1. Primeira vida: Morte

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Palácio de Ewhor, Asmain – Planeta Terra

Anelise Carter sentia que poderia cair a qualquer momento, estava sendo difícil manter o ritmo acelerado de corrida com as pernas estavam moles. As mãos soavam enquanto seguravam a saia do longo vestido que lhe cobria o corpo, ajudando-a na tarefa de correr pelo castelo. A boca estava seca, o ar escasso enquanto o coração batia acelerado e pronto para sair de seu peito. Ela ouvia algumas pessoas chamando seu nome, até a rainha gritava pela princesa enquanto tentava acompanha-la na corrida. Esbarrava sem querer nos servos e guardas, mas pouco se importava com esses acontecimentos que para si, naquele momento, não passavam de pormenores.

A princesa não tinha cabeça ou tempo para lidar nada daquilo. Sua mente, seu coração e corpo tinham um único e importante objetivo: Trabalharem juntos para leva-la até o quarto que ficava na quinta porta do terceiro andar do castelo.

Ane precisava chegar ao aposento o mais rápido possível.

E quando conseguiu, enfim, ficar de frente para a porta de madeira escura, Anelise respirou, tocando a maçaneta de ouro maciço. Puxou todo o ar que conseguiu, inspirou e expirou várias vezes tentando recuperar aos poucos a força que vinha perdendo ao longo dos dias. Tentou também segurar as lágrimas que começavam a beirar e arder seus olhos.

Tentou, não quer dizer que conseguiu.

Ao tomar coragem e entrar de vez no quarto, antes que desistisse ou fraquejasse ainda na porta, Ane ignorou os dois guardas que se curvaram em respeito e observou os três médicos e dois curandeiros – os melhores de todo o reino – se retirarem do cômodo, passando de cabeças baixas pela princesa que só tinha olhos para um ponto especifico.

Foi naquele quarto que ficava na quinta porta do terceiro andar do castelo, que cheirava a álcool e ervas, que Anelise se viu diante de um dos seus maiores medos.

O medo que agora fazia parte de sua realidade.

Pela primeira vez em anos, tantos anos, Anelise viu Tyler quieto. Em silêncio.

Indo contra sua essência e personalidade, Tyler Lowe estava deitado na cama, que parecia tão grande para o corpo agora tão magro e pálido com hematomas roxos causados pelas tantas vezes que fora furado para exames médicos ou remédios. O cabelo estava ressecado, bagunçado e ralo – decorrência da queda brusca dos fios que diminuía cada vez mais a quantidade em seu couro cabeludo.

Ane sentiu o coração partir em pedaços, e depois em tantos outros pedaços, ao ver o amado naquele estado, daquele jeito. Era cruel perceber no que o seu Tyler havia se tornado de uma hora para a outra: tão debilitado, quase irreconhecível. Definhando.

A princesa não conseguia parar de se perguntar se tudo aquilo era mesmo real. Se todo aquele cenário, aqueles dias, não se tratavam de mais um dos horríveis pesadelos que a assombrava sempre que dormia após ter exagerado na refeição noturna. Anelise se perguntava quando iria despertar na cama de casal que tinha em seu quarto, se encontraria Tyler deitado ao seu lado e seria acolhida pelos braços dele, como sempre acontecia. Se ele não a embalaria num abraço apertado enquanto afirmava que estava tudo bem, que ele estava ali, e que tudo não passara de um pesadelo, para logo depois dar uma leve bronca em Ane, que desconversaria com um beijo roubado.

Bem que tudo poderia ser mesmo um terrível pesadelo, não é? No entanto, não era um pesadelo. A princesa teve ainda mais certeza de que aquela era sua terrível realidade quando Tyler gemeu baixo e sôfrego.

(RE)AMAR | originalOnde histórias criam vida. Descubra agora