3.4 A confissão do assassino:

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Muitas vezes, a despeito de todos elementos probatórios obtidos durante a investigação, a condenação do assassino em série necessita de uma confissão.

Mas obter uma confissão não é tarefa fácil, pois normalmente um criminoso, inclusive os psicopatas, não tem a intenção de serem descobertos, prezam por sua liberdade e evitam assumir a autoria para evitar as consequências dos seus terríveis atos.

Por isso, o investigador deve saber com quem está lidando. Há uma importante exigência de que ele saiba dos detalhes do crime, da possível história por detrás dele e a constituição psicológica do suspeito.

Afinal, o serial killer é um criminoso que caminha assombrado por um turbulento passado que afeta o seu psicológico. E seguindo a lógica, nada mais sensato do que causar uma pressão psicológica para que o mesmo confesse os seus crimes.

Paul Roland descreve um roteiro a ser seguido nesses casos. Não se deve acusar o suspeito logo na primeira entrevista policial. Nesse primeiro momento o assassino estará na defensiva e dificilmente abrirá o jogo. Tanto ele quanto o investigador estarão um avaliando o outro. Por isso o assassino deve ser liberado após a entrevista, para ter a sensação de que não existe nada que o ligue aos crimes, mas obviamente, uma vigilância deverá ser posta em cima dele para evitar fugas ou cometimento de novos crimes.

Posteriormente, uma segunda entrevista com o suspeito deve ser realizada sob o argumento de serem feitas apenas perguntas de rotina. Mas desta vez o serial killer estará mais descuidado e arrogante, pois foi liberado da primeira vez e lhe foi avisado que somente seriam realizadas perguntas para complementar esclarecimentos do que foi dito anteriormente. Em razão desse novo cenário, o assassino ficará displicente e existem grandes chances de que relate algo indevido ou indique uma pista crucial.

Sugere-se, inclusive, que a segunda entrevista seja feita em condições desconfortáveis psicologicamente ao suspeito, como exemplo, a convocação para esclarecimentos durante o final do expediente, período em que psicologicamente as pessoas são mais suscetíveis à confissão em razão do cansaço. Além disso, sinalizar que está sendo trazida uma testemunha vital para o caso para ser ouvida também, mencionar que vários órgãos policiais estão investigando o caso e irão até o fim para desvendar o caso, também surtem efeito.

O uso de um cenário psicológico é tão eficiente que há inclusive sugestão de criação de um cenário teatral para ser obtida a confissão:

O cenário também pode ser colocado de forma tão dramática como se fosse um palco, com luz baixa e pilhas de arquivos sobre a mesa à qual ele estará sentado, todos etiquetados com seu nome. Mesmo que estejam vazios, darão a impressão de que há uma enorme quantidade de evidência contra ele. E para um toque final melodramático, a arma ou qualquer outro objeto significativo do caso deve ser colocado ao lado, de modo que ele tenha de virar a cabeça para olhá-lo. Se ele fizer isso, é sinal de que reconhece o objeto e que está ciente de que os detetives também conhecem o seu significado, embora não o tenham apontado ou feito qualquer referência à arma ou objeto

De outro lado, muitos investigadores, nesses casos, usam uma técnica denominada “penetrando no labirinto”. Por ela, o investigador busca ganhar aos poucos a confiança e respeito do suspeito e isso é feito através de confidências. O interrogador precisa demonstrar e convencer que está entendendo o motivo de o assassinato ter ocorrido e que está ali para ajudar o criminoso.

O entrevistador não pode demonstrar repulsa e nem que condena os atos ao ouvir as confissões, que normalmente são feitas em camadas e em pequenas etapas, pois caso contrário o laço psicológico de confiança será desfeito e a confissão prejudicada. É quase como se fosse uma conversa informal entre amigos de longa data. Muitas vezes o serial killer só quer o ouvir do investigador que ele sabe que tem problemas e a origem deles. Em razão disso é recomendado perguntas sobre fatos da infância e adolescência, pois são nessas épocas que geralmente ocorrem os eventos que dão origem ao comportamento homicida.

Em suma, como o comportamento homicida do assassino em série possui um fundo psicológico, o próprio uso da psicologia é uma das claras formas de se obter uma confissão.

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