Prólogo

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O som estrondoso da explosão, a chuva, a dor das feridas em seu corpo, e as lembranças daquele dia intenso, pairavam incertas sobre o subconsciente daquele homem. Uma noite ou outra, memórias perdidas ressoavam em sua mente, atormentando seu sono, angustiando seu peito de amargura e temor. Fazendo ansiar por algo, que não sabia bem o que era. . .

(. . .)"

 Ei, você tá vivo??!!"

Essa voz. . .

"— Levi?!"

voz tão familiar. . .

"— Ele está morto . "

"—Eu sei checar o pulso dele. . .Então deixe-me dar uma olhada."

"— Tch."

"— Tem alguma coisa errada com esse titã!"

"—Argh!"

"—Levi não vai ser aqui. . .Não é aqui que a gente se separa. . ."

"Não?"

". . . De quem é essa voz?"

Perguntava o homem a seu próprio subconsciente, despertando bruscamente dentro de sua viatura. Ofegante e atordoado, passou as mãos por seus cabelos exarcados de suor tentando voltar a realidade depois de mais um dos seus sonhos perturbadores.

Não era a primeira vez que sonhava com coisas daquele tipo, e para não entrar em paranóia, preferia apenas ignorar e focar no que realmente importava : Seu trabalho.

Levava duas semanas investigando dois casos simultâneos, de tráfico de drogas no subúrbio da cidade, e provavelmente havia pegado no sono uma vez mais, depois de ficar várias e várias horas esperando a perfeita oportunidade para finalmente prender o maldito traficante. 

E, talvez não tivesse passado tantas noites em claro, se o seu parceiro não tivesse negligenciado tantos dias de trabalho.

Chales Cooper. Era o nome do problema. 56 anos, 1,73 de altura e nenhuma pisca de responsabilidade. Nos últimos casos que trabalharam juntos, Levi havia feito praticamente 90% do trabalho, enquanto seu velho parceiro, apenas participava de pequenas intervenções ou prisões.

— Tsk, o que esse merda da pensando. . .por isso que eu odeio trabalhar com gente folgada. — praguejou, após sua vigésima tentativa em localizar Charles. Tinha gastado pelo menos 50% do saldo do mês tentando ligar para o amigo.

" Se estiver bêbado em algum bar de quinta, eu vou estourar seus miolos velho. . ." — pensou Levi tentando realizar uma nova chamada, como se desse um último grito de misericórdia a aquele que agora considerava  um velho irresponsável.

— Merda. — bufou, junto ao volante, irritado. O celular apenas chamava.— Melhor  chamar o reforço.

. . .

Do outro lado da linha, a mão desfalecida de Charles, cobria parcialmente a tela do celular. Cooper acabara de dar seu último suspiro. Estava morto, enquanto seu assassino rodeava minuciosamente seu corpo, raciocinando como fazer aquele crime, parecer uma simples e inevitável fatalidade do destino.

— Que tal um tombo? Velhos vivem tombando por ai, não? Principalmente se estiverem bêbados. 

Zombou, enquanto tomava um pequeno gole de Whisky. A noite estava fria, e o vento gélido batia em seu rosto com frequência. Era a cena perfeita para mais um crime perfeito. O que podia dar errado esta vez?


No dia manhã seguinte, Erwin Smith havia recebido o comunicado da morte de seu subordinado junto com um pequeno saco com as evidências recolhidas pela perícia.

O celular com a tela trincada, uma caneta dourada de ponta mediana, e a intrigante caderneta aberta em uma página em particular com uma lista que particularmente, não queria dizer nada aos olhos do experiente homem da policial.

V. P √

V. LM√

L.

Erwin, suspirou com pesar, e não demorou muito para fazer sua primeira pergunta :

— Já sabem a causa da morte? — Questionou o loiro, ao policial que lhe acabara de reportar a tragédia.

— Sim senhor. O corpo está sendo analisado pelo nosso melhor legista, mas ao parecer o velho Charles morreu por morte cerebral devido a um traumatismo craniano. — explicou, o homem, prontamente.

— Entendo, me avise quando o laudo médico ficar pronto. Isso é tudo, obrigado.— disse Erwin por fim dispensando os serviços do oficial.—

— Sim senhor. — o homem assentiu levemente, e saiu em silêncio da sala do comandante com um semblante melancólico devido a perda de mais um colega de farda.

— E agora. . .como eu vou dar essa notícia ao Levi.

Perguntou o loiro a si mesmo, raciocinando a melhor maneira de informar a morte de seu subordinado ao seu companheiro de equipe. Levi não era o tipo de pessoa sentimental, mas com certeza, perder o seu parceiro de trabalho o deixaria inconformado.

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