"I want to go up, up and away
From this place that I call home
I've been waiting for the day
Since I was seventeen years old
I just want to show them
I can make it on my own"- Up, Up and Away, Chance Peña
Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira, era nessa frase de Tolstói que Carina se apegava ao pensar na sua família. Por muito tempo, acreditou na maldição de ser uma DeLuca - pai instável, mãe ausente, irmão assassinado. Mesmo que por poucos anos, foram uma família saída de um comercial de margarina. Porém, a primeira vez que a italiana precisou fugir do barulho de gritos e de pratos quebrando tinha apenas sete anos, havia se escondido dentro do guarda-roupa e acabara dormindo. A parte mais triste da história: nem sua mãe e muito menos o seu pai notaram sua ausência no jantar ou na pequena cama infantil.
Aos nove, Carina se imaginava em qualquer lugar do mundo, menos na Itália. Ela e Andrea deixavam uma mala arrumada escondida debaixo da cama, sempre na esperança de que sua mãe assinasse o divórcio. Quando Carina tinha catorze anos, Lucia pegou o pequeno Andrea pelas mãos, a deixou para trás, e se mudou para os Estados Unidos. De todas as explicações que sua mãe lhe deu, a mais convincente foi: era uma péssima mãe, esquecera de sua filha e se pudesse voltar no tempo, tomaria outra decisão. Em outro universo, talvez, teria se mudado para os Estados Unidos e conhecido Maya ainda na adolescência, um sonho infantil. Mas, sua realidade era outra, todos os infernos possíveis, ela viveu - desde de rezar o terço por mais de dezoito horas por ter sido pega beijando uma menina no colégio católico até retirar o seu pai da prisão pela terceira vez.
Por muito tempo, não enxergou a violência pela qual era submetida, ele nunca havia a agredido, mas todas as palavras que lhe eram gritadas pareciam milhares de cortes em sua pele. Inútil, fracassada, vergonha da família, mancha no legado. A primeira decisão de Carina, baseada apenas em si, foi matricular-se na Faculdade de Medicina de Roma. Por uma vez na eternidade, sentiu-se livre, capaz de escrever sua própria história, longe de tudo que lhe fora imposto. Poderia andar pelas ruas sem o peso de ser filha de Lorenzo DeLuca, doutor que carregava sete assassinatos nas costas.
Seria mentira se dissesse que não escolheu a Ginecologia e Obstetrícia para contrariar Lorenzo - de todas as opções que lhe foram dadas, iria sempre pelo caminho oposto ao de seu pai. Seria tudo,
menos parecida com ele. Seria a melhor de seu ramo, teria um histórico renomado, construiria o legado dos DeLucas. Com uma pesquisa revolucionária em mente, embalou o pouco que tinha e deixou para trás todos os relacionamentos que não chegariam a lugar nenhum. Estava em Seattle, longe de casa, mas perto da única pessoa que amara: seu irmão, seu Andrea.Desde que chegara em Seattle, Carina sabia que a cidade quebraria seu coração - uma tragédia em três atos: Arizona, Maya e Andrea. Arizona tinha sido sua primeira aposta no amor em Washington, mas a bagagem da pediatra era algo que Carina ainda não entendia sobre. Ex-mulheres e filhos eram inimagináveis para a italiana de alma livre. Maya chegou de repente, não estava procurando por nada sério, era apenas mais uma loira no Joe's. Porém, poucas horas depois Carina percebeu que a atração que sentia pela bombeira era algo inexplicável, nunca sentido antes. Estava nas nuvens até o dia em que Maya partiu o seu coração com palavras ditas apenas para machucá-la.
A italiana não era conhecida por sua capacidade de perdoar, mas tinha algo em Maya que cativava cada célula em seu corpo. E, assim, fez a escolha mais importante de sua vida, deu uma segunda chance para a capitã. Carina estava realizando sonhos desconhecidos, construir um lar ao lado de Maya era um deles. A clínica na Estação 19 outro. Estava exatamente onde queria estar, tanto profissionalmente, como emocionalmente. Mas, infelizmente, não podia dizer o mesmo de Maya.
E, por saber o que passava pela cabeça de sua esposa, não estava sendo completamente sincera com ela. Com frequência, durante as caminhadas matinais que faziam pelo parque, Carina se pegava distraída com os bebês nos carrinhos e, quase que involuntariamente, imaginava sua família crescendo. Por todo seu histórico de desgraças familiares, nunca tinha se imaginado mãe, não sabia que tinha em si toda essa capacidade de amar, aprendera com Maya. Era difícil, ainda, para a italiana admitir que, talvez, quisesse ser mãe ao lado de sua capitã.
Territórios antes inexplorados eram desbravados por Carina e, assim, tinha toda a certeza de que seu sobrenome não definia quem deveria ser, a maldição acabava ali. Uma coisa era certa: Todas as grandes tragédias começaram em uma reunião familiar - como Romeu e Julieta. De acordo com as grandes obras da Literatura, sempre estiveram fadadas ao fracasso, mas ela não era uma Montecchio, apenas Carina DeLuca e Maya Bishop não era nenhuma Capuleto. Essa não seria mais uma tragédia.
...
escrevi esse capítulo porque a carina de grey's anatomy nunca quis filhos e station 19 simplesmente ignorou isso, enfim, espero que tenham gostado :)
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INCANTEVOLE | MARINA
FanfictionOs caminhos de Maya Bishop e Carina DeLuca cruzaram-se por acaso, nem um segundo a mais, nem a menos, havia sido obra do destino e ponto final. O dia em que disseram sim marcou o início dessa história - estavam no paraíso. Porém, antes que pudessem...