xii. ᴍɪɴɪᴍᴀ ᴅᴇ ᴍᴀʟɪs [Att.]

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[Atualizado]

A luz violeta refletia nas plantas secas que se arrastavam pela parede e nos olhos azuis de Eden, enquanto as palavras de Viktor se tornavam um eco distante, abafadas e incompreensíveis. O som das vozes de Viktor parecia se dissipar no ar, sua mente absorvendo nada além de um murmúrio distante, como se estivesse ouvindo através de uma espessa cortina de névoa. O inventor, no entanto, estava implacável, ajustando o apoio no braço de Eden com uma precisão que parecia indiferente ao caos interno que o garoto sentia.

ㅤ— Entendeu? — Viktor perguntou, a voz firme, porém sem pressa.

ㅤ— ... A-ah, entendi, sim. — Eden respondeu, sua voz trêmula, mas vazia, tentando parecer mais presente do que realmente estava.

Viktor o olhou com um leve suspiro de exasperação. Ele sabia o que havia acontecido, mas a pergunta ainda pairava no ar, sem resposta.

ㅤ— Você não escutou nada, não é? — Viktor reiterou, a irritação suave contrastando com sua concentração.

Eden mordeu a língua, segurando o olhar de Viktor enquanto se esforçava para focar, fechando a boca com força, tentando controlar a mente atordoada. Ele sabia como sua cabeça funcionava; o peso das lembranças e a névoa emocional que sempre o envolvia. Com um suspiro, ele se levantou, parando na frente de Viktor, que agora segurava seu rosto com mãos firmes, mas gentis.

ㅤ— Eu vou precisar riscar sua pele e o metal no formato das runas para a cintila e o hexcore funcionarem. Isso pode doer um pouco.

ㅤ— Me cortar vai doer ou tudo? — Eden perguntou, sua voz trêmula, mas não disfarçando o medo.

Viktor olhou-o com uma expressão carregada de empatia, mas sem mudar a serenidade de seu tom.

ㅤ— Tudo. — A resposta foi quase um sussurro, carregado de pesar, antes de ele se afastar um pouco, pegando a pistola de cintila e preparando o frasco. Com uma mão experiente, ele pegou o bisturi e se aproximou novamente de Eden. — A menos que queira que eu te amarre...

ㅤ— Acho que não precisa. Eu também não consigo mais sentir dor nesse braço.

Viktor fez uma pausa, olhando profundamente nos olhos de Eden, tentando ler sua expressão em busca de algum sinal de hesitação. Mas o ruivo não mudou. Era como se o garoto estivesse ali, mas não estivesse. Ele apertou a mão de Eden com delicadeza, seus dedos se movendo como se tocassem uma peça de vidro quebrado, e fez o primeiro corte em sua pele. As runas fluíam do ombro de Eden até a ponta de seus dedos, com intervalos meticulosamente calculados. Nenhuma reação. Apenas um semblante fixo, vazio de dor ou emoção, enquanto Viktor continuava o trabalho, desenhando a magia na carne e no metal.

Quando terminou, ele limpou o bisturi e, com um suspiro, estendeu a mão para as ataduras no rosto de Eden.

ㅤ— Vou precisar fazer no seu rosto... — Viktor falou, tirando as ataduras com cuidado e as jogando no lixo. A visão do olho de Eden, uma massa escura e vermelha, fez o inventor parar por um momento, sentindo a culpa apertar seu peito. — Não queria te cortar assim, droga.

Eden olhou para ele, ainda com a expressão vazia, mas um leve sorriso se formou em seus lábios.

ㅤ— Não acha melhor deixar o olho pra depois? A mão é fácil de esconder, mas meu rosto... não vai ser.

Viktor olhou-o por um longo momento, respirando fundo enquanto ponderava. O bisturi baixou lentamente, e ele colocou a ferramenta sobre a mesa. Seus olhos se voltaram para a mão de Eden, marcada pelas tentativas frustradas de restaurar a funcionalidade, e a dor que a acompanhava. Ele observou os pontos, as cicatrizes de tentativas falhas e a luta de Eden para sobreviver.

Iɴғɪɴɪᴛʏ。ー AʀᴄᴀɴᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora