-Jason, passe a bola!!! -Gritava meu treinador de futebol, John- Passe!
Desde o primeiro ano no Ensino Médio jogo futebol, sou do time titular e capitão. Não, não pense que arraso corações de garotas e as deixo de queixo caído, muito menos derretidas em minha presença. Mas, tenho uma "namorada", talvez não seja a palavra certa, estamos apenas.... ficando, como dizem nos tempos atuais em que vivemos. Depois do sufoco do treino de domingo, cheio de abdominais, flexões, corridas em volta do campo, e muito, muito suor, Piper e eu marcamos de nos encontrar depois do treino, no nosso "esconderijo". O lugar era apenas uma cabana abandonada, cheia de árvores em volta. Os pais de Piper não apoiavam a ideia de a filha namorar, o que nos obrigava a ficar o mais longe possível deles. Fui caminhando pelas ruas quase vazias, as folhas iam caindo lentamente até pousarem no chão. Em frente à cabana lá estava ela, em pé, andando de um lado pro outro de forma inquietante, bem no estilo Piper.
-Aconteceu alguma coisa? -Pergunto-lhe.
-Na verdade não, na verdade sim, não exatamente. -Ela dizia, coçando a cabeça de forma preocupante.
-Você pode começar dizendo, né?
-Tá, tá bom. Lembra da história de eu fazer intercâmbio? Meus pais sem me avisarem, conseguiram uma casa para mim, lá na Alemanha.
-Isso é bom, assim você po.....
-Espera, -Piper me interrompe- deixe-me continuar. O intercâmbio era pra ser na faculdade, não no ensino médio! Ou melhor, pra este sábado.
Uma onde fria correu pelo meu corpo. Piper indo embora? Corto meus pensamentos e olho nos olhos de Piper.
-Como eu ia dizer, antes de você me cortar, isso é bom. Não é? -Pergunto, transmitindo calma.
-Sinceramente? Para os meus estudos sim, mas deixar amigos, deixar tudo aqui...... Você, e criar novos laços com pessoas novas não será fácil, sabe? -Uma lágrima escorre dos seus olhos- Mas, eu preciso disso. É o meu futuro.
-Eu estarei aqui quando precisar -Enxugo uma de suas lágrimas- talvez podemos ser bons amigos. O que acha?
-Pelo menos não te perderia por completo, e isso seria bom. -Ela sorri.
A convido pra sair comigo hoje, como forma de "despedida", já que não a veria no colégio porque estaria encaixotando suas últimas coisas para se mudar. Nos despedimos e seguimos nossos caminhos de volta para casa.
Coloco os dois fones de ouvido e deixo a música transmitir o que eu preciso, deixo que ela mesma fale por mim. Estava tocando Fall Out Boy, até que o volume diminuiu um pouco, pego o celular do meu bolso e vejo, era uma mensagem do Jackson."Ei cara, que tal algumas partidas de videogame hoje? Vamos?
A não ser que você esteja com medo de perder pro amigão aqui. "
**
"Então Jack, hoje vou sair com a Piper, ela está indo embora, você acredita nisso? Vou sair pra jantar com ela, e depois ir para o boliche já que ela gosta, e também porque este será nosso último encontro.
Fica pra próxima.
Obs: Eu sempre venço de você, otário."Quando cheguei em casa, dei um beijo em minha mãe como costume e depois subi para o meu quarto, onde fiquei um bom tempo até dar o horário de me arrumar.
Depois que saí do banho, vesti uma camiseta de uma das minhas bandas favoritas, All Time Low, com uma calça jeans e um tênis. Estava vestido de uma forma normal, espero que Piper não ligue pra isso mesmo não sendo o tipo de garota que dê espasmos pelo seu namorado não estar usando terno em seu encontro.
Fui até a casa dela para buscá-la, quando a porta se abriu pude ver o quão linda estava. Ela vestia um vestido rodado preto simples, mas que a deixou muito linda.
-Uau, você está linda. -Digo, sorrindo para Piper.
-Obrigada. -Ela sorri, e me beija no rosto- Você também não está nada mal.
Entrelaço minhas mãos nas suas. Piper era diferente das outras garotas, ela sabia conversar com as pessoas, ela sabia como ter assuntos, ela sabia realmente como fazer uma pessoa rir. Talvez seja por isso que eu goste dela.
-Sabe....por que o feijão....Vive triste, Jason? -Ela ri, se recuperando dos próprios risos.
-Não, por quê?
-Porque ele é feito na panela depressão! -Piper ri novamente. A sua risada era como uma das melhores músicas para se ouvir.
-Você está pronta pro stand up, né? -Rio.
-Claro, eu vou ser uma piadista famosa você vai ver.
Piper era assim, me fazia rir das coisas mais bestas que podem existir. Mas tudo o que havia nela, era algo para pessoas como eu, que a tem do lado, glorificar. Ela tinha defeitos, mas as suas qualidades encobriam todos eles a ponto de não conseguir enxerga-los.
Acabamos escolhendo ir para o Subway do que em algum restaurante, o que seria mais parecido com um encontro, mas como eu disse, Piper era diferente.
Na vez de Piper no boliche, ela ultrapassou a marca vermelha riscada no chão e acabou caindo, o que foi muito engraçado por sinal. Ela ficou toda corada, era muito bom tê-la ali comigo.
No fim do nosso "encontro", decidimos passar no parque que era caminho para a casa da Piper, curtindo nossos últimos momentos juntos.
-Eu vou sentir falta de você. -Digo, olhando para seu rosto enquanto caminhávamos.
-Eu também, na verdade, eu sentirei falta de todos. -Ela diz cabisbaixa- Aqui eu fiz amigos, eu sempre planejei minha faculdade na Alemanha, mas não meu ensino médio. Eu não estou preparada para terminar de encaixotar minhas coisas e ir embora.
-Você vai fazer novas amizades, você é cativante, sabe disso. Onde vai conquista novas pessoas e as fazem se apaixonar pelo seu jeito. Você sabe que irá se dar bem lá.
Ela sorri. Fomos o caminho inteiro em silêncio até chegarmos em sua casa.
-É, foi bom conhecer você, Jason.
-Foi bom conhecer você também, Piper. -Estendo os braços afim de um abraço de despedida.
Piper pula em mim, eu giro e a coloco no chão, bagunçando seu cabelo. Damos nossa última risada e nos abraçamos seriamente, sabendo que poderia ser nosso último contato entre corpos. Então ela abre a porta e entra. Percebo que Piper não seria mais a garota que eu sairia, ela passou a ser minha amiga, uma amiga distante.
E assim foi a minha noite, talvez um pouco ruim, ou boa, não sei.
Algumas pessoas partem, para que outras possam se acomodar em seus lugares, sem substituí-las.
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Trilha de Lobos
WerewolfSéculo XVI, o século do caos onde, a magia era crucificada. Século onde mulheres eram enforcadas, crianças desapareciam. Será que livros e jornais, souberam contar o verdadeiro mistério que os assombravam? Século XXI, dois adolescentes, um sonho, um...