Capítulo 01: Rastros Semidivinos.

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Capítulo 01: Rastros Semidivinos.

Zugarramurdi, Espanha;

     Com uma respiração calma e sentidos atentos, uma garota de aparência dócil e cabelos tão vermelhos quando as folhas do outono andava em passos leves por uma floresta densa. Seus olhos claros olhavam para diversos pontos da mata sem foco, procuravam algo naquela noite sombria que não fossem árvores altas, vegetação rasteira ou pequenos animais de hábitos noturnos.

     Uma de suas mãos tateava os troncos ao seu redor, e a outra apertava o seu peito acelerado de forma que amarrotava suas vestes.

     Subitamente, gritos estridentes de pânico alcançaram os seus ouvidos com a força de uma batida de carro. Seu corpo enfraqueceu de imediato, a fazendo contorcer o rosto. Ela apertou os ouvidos com as mãos e se agachou indefesa.

     Junto aos gritos de terror, barulhos de chamas começaram a crepitar, vindos da mesma região.

     — F-fogo? — se perguntou com os lábios trêmulos.

     Ao se levantar do chão com o pouco de força que restava em seu corpo trêmulo e desesperado, notou inúmeras silhuetas ao redor de uma grande fogueira. Estavam uma grande clareia no meio daquele bosque denso. Havia tanto fogo que seus olhos sequer eram capazes de se manter abertos. Focando o olhar sobre o fogo, ela viu dois olhos de falcão a observarem e um grande piado de pássaro.

Bruscamente, todos ao redor da fogueira foram engolidos por uma onda de chamas avassaladora e destrutiva, vindas diretamente da fogueira. A garota gritou em agonia e sentiu todo o seu corpo ser carbonizado, em uma fração de segundos.

"Satrina, está tudo bem?" Uma voz masculina, com um fundo meio robotizado por conta do comunicador, foi ouvida em um pequeno aparelho no ouvido da filha de Apolo. Ofegante, Satrina olhou para as próprias mãos no peito. Quando se viu sentada em uma vã tecnológica e confortável, relaxou o corpo no banco e encostou a cabeça no assento. Recobrando seu fôlego, ela olhou para o lado de fora do veículo, parado e com a porta aberta.

Duas figuras conhecidas a aguardavam do lado de fora.

Tudo bem, Vergil. Ela já vai sair da vã. — A garota mais nova, parada do lado de fora, também podia ouvir a mesma voz em um aparelho similar fixado no seu ouvido. Se virou para a rua e observou os arredores detalhadamente. — Acha que esse é o lugar? Não tem cara de uma cidade de bruxas.

Atendendo pelo nome de Savannah, de Poseidon, a mais nova colocou as mãos na cintura e observou o ambiente urbano ao seu redor.

Seus cabelos era bem cortados um pouco acima dos ombros tão lisos e escorridos quando um rio constante acastanhado. Tinha um olhar inocente e a face demarcada por um pequeno sinal na bochecha, bem próximo do seu nariz.

Ao seu lado, havia outra garota. Porém, esta era levemente mais alta e bem mais velha, com uma notável aura impaciente em sua postura.

É melhor ser. Vem logo, Visões da Raven — disse a outra, com uma atitude completamente diferente da de Savannah.

Stacy era uma filha de Ares um pouco incomum, visto o seu tamanho corporal ser tão distinto dos irmãos e irmãs. Apesar dos olhos claros e vivos como os do Senhor da Guerra, o que mais chamava atenção em sua aparência eram os cabelos tingidos violentamente de rosa chiclete, em contraste com suas roupas escuras.

Pode levar, Vergil — disse a que tinha mais atitude.

Assim que Satrina foi puxada para fora da vã pela filha de Ares, o veículo se pilotou remotamente para longe da visão delas.

Inquisição Meio-sangue - Ato IOnde histórias criam vida. Descubra agora