9- Camadas

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_Pensei que você tinha dito que não dava pra fazer ligação direta naquele carro.- Toji questiona a garota tirando as chaves da BMW do bolso, ainda olhando para a direção em que o carro havia sumido.

_E não dá, pelo menos eu não sei... De qualquer forma isso não faz diferença agora, estamos sem carro... De novo.

_E a culpa é de quem?- ela o fita incrédula pela acusação- Tudo por um vidro de álcool a mais.

_Como eu já disse, isso agora não faz mais diferença.- ela responde ríspida começando a caminhar na direção em que o carro partiu.

_Onde você pensa que vai caralho? Não sabemos se tem mais deles por aí.

_Com carro ou sem carro precisamos continuar, ou você quer ficar parado aqui esperando que uma solução magicamente caia do céu na sua cabeça? Vamos continuar, cortar pela cidade e seguir caminho, quem sabe encontramos outro carro. E se alguém aparecer a gente cuida deles.

Mesmo contrariado não havia muito o que fazer, então Toji se pôs a caminhar a frente da garota. Diferente do caos de Moscou a cidade parecia ter sido evacuada as pressas, mesmo que algumas lojas estivessem com sinal claro de terem sido saqueadas, a carnificina da capital não se fazia presente ali.

_Se vamos ter que caminhar você podia pelo menos conversar comigo.- pra alguém que passou dias trancada sozinha, apenas com sua própria companhia era realmente difícil encarar o silêncio.

_Você quer conversar?- ele a olha por cima do ombro e ela apenas assente- Sobre o que quer falar?

_ Você tem filhos?

_Sim

_Qual o nome deles?

_Tenho apenas um, o nome dele é Megumi.

_Megumi... - ela pronuncia o nome pra si mesma- Ela é bonita? Quantos anos tem?

_Ele... é um garoto, ele tem quinze anos e se parece comigo, mas sua personalidade é como a da mãe.

_Então ele é bonito- ela diz sem perceber fazendo um sorriso satisfeito crescer no rosto de Fushiguro- Por que deu um nome de menina pro seu filho?

_Foi a mãe dele quem escolheu o nome.

_Aposto que ela escolheu esse nome pelo significado... Abençoado. - ele a observa por cima do ombro, sempre se surpreendendo quanto mais a conhecia.

_Você fala Russo, Inglês e Japonês, fala mais algum idioma?

_Francês, Espanhol e um pouquinho de Alemão.

_Impressionante, não terá problemas pra se adaptar a sua nova vida em Tokyo.

_O que quer dizer com isso?- por um momento Toji quis se socar por falar demais, claro que ela não sabia da novidade que a aguardava em seu novo lar, e não seria dele que ela ouviria isso.

_Bom... imagino que por um bom tempo nem você e nem seu pai poderão voltar pra cá, não é mesmo?

Ela desconfia, mas concorda não insistindo no assunto, afinal ela não queria que Toji se zangasse e parasse de falar como noite passada, a conversa estava boa e ela precisava disso para manter a sanidade.

Andaram pelo que pareceu horas incessante, falando sobre diversos assuntos, mas àquela altura [Nome] já sentia seus pés latejarem e o cansaço lhe consumir, eles não haviam parado nem mesmo para comer, fazendo sua refeição enquanto caminhavam e conversavam, ela olha para o céu e percebe a mudança do ar, o sol mesmo que forte não conseguia esquentar o ar úmido que estava cada vez mais gélido.

𝑨𝒑𝒐𝒄𝒂𝒍𝒚𝒑𝒔𝒆 ll 𝑻𝒐𝒋𝒊 𝑭𝒖𝒔𝒉𝒊𝒈𝒖𝒓𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora