O começo de tudo

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Nunca cri que todos os seres vivos do universo tivessem a sua alma gêmea. Não, claro que não. Ou seria possível uma borboleta se apaixonar por outra? Disso eu não sabia mesmo, mas era uma das perguntas que iria colocar na minha lista-de-coisas-interessantes-que-gostaria-de-saber-mais. Um pouco grande o nome, mas não sabia outra forma de descrevê-la. Escrevia nela tudo o que por um instante viera á minha mente e que me deixara com curiosidade. Aprendi esse método com um amigo. Eu o considera inteligente, não um Einstein da vida, só o suficiente para a idade dele (se bem que convenhamos, meninos de 16 anos não eram tão inteligentes assim).
Ele havia se tornado meu amigo por um acaso, acaso esse que me apresentou a melhor pessoa que eu pudera conhecer. Parece até um exagero, mas não era. É sério cara, o garoto era uma cópia de mim, porém masculina. Dividimos mesmas idéias, gostos e até atitudes. Sempre questionei se éramos irmãos ou casados na vida passada. Era uma relação meio ilógica, que nós nunca nos auto entendemos, porém o outro sabia o que pensava apenas por uma palavra. Nessa frase, em vez de "palavra" você devia estar acostumado á ler "olhar", mas infelizmente, mais de 100km de distancia o separavam. Porém, por algum motivo desconhecido, era assim que me agradava. Sem toque, sem olhar, sem contato. Apenas palavras, sejam lá verdadeiras ou não. Gostava disso pois sabia que eram menores os riscos de um sentimento á mais nascer daquela relação, afinal – os namorados á distância que me desculpem – considerava impossivel alguém se apaixonar por outra pessoa só por uma foto, imagem ou voz. Para alguns eram lindo, para mim era simplesmente uma grande falta de amor próprio.
Sobre a minha vida, era sempre a mesma rotina. Escola, casa. Escola, casa. Não era muito social, não por falta de amigos ou qualquer coisa que o valha. Simplesmente porque me agradava bem mais no meu quarto, com alguns livros e discos antigos. Talvez isso lhe pareça um pouco estranho, eu gostar de música velha. Pelo menos, me informaram que adolescentes da minha idade tivessem que gostar de música atual e que passara nas telas do Multishow. Mas isso nunca me agradou. Era bem mais fã de um MPB, ou qualquer rock que tivesse a sonora bateria no fundo. Simplesmente era assim a minha vida. CD's antigos, livros novos e velhos, alguns amigos e um fone de ouvido para me acompanhar na jornada escola-casa, casa-escola. Não que minha vida pudesse de fato ser algo relevante, mas acreditava, que por alguma razão, ela era diferente das demais. Buscava á cada dia entender o porque de tudo isso. Queria encontrar as respostas, sem ao menos ter noção das perguntas.

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