Trauma | Chris Evans

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𝒞𝒽𝓇𝒾𝓈 𝐸𝓋𝒶𝓃𝓈
    𝓉𝓇𝒾𝑔𝑔𝑒𝓇 𝒶𝓃𝒹 𝓉𝓇𝒶𝓊𝓂𝒶 

𝒞𝒽𝓇𝒾𝓈 𝐸𝓋𝒶𝓃𝓈     𝓉𝓇𝒾𝑔𝑔𝑒𝓇 𝒶𝓃𝒹 𝓉𝓇𝒶𝓊𝓂𝒶 

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GATILHO!!!

" Não conseguimos reverter o quadro, o feto já estava morto. "

Aquelas palavras batiam sobre minha cabeça como um martelo de metal, minha alma estava despedaçada, assim como o meu coração, meu corpo e minha mente. Aquela sala gélida me assustava mais ainda, o barulho do líquido caindo sobre minhas veias eram quase que um estrondo para mim. Eu sentia dores, tanto físicas como psicológicas, e cada caminho que meus olhos traçavam dentro daquele quadrado minúsculo era em busca de que algo ainda estivesse batendo dentro de mim.

— Deus, você deve me odiar...

A sensação de ter deixado de existir era evidente, eu não estava mais ali, eu estava em um complexo estado que me levava direto para o dia da minha morte em vida.

— Esperamos que você consiga o extrair do seu corpo naturalmente, caso o contrário teremos que levá-la para a curetagem.

Parecia que falávamos de algum pedaço de carne que estava apodrecendo dentro mim, aliás, aquilo para eles era exatamente isso. Um grande pedaço de carne que não obtinha mais nenhum tipo de sinais vitais.

— Extrair? — A voz em um sussurro mórbido ecoa sobre a sala.

— Sim, você tem até 42 horas para isso. Já está medicada, a dor passará em breve.

— O remédio não fará efeito, minha dor é na alma.

CHRIS

Os dias tiverem que se seguir, não como queríamos, mas seguiamos como podíamos.

A dor de perder um filho é irreparável!

S/N havia se tornado um robô, estava vivendo no automático. Ela não se alimenta, fala, conversa, sequer saia do quarto. Aquele era o refúgio que a mesma criou diante de toda aquela infeliz situação. Se me perguntarem do porque estou me comportando como "alguém que não está sentindo", eu não digo que estou agindo como se não sentisse, eu estou tão despedaçado quanto a própria, mas naquele momento eu só precisava ser forte, segurar toda aquela barra por nós dois.

O pequeno corpo daquela mulher não havia sido capaz de fazer todo aquele doloroso processo sozinho, por isso digo que a curetagem a matou ainda mais. A anestesia não foi capaz de apagar a imagem de uma espátula retirando um dos maiores sonhos de sua vida, morto, de dentro dela.

{...}

— O dia está tão lindo lá fora, vamos sentar um pouco no jardim?

Faço aquela pergunta já sabendo a resposta.

Ela nega com a cabeça, estava sentada sobre a poltrona que ficava de frente a janela. Em seus olhos haviam olheiras de quem não dormia a dias, eu já não sabia o que fazer, precisava salvá-la.

— E porque não?

Eu me sento na cama ficando frente a frente com a mesma. S/N ainda usava o mesmo hobby vermelho, era um dos seus preferidos.

Foi nele que sentiu o seu menino mexer pela primeira vez.

Ela abre a boca como se quisesse falar algo, mas desiste logo em seguida.

— Eu preciso ouvir novamente a voz da mulher que amo.

— Da mulher que amo?

Fico surpresa com a fala repentina.

— Eu matei o nosso filho, você deve me odiar, assim como eu me odiarei pelo resto de minha vida.

Fecho os olhos aos sentir aquelas duras palavras em meu ouvido, minha garganta também seca repentinamente.

— Nunca mais diga isso! — Minha voz era falha. — Tudo isso que aconteceu e ainda está acontecendo são incidentes, terríveis e dolorosos incidentes.

— Não fui capaz de deixá-lo em segurança, eu fui uma fraca. É assim que chamam as mulheres que sequer conseguem seguir com uma simples gestação.

Aquilo me doía, eu me segurava tanto para não desabar aos seus pés e chorar, chorar até não ter água o suficiente sobre o meu corpo.

— Christopher, me perdoe....

Ela se levanta cambaleando em minha direção. Eu a pego pelos braços para mantê-la de pé.

— Eu estraguei, eu destruí, o maior sonho de sua vida.

Lágrimas embaçam minha vista involuntariamente, eu havia chego no meu ápice.

— A culpa não foi sua. — Eu seguro o seu rosto para que olhe pra mim.

Os seus olhos castanhos e vazios estavam vermelhos também.

— S/N, você é a mulher mais forte que eu já conheci na vida, e você não sabe o quanto me quebrou te ver se afastando de mim daquele jeito. Eu não te culpo, nunca o faria, isso é tão dolorido para você quanto para mim. Eu não quero o seu afastamento, só preciso de você comigo, preciso de você nesse barco, quero que reme junto, não foi isso que prometemos no altar?

Ela soluçava, lhe faltava ar, estava tão fragilizada quanto antes.

— Eu te amo mais do que a mim mesmo. Você, você é a mulher da minha vida!

— Me desculpa...

Os seus lábios desenham as palavras, ela já não tinha mais voz para emitir qualquer som.

— A única pessoa com quem você deveria se desculpar no momento é consigo mesma.
A S/N não merece oque a própria S/N está fazendo com ela.

Ela de repente se afasta de mim indo em direção ao banheiro. Eu a sigo com atenção, não sabia exatamente o que passava na sua cabeça nesse momento.

S/N se apoia na pia com a cabeça abaixa, e as poucos a ergue até encontrá-la no espelho.
Ela toma um certo susto ao enxergar o próprio reflexo.

— O que essa mulher ai merece?

Eu a seguro pela cintura para encorajá-la, ao menos tentar.

— Desculpas. Desculpas. Desculpas.

Lágrimas continuam a rolar pelo seu rosto, sei ela precisava daquilo, era libertador para um corpo que já havia sofrido um trauma daquele porte.

— Chris, eu te amo.

Nossos olhos estavam juntos diantes do espelho, nem ousava em separá-los.

— Eu também.

Beijo o topo de sua cabeça sentindo o seu cheiro quente invadir minhas narinas.

 𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞𝐬 | 𝐃𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐨𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora