[SakuAtsu] O Espetacular Kiyoomi Aranha

Capítulo 8 - A cura

Alguns dias depois, sem nenhuma opção além de se engasgar sozinho em sofrimento, Kiyoomi acabou de fato desabafando com Kuroo. Primeiro sobre Atsumu, o que lhe parecia menos complicado já que Motoya estava voluntariamente se esforçando muito e ele tinha que pensar melhor em como abordar isso com o chefe de seu primo sem prejudicá-lo.

A conversa, claro, foi toda estranha e torta do início ao fim. Kiyoomi não sabia se expressar e já estava arrependido no meio da primeira frase quando Kuroo começou a sorrir e lançou seu característico olhar que dizia 'ok, já entendi tudo.'

"Eu também tenho um melhor amigo que era... que é a pessoa de quem eu gosto de uma maneira única. Mas pelo que entendi o seu... MJ tem uma personalidade mais parecida com a minha, certo?"

Kuroo nunca deixaria de impressionar Kiyoomi com a maneira com a qual sempre sabia ler o ambiente, a situação e as pessoas. Ele apenas confirmou com a cabeça. Kuroo continuou seu raciocínio. "Por sorte esse meu amigo é bem parecido com você em vários pontos, então acho que posso ter um ou dois bons conselhos na manga." Ele deu uma piscadinha. "Ele precisa saber que você se importa. De verdade. Pessoas como você são difíceis de ler mesmo pra quem os conhece por anos. As coisas ficam nubladas às vezes. Chame ele pra sair, conversar. Dê o primeiro passo."

Parecia tão simples e no fundo Kiyoomi concordava. Atsumu era orgulhoso e ele sabia que havia falhado, que ele, mesmo que sem perceber, havia se afastado. Sem coragem para falar mais sobre seus sentimentos ele quase resmungou um agradecimento, totalmente envergonhado. Estava prestes a tentar falar sobre Motoya quando o próprio apareceu todo sorrisos com uns dados de alguma coisa em que estava trabalhando e havia dado certo.

Eles mal trocaram duas palavras mas o quanto Motoya parecia bem recebendo a aprovação de Kuroo foi o suficiente para que não soubesse mais que argumento usar para pedir uma folga para alguém que parecia muito feliz em estar trabalhando. Em ter recursos para criar invenções que poderiam mudar a vida das pessoas e não ficar empoeiradas embaixo de uma cama. Ele não poderia ser egoísta assim.

Quando Motoya se afastou, Kuroo pediu mais alguns minutos de Kiyoomi para falar sobre trabalho, ou seja, a pesquisa. "Fizemos alguns progressos e acho que estamos prontos para um teste controlado em humanos e... para testar a sua cura."

Essa informação atingiu Kiyoomi de uma maneira inesperada. Ele às vezes esquecia que toda colaboração entre eles também tinha como objetivo reverter a situação, e agora que sua vida estava uma bagunça, parecia tentador. "E como seriam esses testes?"

Kuroo, como sempre, abriu o notebook e começou a mostrar um monte de dados que Kiyoomi não entendia muito bem enquanto explicava. "Esse gráfico mostra o padrão que fez a mutação dar certo em você, as condições nos seus genes que levaram a um experimento bem sucedido. Estamos agora buscando um indivíduo compatível e que queira participar, pode levar alguns meses."

"Quanto a cura." Ele fechou o notebook e o encarou. "Pensamos em testar primeiro no Daishou. Mesmo que ele tenha feito o que fez, não é justo ser condenado a mais essa sentença. Se funcionar bem nele, há altas chances de ser um sucesso em você."

O homem cobra. Kiyoomi havia esquecido quase completamente que ele existia. "Onde ele está agora? Ele vai ter algum... poder de decisão sobre receber a cura?" Kiyoomi questionou preocupado. "Existem riscos, certo?"

"Ele está em um lugar seguro sob nossos cuidados. E sim, poderá escolher ou não participar." Kuroo esclareceu. "Os riscos sempre existem, mas posso garantir que vamos conduzir tudo de maneira cuidadosa e claro, apenas se você autorizar."

Ele não aguentava mais tomar decisões. Sentia falta de quando podia contar com Motoya e Atsumu pra isso, mas parecia completamente sem sentido envolvê-los agora que estavam tão distantes. "Tudo bem." Ele concluiu, mas colocou uma condição. "Sobre a cura, quero que o Daishou tenha a opção de escolher ser a cobaia ou não."