Capítulo 3

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Acordo com a luz da manhã iluminando o quarto.
É dia de aula, penso. O que me faz lembrar que tenho que me vestir e ir pra faculdade.

Decidi entrar para Universidade de Nova York no meu aniversário de dezessete anos. Meus pais me ajudaram com tudo. E com "tudo" eu me refiro à toda grana que eu iria pagar. Queriam isso tanto quanto eu. 

Dois anos após eu entrar pra universidade, eles se separaram. Minha mãe se mudou para o sul da Geórgia e meu pai continuou em Seattle. Realmente não queriam mais ver a sombra um do outro. 

Dada às circunstâncias, eu entendo totalmente. Ele a traiu, minha mãe descobriu e trepou com um cara quase da minha idade e garantiu que meu pai visse a cena. 

No começo, me senti mal, mas sabia que cedo ou tarde, isso iria acontecer. Eles viviam brigando. Mamãe chegou a atacar pratos nele quando soube da traição. 

Resumindo: Papai pegou uma muda de roupas e foi para casa de minha avó.

Busco por meu celular e me deparo com um bilhete em cima da mesa.

Bom dia. Acordei mais cedo, pois tinha algumas coisas pra fazer. Espero que estejamos bem um com o outro. Até a aula. Eu te amo. Beijos.

Ele havia pedido tantas desculpas desde que fiquei puta da vida. Já passamos por tanta merda e ele veio se arrepender tanto agora? 

Eu sabia que isso era ruim, eu sabia que ele, independente de quantas vezes jurasse/prometesse, ele não iria mudar. Uma pessoa só muda por ela mesma, nunca por terceiros. Nem todo sentimento do mundo muda alguém. 

E sinceramente? Eu sempre quis que ele mudasse por ele mesmo. Lutasse pra ser alguém melhor pra si, e não pra mim. 

No final das contas, somente nosso amor por nós mesmos nos salva.

Levanto para tomar café. Olho no relógio por volta das 6h34min. Puta merda, a aula de sociologia. PUTA MERDA. 

Decido que o mais rápido a se fazer agora é prender o cabelo num rabo de cavalo e vestir qualquer jeans do guarda-roupa.
 

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Já na faculdade, vou direto ao meu armário que fica ao lado de um bebedouro e procuro pelos livros que vou usar na aula.

Assim que os acho, parto em direção à sala, mas dou de cara com uma garota loira.

-Olá.

-E aí. -Sorriu.

-Nova por aqui?

-Sim, e você?

-Porra nenhuma. -Respondo sorridente. Me sinto confortável com ela. -Sou Lucinda.

-Alice.

-É o nome da minha mãe. Ela é graciosa, porém está na Califórnia, então eu meio que tento deixar pra lá o sentimento de abandono, para não ter que chorar igual uma garotinha assustada.

Ela ri.

-Eu falo demais, desculpa.

-Sua mãe deve ser uma mulher e tanto. Já você, fala demais sim. Demais. -E Alice sorri pra mim.

Dou de ombros.

-Você se acostuma.

-Já simpatizou comigo? -Ela estreita seus lindos olhos azuis.

-Tendo em vista que eu virei uma matraca em cinco minutos de conversa, sim.

-Deus ouviu minhas preces então, fico grata. Pensei que ia ter que lidar com essa merda toda sozinha, mas vejo que não. -Ela dá de ombros. -Tenho que ir pra aula de sociologia, mas não acho a sala.

-É a minha aula também. Vamos lá.

-Olha só que maravilha. 

-Até que sim, né?

Era bom ter alguém com quem conversar, desde que Emily largou a faculdade de enfermagem, eu tentei evitar amizades novas, porém não consegui evitar Alice.

-Eu tinha que comer alguma coisa. -Diz.

-Acho que tenho dinheiro na bolsa. Tem uma lanchonete virando a rua da entrada. Passamos lá, depois da aula, pode ser?

-Você sempre pensa demais assim?

-Sempre. -Respondo, passando meu braço pelo dela.

Caminhamos até a sala e ela senta na cadeira ao lado.

Ashley passa por mim, esbarrando em minhas pernas, de propósito, suponho, já que não pede desculpas e nem nada. 

Além disso, um sorriso estúpido jaz em seu rosto.

Podíamos não ir uma com a cara da outra, mas pensa em uma menina. Ela é alta, seu cabelo tem uma cor tão viva, tem olhos claros. Mas enfim.

-Sinto muito por isso. -Ela sorri descaradamente.

-Tudo bem.

Se tem uma coisa que eu aprendi e muito bem, se me permitem dizer, é pirraçar alguém. Sabe quando a pessoa só fala merda atrás de merda e você vai no embalo só que provocando, o que faz ela explodir de ódio? Então.

-Hey. -Aceno para Ashley.

Ela se vira bruscamente para me olhar e eu, como uma boa garota, levanto o dedo médio com um sorriso maravilhosamente injurioso no rosto.

Ashley bufa e logo após sai a caminho do outro lado da sala antes do Sr. Montgomery começar a aula.

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