Vicent: Quando o Amor Supera a Vida

Curativos Não Podem Ser Usados No Coração.

"Vicent, eu te peço perdão por tudo o que lhe fiz passar. Sei que ainda é jovem demais pra ler isso, ou até mesmo entender, mas tenho certeza que estará em boas mãos.
Eu sinto muito por nunca ter saciado todas suas dúvidas, por nunca ter te comprado todos os brinquedos que você desejava e muito menos por não poder presenciar seu crescimento. Eu espero que um dia você possa me perdoar por tudo isso.
Sei que um dos seus maiores desejos também era conhecer seu pai, eu também desejava mais que tudo, que ele pudesse estar com a gente. Mas logo percebi que isso não seria possível — e que nunca será.
A verdade é que seu pai era muito mais do que especial e único, ele era diferente. Se eu pudesse ao menos descrevê-lo, não sei se alguém seria capaz de acreditar em mim, às vezes nem eu mesma acreditava. Ethan era nome dele, quero que se lembre disso.
Seu pai não é desse mundo, e acabamos nos conhecendo por acaso. Eu não sei dizer o que ele era, porquê ele era e nem como ele era, muito menos se isso tudo foi só um delírio meu. 

Sei que tudo isso é frustrante demais, mas meu único e último pedido é que você nunca tire esse colar do seu pescoço, uma vez que você o usou. Ele é importante demais e é principalmente a sua maior fonte de energia. Então por favor, não o retire. Esse pingente também foi um presente do seu pai. Talvez seja a única prova de que ele realmente esteve aqui.

Infelizmente não sei se terá alguém capaz de responder as nossas perguntas, mas quero que saiba que isso nunca será mais importante do que o meu amor por você.
Por isso quero que nunca se esqueça do quanto eu te amei e continuarei te amando, pra todo o sempre. Eu rezo para que você possa ter uma vida mais tranquila em breve, por isso acredito que você estará melhor sem mim e as doenças que me corroem.

Eu te amo, meu pequeno Vicent."

                                    — De sua Mãe, Bella Always.

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As luzes coloridas piscavam freneticamente quando Lylah pisou dentro da boate. Agora passado cinco anos, a loira havia adquirido mais experiência. Seu nome era mais conhecido pelas ruas, como dona de um garoto muito experiente no programa — além de claro, vendedora de produtos ilícitos. 
De fato, não era a vida que planejava ter aos seus vinte e um anos de idade, mas era sua única opção. Ou melhor, sempre foi a única opção.

Sendo assim, segurando fortemente sua mochila partiu para os assentos do open bar, onde geralmente ficava. Sentou-se em uma cadeira ao lado de um desconhecido de cabelos loiros escuros.
Apesar de não ser tão inteligente assim, Lylah memorizava cada rosto presente na boate. E sabia que o dono daqueles cabelos nunca haviam frequentado aquele local.

— Ei bonitão, tá sozinho? Quer se divertir um pouco? — Afim de vender, chamou a atenção do homem de forma meio manhosa, mas muito experiente. Então o loiro virou-se para Lylah.

Era seu irmão, Taylor.

— Se prostituindo, Lylah? É bem sua cara mesmo... — Mesmo que a situação fosse inusitada, além de repentina, Taylor não disfarçou seu olhar de nojo. Claro, agora Lylah era adulta, fazia o que bem entendia, mas ela nunca imaginou que mesmo depois de tantos anos, Taylor seria capaz de tal ignorância.

— Taylor... Você estava aqui o tempo todo? — As sobrancelhas de Lylah franziram em um semblante triste em questão de segundos, enquanto seus olhos já começavam a lacrimejar. 

— Não. Eu me mudei, mas tive que voltar pra resolver uns assuntos. E pelo que vejo você conseguiu se virar sozinha né... — Disse em um tom bem malicioso e nojento.

— Eu tive que fazer isso, você nos abandonou. Que outra escolha eu tinha? — Perguntou enquanto desviava seus olhos pela vergonha que surgiu em seu rosto, não tinha sequer coragem de conversar como se nada houvesse acontecido. Estava decepcionada com Taylor e consigo mesma. Foi ali que o nojo de seu próprio corpo voltou em um instante.