2. Segunda vida: Destino

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Dosa, capital de Ceblium – Planeta Terra

– Você acha que eu vou conseguir? – perguntou inseguro, olhando para o copo de suco à sua frente – Porque às vezes eu penso que isso é um erro... – murmurou e mordeu o sanduíche de frango que dividia com Anelise.

– E porque não conseguiria?

– Eu não sei fazer rap, Ane. A minha voz não é tão boa assim e a minha dança não é a melhor – listou algumas de suas imperfeições, inseguranças. Aquelas que pareciam tão óbvias para Tyler, que revirou os olhos quando levantou a cabeça e viu a garota o encarando com uma sobrancelha erguida; como se o perguntasse se ele estava mesmo falando sério.

Ele estava.

– Você sabe... – Respirou fundo, pronto para expor de uma vez por todas o que tanto o atormentava nos últimos dias, que Tyler tentava não compartilhar com ninguém. Nem com Ane. Mas, como sempre, lá ele estava se abrindo para a garota que sempre prestava atenção nele: – Nós dois sabemos que eles buscam o melhor. O melhor cantor. O melhor rapper. O melhor dançarino. E se encontrarem alguém que é o melhor em todas estas coisas, eles vão querer essa pessoa. O melhor. E não o mediano. Ser bom em uma ou duas coisas não é o suficiente.

– Mas, Ty, não existe uma pessoa que seja a melhor em tudo. Cada um é o melhor em uma área, ou duas, mas nunca em todas – afirmou, ficando de frente para o amigo que suspirou. Ane sorriu pequeno, na esperança de provocar um sorriso em Tyler. Isso sempre acontecia entre eles: era fácil sorrir quando o outro o fazia, independente do momento. – Você pode não ser muito bom no rap, mas é incrível cantando. Sua voz é incrível, entenda isso. Ou você esqueceu que eu só durmo quando estou triste depois que escuto a sua voz? – Empurrou o ombro do rapaz com a ponta do dedo, orgulhosa quando Tyler sorriu pequeno. Um progresso. – E eu nem gosto que falem comigo quando estou chorando, mas eu gosto de ouvir a sua voz porque ela me acalma.

Anelise sentiu-se tímida de repente, sabendo que provavelmente suas bochechas ficaram vermelhas. Estavam quentes.

Ultimamente estava sendo difícil conseguir disfarçar como se sentia ao lado de Tyler, as coisas estavam confusas e sua mente de adolescente não conseguia compreender como o amigo passou a parecer tão diferente. Era assustador quando Ane se pegava observando Tyler por tempo demais, e tudo ficava ainda pior quando uma irritação a tomava sempre que Anelise ouvia suas colegas do colégio fazendo elogios a Tyler.

Ela não estava sabendo lidar com aquelas novas sensações, os novos sentimentos e como seu coração parecia apressado quando Tyler estava por perto. Era assustador.

– E você dança muito bem também! – apontou apressada, querendo fugir do olhar alheio. – Você sempre ganha de mim quando vamos ao fliperama, e me convence a ir com você naquela máquina idiota de dança! Tenho certeza de que é só porque você sabe que vai ganhar e me humilhar!

– A máquina não é idiota, você que não consegue acompanhar os passos. – Ele riu e recebeu um guardanapo usado amassado em seu rosto.

– O ponto é que: você consegue. Porque você é rápido e consegue acompanhar os movimentos, não se perde em meio as instruções do jogo e não se distrai com tantos olhares em cima de você. Ou seja, você é o melhor! – enfatizou, quase gritando para que Tyler entendesse de uma vez por todas o quão incrível ele era.

Anelise queria muito ser capaz de fazer Tyler se ver do jeito que ela o via, sendo o melhor em tantas coisas e uma das pessoas mais importantes na vida da garota. Mas, como não era possível fazer isso literalmente, ela se esforçava falando claramente o que ela pensava sobre Tyler – ainda que isso a deixasse envergonhada.

(RE)AMAR | originalOnde histórias criam vida. Descubra agora