Levi nunca gostou de hospitais, e isso desde moleque. Paredes claras, odor de éter no ar em um ambiente totalmente deprimente ao redor. Até a iluminação neste tipo de local, lhe causava um incômodo em seus olhos. Era sufocante. Apesar disso, o capitão estava internamente agradecido. Poderia estar em um lugar muito pior. Um lugar onde a esperança já não mais existia.
Tch. . .— foi o único som que emitiu os lábios do capitão naquele instante. A impaciência por notícias e o estranho desejo de questionar as últimas ações do superior, o fizeram optar pelo silêncio. Sim. Era o melhor e mais sensato a se fazer no momento. Assim, certamente não correria o risco de ser expulso do hospital, ou perder seu estimado distintivo.
Faziam exatas 2 horas que Levi esperava junto a Erwin na sala de espera, e tudo que sabia até o momento, era que a tenente havia levado um tiro no braço durante uma das missões de alto escalão do FBI.
E com isso, naturalmente Zoe ficaria fora de combate algumas semanas, ou na pior das hipóteses, dois mês. Porém aquilo não era a única coisa que afligia a mente do capitão em meio ao seu espectral silêncio.
Levi havia tido um pesadelo com Hange, e de certa forma, aquilo parecia ter se tornado real. O estava sufocando.
Por mais que avaliasse as circunstâncias em sua cabeza, Levi não conseguia enxergar algo lógico. O que era aquilo, afinal? Algum tipo de premonição? Um fato realmente relevante que deveria ser levado em conta? Ou os dias que passou na companhia de Hange haviam afetado seriamente sua saúde mental, a ponto de criar paranóias esquisitas sobre simples coincidências do destino?
"Não, isso é loucura." É um simples acaso ". Pensou.
Levi era muito cético para acreditar nesse tipo de coisas.
Não demorou muito para o som dos passos lentos e firmes do médico preencherem o local, alertando comandante e subordinado de sua presença. A espera finalmente havia chegado ao fim.
— Como ela está, doutor, Yaeger? — perguntou Erwin cordialmente, levantando-se de seu assento. Estava se sentindo culpado diante da situação, afinal, Zoe estava ali porque ele a havia designado para uma missão sem prévio aviso.
— Ela está bem. Como esperado, a cirurgia foi um sucesso. A bala não causou muitos danos aos tecidos da pele e não atingiu nenhum dos ossos principais. A recuperação será rápida. Disso não tenho dúvidas. — respondeu o médico com um fino sorriso no rosto, o qual trouxe certa tranquilidade ao coração do comandante. Ao menos, não havia sido nada sério.
— E. . .podemos vê-la? — solicitou o loiro logo em seguida lançando um olhar de esguelha a Levi. Ao aparecer a expressão aborrecida nas feições do capitão, haviam se dissipado um pouco com as boas novas do médico.
— Eu não recomendo. A senhorita Zoe está sedada, é muito provável que durma até o amanhecer. — alertou o doutor, procurando não parecer grosseiro. Depois de uma cirurgia como aquela, tudo que sua paciente precisava era de um bom descanso para se recuperar. Visitas não lhe ajudariam em nada.
— Você está certo Grisha, é melhor deixá-la descansar por hoje, não é Levi? — determinou Erwin na intenção de apaziguar as coisas com o amigo.
— . . . . .
Levi não o respondeu, apenas deu os ombros em sinal de resignação.
Erwin revirou os olhos, afinal não esperava aquele tipo de reação hostil por parte do seu melhor subordinado. Ao parecer, o jeito peculiar e caloroso de Hange tinha conquistado o coração gélido e quase impenetrável de Levi, muito mais rápido do que ele havia imaginado.

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Dupla perfeita
Mistero / ThrillerLevi Ackerman é um policial perturbado por estranhos sonhos e pesadelos. Com a enigmática morte do seu parceiro de trabalho, é obrigado a trabalhar ao lado de uma excêntrica e peculiar mulher, que lhe causa estranhas sensações de nostalgia.