, mas hoje eu estou mais empolgado, há sem sombras de dúvidas, mais ânimo em mim. Sem contar que a única coisa que não é dever meu nesse castelo é a arte. Eu busco ela porque gosto, porque sei que não é tão claro a forma de entender, mas se tiver pouco esforço, conseguimos obter resultados.

Andei de corredores em corredores, passando por vários criados, guardas e cozinheiras, elas estavam por toda a parte nessa hora do dia, tive que desviar de muitos deles, até chegar onde queria.

A sala além de ser toda em madeira. também possuía alguns abafadores de sons, me permitindo ficar livre de qualquer intruso. Vários instrumentos, alguns instrumentos mais antigos, de feericos mais velhos que tinham tradições de tempos antigos, não me interessei nadinha por eles.

Comecei pelo piano, sei tocar piano da mesma forma como sei andar, ou respirar. Estava tocando uma música que aprendi quando era criança, minha mãe sempre cantava ela pra mim, além de ser muito poderosa, tinha uma voz maravilhosa, e ainda tem.

Senti a música entrar sobre meus ouvidos, deixei com o que meus dedos sentissem as teclas, me entreguei de fato a música, eu sentia ela conforme ia tocando, éramos um só, com dependência um do outro: eu precisava tocar para que conseguisse escutar e ela precisava de mim tocando, para que pudesse continuar a sair melodia.

Assim que acabei de tocar a primeira música, fui pra a segunda, terceira, quarta, e eu poderia tocar quantas músicas existissem, mas fui interrompido pelo bater a porta, me recompus, sentei ereto sobre o banco acolchoado, vendo quem adentrava a sala.

Era a Alice, minha amiga. Não era bem uma amiga na visão dos meus pais, era a minha ajudante de quarto e de roupas, a única além do treinador que me entendia exatamente como eu era. Ela sabia do meu humor, do meu gosto, do que eu precisava. Ela estava muito alegre, o que entregou isso foi seu sorriso no rosto.

— Sabe, você tem muitos habilidades, já lhe vi treinando e conversando com pessoas, mas, a música desperta em você quem você realmente é, sabia?

Ela poderia parecer que estava me bajulando, mas na verdade ela gostava mesmo de dizer a verdade quando precisava ser dita. Sempre foi a incentivadora número 1 para que eu continuasse a tocar, e hoje eu sou completamente apaixonado por música.

— E você sabe exatamente o que eu gosto de ouvir, Alice. Está querendo me fazer sentir melhor, sei bem disso. — Pra mim, concordar com elogios direcionados a mim, me fazia sentir desconforto.

— Eu digo isso porque é verdade, se não fosse, eu tenho certeza que lhe contaria, majestade. — Ela me tinha total respeito e gostava muito de mim. Sempre me chamava de majestade, isso me deixava um pouco mal.

— Faça favor, Alice, você pode me chamar de Callon e eu já lhe disse isso antes, e sempre vou dizer até você começar a me chamar assim de verdade. É Callon. Estamos entendidos? — Fiz uma cara de mal brincando.

Sorri logo em seguida, ela também sorriu e não quis demonstrar que estava irritada comigo pelo que acabei de dizer. Me aproximo um pouco mais dela, abrindo os braços e lhe trazendo para um abraço, encosto meu queixo na parte de cima da sua cabeça, ela me abraça também e ficamos assim por um tempinho.

Alice tem um metro e meio, no máximo isso. Sua pele é clara e seus cabelos são longos, ruivos, seus olhos são igual a neve, quase um tom de cinza, isso faz dela uma grande intimidadora, mas não comigo, ela sempre gostou muito de mim e me mostrou o seu melhor lado.

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