Dreams (2)

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- O que você está fazendo parada aí olhando o calendário?
- 2025? Estamos em dois mil e vinte cinco...como isso é possível?
- Seher olha pra mim. (ele me segura pelos ombros e me olha com a expressão preocupada) - O que você tem? Porque tá falando essas coisas estranhas? Você tá me deixando preocupado.

Ah é simples, eu viajei no tempo e acordei nua, e em um quarto estranho, em seguida descubro que tenho um homem lindo que me deseja, e então...descubro que ele me chama de amor, que quer ficar trancado o dia todo comigo no quarto, que ele conhece o meu corpo até melhor do que eu, descubro que  amo o gosto do beijo dele...e isso tudo depois de viajar cinco anos a frente no tempo.

Se eu tivesse mesmo falado assim, eu sei que ele ia me internar em alguma clínica psiquiátrica, se fosse o contrário é o que eu faria, mais tive que forçar os lábios um contra o outro, para que esses pensamentos não saíssem em voz alta.
Ele continua me olhando preocupado, mais alguém novamente nos chama.
- Senhor Yaman, desculpe novamente incomoda-los, mais a senhora Hulya e o Senhor Emir querem saber se vão demorar.
- Já estamos indo Cenger...

Ele pega em minha mão e só na maneira dele olhar, eu entendo que essa conversa ainda não acabou, mais que ficará para outro momento.

Ando com a mão entrelaçada a dele por aqueles corredores largos, tudo é novo e ao mesmo tempo tão intimamente familiar, eu nao sei de verdade que doideira é essa que estou vivendo, fico tão distraída olhando tudo em volta que quando me dou conta, já estamos na sala com duas silhuetas de pessoas bem conhecidas me olhando.
Lá estão eles...Hulya e Emir, nos esperavam com um sorriso nos lábios.
- Yaman finalmente...
Emir parece aliviado em nos ver, e já vai logo apertando a mão do Yaman.

Yaman, esse é o nome dele...o meu sonho tem nome, é um lindo nome, tanto quanto ele.
Emir apenas acena cordialmente pra mim, mais não me toca, seu olhar é diferente, não tem mais o interesse de antes, ou a menor intenção de qualquer sentimento.
Hulya me abraça forte, pelo menos isso não mudou, e eu me sinto de alguma forma mais aliviada mesmo ainda não entendendo nada.
- Querida Seher, você está cada dia mais linda, não é a toa que seu marido te ama tanto.
- Então ele é o meu marido mesmo?
- Como?
- Não é nada...só pensei alto.

Não, eu não ia jogar essa loucura toda no colo de Hulya, tenho que me acalmar e tentar entender o que houve, pra isso preciso observar, saber que vida é essa, que universo é esse onde vim parar.
Nos sentamos enquanto um homem chamado Cenger, que presumo ser um funcionário, nos trás café.

- Trouxemos a lista de escritores para aprovação, temos que pensar em quais vamos convidar para a inauguração da nova livraria.

Yaman pega a lista das mãos de Emir, e inclina o corpo em minha direção para que eu possa ver.
- Algum escritor ou escritora em especial, que você queira conhecer?

Meu Deus eu não sei o que dizer, ali naquela lista tem escritores que eu sempre quis conhecer...mais espera aí, sou eu?..Quer dizer nós que escolhemos? A dúvida paira em minha mente, sempre achei que esse tipo de coisa fossem os donos que decidissem...uau, será que nós somos os donos?...Eu decido perguntar de um jeito sutil pra entender.
- É bem difícil, todos são excelentes, nós temos mesmo que decidir?
- Mais é claro, a livraria é de vocês, vocês precisam resolver isso.

Hulya me fala com um sorriso largo e bem humorado.
Que virada foi essa, eu que até ontem era uma simples funcionária de uma livraria, hoje acordo já tendo um marido lindo, e ainda sendo dona de livrarias.
Ao longo da conversa descubro que Emir e Hulya são casados, e nossos amigos e sócios de longa data.
Passo a maior parte do tempo em silêncio, apenas observando e tentando absorver o maior número de informações possíveis, mais Hulya percebe que estou diferente, e inventa a desculpa que precisa de uma ajuda feminina, pra me tirar da presenças dos homens, e ficar a sós comigo.

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