Capítulo 02: Problemas no Riacho de Zéfiro.

77 13 82
                                    

Capítulo 02: Problemas no Riacho de Zéfiro.

Acampamento Meio-sangue, Long Island.

É quase que um consenso geral de que a primavera é a mais linda das estações do ano no Acampamento Meio-sangue. As flores brotam por todos os lados, as águas estão mais quentes depois do degelo do inverno, e as criaturas mágicas correm livres pelos campos daquele belo refúgio para semideuses de todos os tipos.

Marie, filha de Íris, era uma das que não perdia a oportunidade de aproveitar as brisas frescas de Zéfiro, o deus vento oeste da Primavera. Dona de belos cabelos escuros ondulados e olhos castanhos tão brilhantes que refletiam as cores que a cercavam como um espelho colorido, a prole francesa da deusa do arco-íris era uma das conselheiras do acampamento mais disposta a ajudar os outros como podia.

As vezes se sobrecarregava de tarefas, ou recebia reclamações demais, mas gostava de tirar alguns minutos do seu dia para relaxar nas brisas de Zéfiro. Tal divindade dos ventos tinha até mesmo um riacho que leva o seu nome, que atravessa o acampamento é o lar de inúmeras náiades, amáveis espíritos de água doce.

Uma de cada vez, pelo amor de Zeus! Silêncio!!! — Por uma ironia do destino, Marie estava cercada dessas criaturas nesse exato momento. Acabou ofegante do tanto que teve que elevar a voz para acalmar aquela multidão de ninfas. Todas se calaram, mas continuavam com rostos aflitos. A filha de Íris arrumou os próprios cabelos e respirou fundo, sorrindo. — Você, me diz o que aconteceu. — Apontou para uma ninfa.

Porém, o espírito da água permaneceu em silêncio.

ELA FICOU MUDA! — respondeu uma voz ao fundo daquela multidão de Náiades.

Então você. — Marie apontou para outra, com um sorriso no rosto apesar de toda aquela confusão. A ninfa selecionada não falou nada. — Vamos, não se acanhe.

ESSA FICOU TÍMIDA! — A mesma voz se pronunciou outra vez.

Oras, como pode isso? — Com uma sobrancelha arqueada, a francesa chamou à frente a ninfa que berrava nos fundos. — Com calma, me diga o que aconteceu, sem gritar ou se exaut...

O RIACHO DE ZÉFIRO ESTÁ SECANDO!! — interrompeu a fala da semideusa, mordendo as próprias unhas de suas mãos trêmulas. Seus pés estavam inquietos no chão, dando pequenos pulos. Com a respiração muito acelerada, tentou se conter e reestabelecer antes de prosseguir. — NOSSAS FORMAS FÍSICAS NÃO FUNCIONAM DIREITO, VAMOS FICAR SEM CASA, AQUATA FICOU MUDA, ONDINA FICOU TÍMIDA, EU FIQUEI ANSIOSA, SE NÃO RESOLVER O PROBLEMA VAMOS TODAS FICAR DEFEITUOSAS E LOGO LOGO MORRER!!!

Com os olhos arregalados, a filha de Íris passou pelo menos cinco segundos com a boca entreaberta e uma expressão travada na cara, com um sorriso forçado para não deixar aquelas ninfas mais assustadas do que já estavam. Então, juntou as mãos com calma e olhou ao redor. Precisava calcular suas palavras cuidadosamente para não assustar mais ainda os espíritos da natureza.

Eu estou muito ocupada com outros problemas no momento, e olhar o Riacho de Zéfiro todo até achar o que está acontecendo vai demorar um pouquinho demais — falava pausadamente, dando passos suaves para trás com as mãos levantadas com as palmas apontadas para as ninfas. Um pouco nervosa, Marie olhou para os lados procurando alguma solução rápida. Quando seus olhos bateram em um chalé vazio, ela sorriu assim que uma solução provisória veio na sua cabeça como um estalo. — Podem ficar naquele chalé até eu ter tempo de ajudar vocês. Até o final do dia, ou mais tardar amanhã, eu consigo descobrir o motivo do Riacho de Zéfiro estar secando, tudo bem?

Inquisição Meio-sangue - Ato IOnde histórias criam vida. Descubra agora