• I just listened to my heart

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          O concurso de moda havia acabado de terminar, sendo transmitido pelas rádios de todo o Campo dos Goytacazes e regiões próximas. Tudo corria maravilhosamente bem e estava sendo um sucesso para a Tecelagem, deixando os sócios Eugênio Barbosa e Violeta Camargo mega felizes.

          —Ela é a minha esposa! - praticamente no fim da tarde, ouviu-se o grito. —Violeta Camargo Tapajós é a minha esposa!

          Matias havia fugido de casa para invadir o evento. Tudo isso porque escutou pela rádio o locutor do evento anunciar Violeta como esposa de Eugênio. Em alguns dias, ele sequer lembrava quem era ela. Hoje, especificamente, o ciúme resolveu surgir.

          Ele andava praticamente marchando, como gorilas gigantes de filmes de animação e aventura. A mulher com nome de flor estava estática; sua boca entreaberta e as suas mãos pareciam começar a tremer.

          —Quem você pensa que é? - apontou o dedo para o sócio de sua mulher, se aproximando cada vez mais dele. —Quem você pensa que é para se apresentar como marido da minha mulher? - Violeta se colocou no meio deles, sabendo já do que se tratava aquela fala.

          —Calma, Matias... foi um mal-entendido... - ergueu as mãos como se com esse gesto conseguisse o fazer parar ou tranquilizar, mas foi em vão, ele a empurrou para o lado.

          —Estou falando com ele. - olhou novamente para Eugênio, que tinha olhado para Violeta preocupado ao vê-la sendo empurrada. Matias chamou novamente a atenção de Eugênio. —Não é capaz de falar? Não é capaz de me enfrentar? Tens medo? - usou um tom de ameaça, se aproximando dele pronto para batê-lo. Ao levantar a mão, Leônidas se aproximou, ofegante por tanto correr.

          —Seu Matias, vamos. - o segurou por trás, pelo braço que iria usar para bater em Eugênio se necessário. Violeta havia se sentado, assustada e chateada. Heloísa tinha as mãos em seus ombros, a ‘confortando’.

[...]

          Eugênio tentou diversas vezes esclarecer o mal-entendido, mas Matias não lhe quis dar ouvidos. Leônidas também tentou, mas pela força do marido de Violeta acabou saindo machucado. Os “homens de branco” e Leônidas levaram Matias para casa.

          O pandemônio havia se instalado e não tinha mais clima algum para comemorações pelo concurso de moda. Violeta deixou Heloísa, alegando que queria ficar sozinha.

          —Por favor, se puder amanhã... eu não quero ver ninguém agora. - falou, ao escutar alguém dar três batidas na porta.

          —Nem a mim? - Eugênio abriu a porta, e ela nada disse, mas o olhou. Era o passe-livre para que ele pudesse entrar. Tinha um copo de água em mãos. —Heloísa me disse que queria ficar só. - a entregou o copo, arrastando a cadeira para se sentar de frente para ela. —Mas eu posso atazanar seu juízo, te deixar de cabelos em pé... só não posso te deixar sozinha. - ainda que fraco, ela sorriu de lado e revirou os olhos.

          —Eu lhe peço desculpas, Eugênio. - colocou o copo no criado mudo. —Eu não sei mais o que fazer. - sua voz embargou e ela não demorou muito para voltar a chorar.

          O coração do homem ficava do tamanho de uma ervilha ao vê-la assim. Ele preferia mil vezes que ela discutisse com ele, o xingasse, até o batesse. Porque para ele já não existia dor pior que ver Violeta tão angustiada, sem poder fazer nada. Era o que ele pensava.

          Sem dizer uma palavra, ele se sentou ao lado dela no sofá, a puxando para deitar a cabeça em seu ombro.

          Ela soltou um suspiro.

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