Always yours

Capítulo 6

Não acredito que falei aquilo pra Dylan. Eu não queria magoá-lo, mas senti que precisava dizer.

Lembro da noite em que nos conhecemos: Tínhamos quinze anos de idade, eu ainda morava com meus pais. Tinha ido a uma festa com Emily.

Dylan derrubou cerveja em mim, o que me deixou puta da vida, pois o vestido era novo e eu era chata com essas coisas. Ainda sou, pra falar a verdade.

Cinco minutos depois, estávamos nos pegando no banheiro. Foi tudo tão rápido. Ele me queria com tanta urgência, parecia que íamos explodir.

Uns dias se passaram, ele me ligou, começamos a namorar.

Como eu disse, foi tudo muito rápido. Nos gostamos muito rápido, confiamos um no outro muito rápido. O que foi bom, de certa forma.

Ter a primeira vez com ele, crescer com ele, me fez sentir mais viva do que nunca.

Sentir que não conseguia viver sem Dylan, como se só existisse ele no mundo.

Em geral, sempre foi uma coisa boa me sentir presa a ele. Só não sei se continua sendo assim.

Depois de virar o corredor 14, sou jogada no chão por um filho da puta que tem os olhos no traseiro.

-Mas que porra. -Grito.

Até então, mantenho meus olhos fechados para manter a paciência que já não tenho.

-Merda, desculpa. 

Ok, a voz dele era gostosa pra cacete. Meu Deus, o que estou falando?

Abro os olhos e me deparo com um garoto, cujas mãos me puxam para cima, agora.

Já de pé, começo a reparar nele. Seus olhos são verdes; ele usa óculos; é uns cinco centímetros maior que eu; seu cabelo é moreno, não muito grande, meio cacheado;

-Você meio que me joga no chão e pergunta se estou bem?

-Não foi intencional. É que eu estava com pressa, minha aula começou há dez minutos. -Ele tem a mesma mania que eu, mexer no cabelo quando está nervoso.

-Deveria ir ao invés de estar checando minha saúde, não acha?

-Está me expulsando?

-Não, não é isso. -Respondo depressa. -É que está atrasado, pelo que me disse.

-Pior que estou.

Ele se afasta.

-Qual seu nome? -Pergunta.

-Por que isso te interessaria?

-Ai. Eu perguntei por educação. -Diz, parecendo estar ofendido.

-Não era pra soar assim...

Ele ri.

-Hey. Tudo bem. Eu estava brincando. -Ele tem um sorriso reconfortante... -Sou Adam.

-Sou Lucinda.

-Não tem cara de Lucinda.

-E tenho cara de quê? -Que diabos?

-Não sei. Acho que Ashley combina mais.

-Acredite, Ashley é o último nome que eu gostaria de ter.

-Vou querer saber dessa história depois. -Adam arqueia uma sombrancelha, ainda com o sorriso-trapaceiro-pra-caralho no rosto.

Estamos perto um do outro. Nunca mais fiquei tão perto de um rapaz assim.

A não ser o Dylan.

-Estou atrapalhando alguma coisa?

Quando olho por cima do ombro de Adam, vejo que Alice está ali. Ela olha para mim, depois para Adam e depois seu olhar está em mim de novo.

-Na verdade, sou eu que estou. -Merda. -Adam está atrasado, não é, Adam?

-Sim, estou. -E mexe no cabelo de novo. -Até mais. -Diz, antes de virar o corredor.

(Silêncio)

-O quê que foi aquilo?

-Aquilo foi eu esbarrando em alguém e esse alguém me ajudando a levantar. -Falo, cautelosa.

-Sei, sei.

-Meu Deus, Alice! Eu estou com o Dylan. Ficou doida?

-Ok. Em primeiro lugar: não gosto do Dylan. Em segundo: não acho que ele te mereça e começo a achar que você está percebendo isso. Vi o jeito que estavam se falando no refeitório.

-Eu...

-Não! Nada de "eu...". Vocês não estão bem. Dá pra ver isso de longe.

-Eu estou confusa.

-Ah, merda. Vem aqui. -Alice me chama para um abraço.

Quando dou por mim, estou em seus braços.

-Cacete. Eu o amo.

-Pelo que você me disse, ele é seu primeiro amor, sua idiota. É claro que o ama. -Agora, nossos olhos se encaram. -Mas você gosta dele?

-Alice, não me deixe mais confusa.

-Só estou tentando ajudar você.

Começo a chorar.

-Para com isso. -Ela me abraça mais forte.

-Desculpe. -Peço, em meio aos soluços de merda.

-Tudo bem... Não precisamos ficar para a última aula. Vamos embora.

-Mas e o Dylan?

-Puta merda, você não entende nada do que eu digo, não é mesmo?