Capítulo 02

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     Haviam se passado três dias, e Alicia insistia em continuar em seu quarto. Os criados levavam suas refeições, e mesmo que algumas criadas  se oferecessem para preparar seus banhos ou ceder qualquer outro serviço de companhia, eram dispensadas, de forma educada é claro. Minha rotina nunca tinha se tornado tão tortuosa como naqueles dias. Desde o primeiro raiar de sol, até o escurecer por completo, em todos os momento, ela não se ausentava de meus pensamentos. 

Está  se alimentado corretamente?

Tem tudo que precisa naquele quarto?

O que a assusta tanto, a ponto de nem se dar o luxo de sair de lá?

   E foi quando pensei que não aguentaria nem mais um dia, que fui informado, que minha esposa havia saído de seu quarto para caminhar no jardim. Me pus a estar lá, com mais rapidez que meu orgulho admitiria. 

- Fico feliz que tenha saído um pouco.

Declarei, a alguns passos dela, percebendo que ela mesmo já havia notado minha presença.

- O senhor tem um jardim muito bonito vossa graça.

- Obrigado, entrego todos os méritos a minha mãe. - Me aproximei mais alguns passos, até estar lado a lado com Alicia, que observava os lírios. - Ela sempre amou flores e quaisquer tipo de vegetação.

A ruiva sorriu um pouco, mas não retirou seu olhar das flores. 

- Deve ser uma mulher muito cuidadosa e delicada, suponho.

- Certamente, era uma mulher esplendida.

Seus olhar se elevou ao meu, os olhos carregando uma espécie de tristeza e compaixão contidas.

- Sinto muito, deveria ter me informado mais a respeito de sua   família. Para evitar ser indelicada desta forma.

- Não se preocupe. - Sorri um pouco, para tranquiliza-la. - Mesmo que tivesse buscado tais informações, não ouviria nada que carregasse muita clareza. Os Dambury nunca foram assunto de muito interesse da sociedade londrina.

- O que é um tanto quanto confuso. - Argumentou, tornado seu olhar para os lírios que desabrochavam. - Já que sua família carrega um ducado de muito respeito.

Dei de ombros, rindo com  um pouco de humor.

- Sempre fomos discretos, longínquos de todos os bailes ou festas do gênero. Os casamentos arranjados rapidamente , sem muito cortejo e nenhum escândalo. - A olhei pelo canto dos olhos. - Nunca fomos alvos de fofoca, por isso pouco falasse a nosso respeito.

- Carregam um bocado de sorte por isso vossa graça. - Seus ombros pareceram murchar um pouco. - Não vejo benefício algum em ser alvo dessas fofocas. 

- Seu pai me contou um pouco sobre seu debute. - Hesitei em dizer, com medo de que o assunto a ferisse de alguma forma. - Mas não entendi exatamente, o motivo de não a terem adorado.

Ela pareceu surpresa ,os olhos  amendoados e curiosos  chegaram aos meus novamente. 

- Não sou exatamente o modelo convencional de beleza britânica. - Sorriu um pouco, de forma meio amarga. - E nunca tive facilidade em criar laços, os cavalheiros tem pressa em se casar na alta sociedade. 

- Talvez não soe educado, mas acho que a senhorita deu ênfase ao motivo errado.

- E o que, o senhor que dizer?

- Sua beleza é notável, seus modos são exemplares e sua família tem um bom titulo. É claro que o único motivo pelo qual não tenha se casado na temporada, é a  imaturidade de seus pretendentes. A falta de resistência em ganhar o seu coração, suponho.

Um genuíno cavalheiroOnde histórias criam vida. Descubra agora