• I know that I love you

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          Todas aquelas discussões e alfinetadas eram o único jeito de camuflar todo aquele sentimento. Ele insistia em acreditar que não era só nele que pensava nisso.

          Ela, por outro lado, não sabia exatamente o que sentia. Ou talvez, sim, soubesse. Só não queria mesmo era admitir. Talvez fosse um de seus maiores problemas. Mas não iria demorar para ela reconhecer.

          —Pombas, Eugênio! - bufou. —Parece que o senhor tem o prazer de me irritar, de me tirar do sério.

          —Eu te tiro do sério? - arqueou uma de suas sobrancelhas. —Há de concordar que é a senhora quem não perde a oportunidade de me espinafrar.

          Ela o olhou, com uma expressão totalmente debochada e respirou fundo para lhe responder.

          —Se veio aqui logo pela manhã apenas para tirar a minha paciência... - se aproximou da porta, a abrindo. —Eu sugiro que saia daqui. E que vá lamber sabão!

          —Mas... - ela só precisou o olhar, mais uma vez, com seu olhar autoritário e imponente. —E você, vá pentear macacos! - e saiu da sala de Violeta, batendo o pé.

          Há dez anos eles mantinham essa relação de cão e gato, mas o quanto estavam se bicando nos últimos dias não era normal. Violeta estava muito mais irritada com ele do que de costume, desde que havia ido jantar em sua casa, estragando os planos de Úrsula, que planejava algo romântico. Ela tentou ignorar aquilo, mas depois que Heloísa comentou da possibilidade de Eugênio se acertar com a mãe de seu afilhado, ela se sentiu incomodada.

Eu tenho medo
de te dar meu coração
E confessar que
eu estou em suas mãos
Mas não posso imaginar
o que vai ser de mim
Se eu te perder um dia

          Eugênio teve o breve pensamento de julgar que ela estava com ciúmes. Mas, mesmo assim, preferia pensar que tudo era uma paranóia dele, uma ilusão; alimentada pelos sentimentos muito intensos que nutria por sua sócia. Ele queria realmente entender o porquê de ela estar tão irritada.

          Ela também queria. Ela queria ver que todas aquelas cenas que estava fazendo não eram ocasionadas pelo sentimento que ela mais temia sentir. Principalmente por ele. Céus, mas, por quê havia de ser logo por ele?

          Ele era um furacão em sua vida, mas era também a calmaria. Talvez na mesma equivalência.

          As brigas e discussões serviam para a tentativa que eles tinham de esconder aquilo, fingir que não existia. Pareciam dois adolescentes que pensavam confundir as coisas por conta de uma proximidade.

          Até mesmo as ofensas, eram todas desculpas para que eles não se envolvessem ainda mais do que já estavam envolvidos.

Eu me afasto e me defendo de você
Mas depois me entrego
Faço tipo, falo coisas que não sou
Mas depois eu nego

          Nenhum dos dois falaria. Eram dois teimosos, dois... cabeças de bagre. Julgavam ser tão diferentes um do outro, mas no fim, eram tão iguais em diversos aspectos.

          Violeta estava com ciúmes. A própria já havia notado aquilo. O que só reforçava sua ideia de que “existe pessoa mais bocó que o Eugênio quando o assunto é amor?”

          Mas, espera aí.

          Quando o assunto havia se tornado amor?

          Amor é uma palavra muito forte.

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