Criminal Love//Pjm+Jjk//Jikook

•39•

♧Park Jimin♧

Sexta-feira, um dia antes do casamento.

Jungkook e eu havíamos passado a semana resolvendo coisas da empresa, e finalmente estava tudo pronto. Já estava tudo em nome do novo proprietário. Mas meus assuntos aqui em Busan ainda não haviam acabado, restava uma coisa... A casa dos meus pais.

Taehyung também teria de resolver algumas de suas coisas aqui, por isso ele, Hoseok e Namjoon viriam hoje mesmo para cá. Nos encontraríamos com eles apenas no final da tarde, porque pelo que o Jeon havia me dito, Woobin ligou pedindo que estivéssemos todos presentes em sua casa, na noite de hoje.

No momento, o lúpus e eu estamos no carro, indo até minha antiga casa. Eu me sentia aflito, pois não seria algo fácil de se reviver. Meu intuito é apenas pegar minhas coisas e o resto, Jeon disse que pediria a alguém para vir por em caixas e levar a algum centro de doações, para que possamos vender a casa.

Assim que estacionamos e descemos do carro, fiquei parado em pé na calçada, olhando fixamente para o jardim e a estrutura da casa, lembrando de quando Taehyung e eu brincávamos ali.

- Se sente bem para fazer isso?- Jungkook perguntou, colocando uma mão em meu ombro.

- Não muito, mas é necessário.- suspirei e segui em frente. Ele apenas vinha atrás de mim.

Juntando todas as forças que tinha, atravessei o jardim e peguei as chaves em meu bolso. Após destrancar a porta, abri-a devagar e olhei um pouco em volta. Tudo continuava igual desde que saí dali, a única diferença era a poeira que tinha por todo o lado. Conforme andava e olhava em volta, lembrava de pequenas coisas, que faziam a diferença.

Ao passar pela cozinha, meu coração apertou. Era tão diferente e doloroso não encontrar minha mãe ali, fazendo os doces de sempre...
Passando pela sala, a angústia bateu mais forte, por não ver meu pai ali, sentado em sua poltrona lendo jornal, ou trabalhando em seu computador.

Cada vez eu compreendia mais meu medo de estar aqui. Meu medo era ver a realidade. Estando aqui a falta dos meus pais se torna algo real. A morte deles foi uma ferida que eu lutei para que não se cicatrizasse, pois uma cicatriz mostra e nos lembra de que algo aconteceu. E eu preferia não lembrar da realidade para não sofrer com ela. Fiz isso minha vida toda, com vários problemas diferentes, exatamente por isso minha paixão eram os livros. Eles me faziam esquecer que o mundo existia...

Balancei a cabeça em negação, e continuei andando até as escadas. Não queria chorar agora, então não olhei mais para os lados até chegar em meu quarto. Jungkook apenas me seguia. Creio que ele não saiba se deve tentar me confortar ou se deve ficar em silêncio.

Olhando em meu quarto, não haviam tantas coisas que eu quisesse pegar... Achei uma mala no closet e usei-a para colocar alguns livros que ainda estavam em minha estante, coloquei algumas roupas que ainda estavam nas prateleiras e que tinham algum significado especial, peguei também alguns itens aleatórios que eu simplesmente gostava, e ao terminar, fechei-a e arrastei para fora do cômodo.

Eu realmente queria apenas pegar minhas coisas e sair dali, mas ao passar em frente ao quarto dos meus pais, a porta estava aberta. E não consegui me conter, quando vi já estava ali dentro. Passei a olhar tudo em volta, cada detalhe, cada coisa que meus pais haviam deixado do jeito deles, as últimas coisas que fizeram...

Ao encarar a cômoda branca, que ficava em baixo da janela, vi que tinham algumas coisas em cima dela, mas o que me chamou a atenção foi algo em específico.

Achei o livro que minha mãe estava lendo por último, com um recibo ficando amarelo, ainda dentro dele, marcando onde ela parou. E ali me dei conta de que ela nunca vai terminar esse livro... Nunca vai começar ou terminar outro novamente, não irá ver se algum dia eu me formar na faculdade, não irá conhecer o amor da minha vida, não irá estar presente no meu casamento... Nós não vamos nunca mais sentar na varanda dos fundos e contar histórias de fantasmas com xícaras de café fumegante. Nunca mais.