3.3 O uso das redes sociais:

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O ser humano necessita de interação social. O serial killer, embora seja frequentemente associado a distúrbios mentais que prejudicam sua sociabilidade, também interage nas redes sociais. A internet criou um canal que facilitou as relações entre as pessoas, muito por conta de propiciar o encontro de indivíduos com pensamentos semelhantes e que tem interesse em trocar informações sem que haja necessidade de exposição física ou plena identificação.

As autoridades policiais rapidamente perceberam que as redes sociais também passaram a ser utilizadas para finalidades escusas, ou seja, cometimento de crimes. Muitos criminosos, além de usar a internet para praticar crimes, também a utilizam para se vangloriar das atrocidades que cometem.

Fotos, vídeos e comentários de um suspeito, são fontes inesgotáveis para que os investigadores colham elementos necessários para traçar um perfil criminal ou obtenham uma prova conclusiva. Assim, o investimento em programas que transmitem alertas em razão do uso de determinadas palavras, postagem de específicas fotos, certamente trazem novas formas de prevenção e solução de crimes.

Some-se a isso a própria colaboração dos usuários dessas mídias sociais, pois é comum pessoas que sabem de alguma informação sobre os fatos a compartilharem ou mesmo também solicitarem colaboração de alguém que possa dar alguma pista sobre o ocorrido.

Contudo, o uso das redes sociais tem alcançado alguns pontos que merecem algum tipo de reflexão crítica. Por exemplo, tem se tornando corriqueiro que agentes policiais criem perfis falsos na rede ou mesmo violem o perfil de algum suspeito no caso de emergência:

Policiais do mundo inteiro começaram a usar sites como o Facebook para ajudar as vítimas a identificar criminosos e suspeitos... como uma ficha policial virtual. Alguns policiais adotam uma abordagem polêmica para conduzir investigações. Criam um perfil falso e se infiltram no site para se aproximar sigilosamente dos suspeitos e adicioná-los como amigos. Um estudo revelou que 10% dos perfis do Facebook são falsos. Embora tais perfis violem os termos de uso das redes sociais, não podem ser considerados totalmente ilegais. Provas coletadas desta forma por policiais ou outros agentes da lei podem ser apresentadas em um tribunal [...] Em casos emergenciais, quando há risco palpável de violência, as autoridades não pensarão duas vezes se devem ou não obter acesso imediato às informações de um suspeito numa rede social: farão uma solicitação de emergência [...] Recentemente, nos EUA, foi feito um levantamento com 1.200 funcionários de órgãos de segurança de nível municipal, estadual e federal que haviam utilizado plataformas midiáticas para solucionar crimes. Durante o estudo, quatro a cada cinco funcionários confirmaram o uso de rede sociais para coletar informações durante a investigação. A maior parte deles admitiu que as redes sociais os ajudava a solucionar crimes muito mais rápido do que antes (PARKER; SLATE, 2015, p. 244-245)

É indiscutível, então, que o acompanhamento das interações sociais ocorridas no meio virtual merece ser vista como mais uma forma de investigação dos crimes praticados, inclusive os dos assassinos em série.

A questão da privacidade dos usuários não é absoluta e cede ao próprio interesse imperativo de segurança coletiva quando um perfil virtual é criado com fim maligno. Não se pode permitir a existência de um ambiente em que supostamente existiria liberdade irrestrita para se praticar atos criminosos.

Há inclusive, necessidade de investimento para treinamento de policiais, para que tenham habilidade técnica para se infiltrar em ambientes mais obscuros, como as denominadas deep web, darknet e dark internet, que são áreas da internet que não são acessadas pelos meios convencionais e não alcançadas pelos sites de busca tradicionais, ou seja, um campo fértil para a atuação criminosa.

Portanto, as autoridades policiais podem e devem se infiltrar em comunidades, fóruns, que tenham como objetivo a divulgação de crimes, troca de informações entre criminosos, bem como, pesquisar informações de perfis suspeitos. É uma área investigativa que merece atenção e especial dedicação.

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