CAPÍTULO UM JASON

425 27 6
                                    

Eram 7:20 da manhã de uma sexta-feira. O despertador havia tocado, o que significa mais um dia de aula, mas para servir de consolo pelo meu desgosto de acordar cedo pensei: "Bom Jason, hoje é o seu último dia de aula da semana, amanhã poderá fazer o que quiser. Inclusive deitar e assistir sua série favorita, Friends".
Tomei coragem e me levantei de um dos lugares favoritos de minha casa, que no caso, é minha cama. Caminhei até o banheiro com os olhos entreabertos ainda pelo sono, acendi a luz e esfreguei meus olhos, eles não haviam se acostumado com a claridade que acabara de surgir. Ainda de frente ao espelho bocejei, peguei a pasta e a escova de dente na gaveta e comecei minha higiene matinal.
Desci as escadas já vestido, coloquei uma camiseta preta e uma calça jeans, senti até pena do meu par de tênis, desde que começaram as aulas no primeiro ano do ensino médio eles me acompanham.
Me sentei na mesa e comecei a preparar o café, nem tão amargo, nem tão doce, mas no ponto. Tarefa que nunca consegui realizar com sucesso.
Minha mãe havia preparado ovos mexidos para mim, não que eu queira me gabar, talvez um pouco mas, minha mãe é a mulher que faz o melhor ovo mexido do universo.
-Dona Marie, dessa vez você se superou -peguei mais uma colherada do meu prato e completei ainda de boca cheia- isso aqui está delicioso mãe!
-Jason! Não fale de boca cheia! -Ela repreendeu- obrigada, pelo menos cozinhar eu tenho que saber. Já que meu filho não sabe nem preparar um arroz -ela riu, a risada dela é engraçada, o que me fez rir junto-
Terminei meu café da manhã, peguei minha mochila da cadeira, me despedi rapidamente de minha mãe e caminhei até a escola em mais uma sexta-feira onde as primeiras duas aulas eram de química com o professor Luís.
Nada contra ele ao contrário, era um dos melhores professores, contava altas histórias bem retardadas, e quem não o conhecesse como eu o conheço diria que suas histórias são mentiras criadas pela sua falta de infância. Mas há quem diga também que foi um grande aventureiro, antes de claro, empacar em uma sala de aula.
O local onde meu colégio foi fundado é como uma praça, grande e espaçosa, muitas árvores, uma parte da natureza, vamos dizer. Para entrar e pegar meus materiais de química, tive que passar por um mar de pessoas. Já no corredor, onde os alunos já se acalmaram de tanto alvoroço, peguei minhas coisas no armário. Senti uma batida em minhas costas, o que me assustou de primeira.
-Jason, preciso te dizer uma coisa -Jackson tinha uma expressão estranha em seu rosto- vamos para a aula de química, lá eu te conto.
Assenti, com a cabeça que sim. Jackson queria falar comigo? Ah, aposto que seria sobre Valentina, a menina dos seus sonhos, na maioria das vezes eróticos. Mas também tem o lado negativo, e se realmente aconteceu algo?
Eu já estava ficando com uma expressão nervosa, pior que a de meu melhor amigo.
Hoje a aula seria em dupla, eu e Jackson sentamos na primeira carteira, já que o professor Luís cismava que:
a) eu e Jackson juntos só conversamos
b) e não produzimos nada
c) Jackson é um bobalhão desastrado
d) parte disso é verdade
No meio da aula quando Luís estava passando sua aula teórica na lousa, Jackson me cutucou.
-O que foi? Tem como você me contar logo? Sem suspense dessa vez. -Digo emburrado.
-É que... É algo delicado sabe? -Ele estava ficando sem jeito.
-Jack, você pode me contar, eu não vou te julgar por algo que você nã...
-Eu preciso perder a virgindade! De preferência com a Valentina.
-Jackson cala a boca! Você me interrompeu pra isso? Pra dizer que você precisa perder a droga da sua virgindade? Você tem problema?
-Sim, eu acabei de dizer. Eu preciso perder minha virgindade com a Valentina.
Jackson me deixara mais irritado do que abismado. Ele interrompeu o que estávamos fazendo para dizer baboseiras desnecessárias. Porém, o professor Luís parou o que estava fazendo e nos disse bem alto e claro:
-Algum problema senhores? Se quiserem podem conversar lá fora.
Cabisbaixo, neguei o que ele me oferecera. Jackson poderia ser meu melhor amigo, poderia ter formado o ensino fundamental comigo, mas tinha horas em que ele passava dos limites do absurdo. Porém não pensa como eu, ao invés de negar junto à mim, levantou de seu assento e disse:
-Com licença professor, eu aceito a sua proposta, -disse ele, me levantando junto consigo- com muito prazer aliás, eu e Wilst nos retiraremos de sua sala. -Ele sorriu da forma mais irônica possível- vamos Jason, anda logo! Está pior que uma velhinha de 80 anos atravessando uma rua, e olha que ela é cega!
A porta bateu bruscamente quando saímos de sua aula, eu estava totalmente aborrecido. Com certeza dessa vez irei levar alguma advertência pelo que fiz.
Eu estava em pé, com a mochila e os materiais desorganizados na mão. A aula mal havia começado e eu já estava bem encrencado, vagando pela escola sem ter o que fazer. A não ser estrangular Jackson, seria uma boa hipótese.
-A Valentina não parava de me olhar, acho que ela deseja meu corpinho nu e sedutor na cama dela. -Eu ri.
-Nem mesmo aqui na escola ela deseja olhar pra sua cara, agora imagine você pelado na cama dela. -Jackson me olhou furioso.
-Invejoso! Só porque a garota mais gostosa e desejada desse colégio olha pra mim e não dá a mínima pra você!
-Na verdade não Jackson, -ele levantou a cabeça e olhou para mim- ela estava olhando para as suas meias. -Seus olhos ligeiramente foram para seus pés- seu par de meia está errado.

Trilha de LobosOnde histórias criam vida. Descubra agora