— Posso entrar? — perguntei, após dar três batidas na porta do quarto em que a ruiva estava desde os acontecimentos da noite passada.— O que você quer, Dayane? — escutei um barulho, indicando que a ruiva havia sentado no chão e se encostado na porta.
— Eu só quero conversar, Caroline, e tentar me desculpar. — Sentei-me ao lado da porta e escorei na parede. — Você sabe que a última coisa que eu quero é te deixar magoada.
— Então, não deveria ter batido na merda da Isadora quando eu disse, claramente, que "eu sei o que eu tô fazendo".
— Eu sei, me desculpa… eu só não consegui continuar escutando as coisas que a Isadora tava falando de você, eu tive que reagir. — Encostei a cabeça na parede e respirei fundo, para conseguir me acalmar.
— Quem se importa com o que a Dora fala? Já falaram coisas piores, nós somos famosas, Day. Temos que nos acostumar com isso, ou melhor, temos que aprender a conviver com isso. Você é a que mais deveria entender.
— Ninguém deveria se acostumar com isso, ainda mais você. Droga, Caroline, você é perfeita em tudo que faz! Sua voz é linda, seu corpo é perfeito, a maldita cor do seu cabelo é perfeita. — Ouvi uma gargalhada baixa de dentro do quarto.
— Você está sendo exagerada, ninguém é perfeito, Dayane.
— Então, a partir de hoje, o seu nome é ninguém porque, Caroline, você é perfeita.
— Shut up, o que você realmente quer? Você tá me elogiando muito para apenas um pedido de desculpas.
— Você quer saber, sinceramente?
Esperei alguns segundos por algum som de dentro do quarto, porém não ouvi nada e encarei isso como permissão para continuar.
— Sinceramente, é complicado falar o que eu realmente quero. Sabe, eu passei tanto tempo programando a minha vida, tanto tempo tentando entender o que eu sentia, tanto tempo tentando descrever nas minhas músicas as coisas que eu sinto, que eu não pensei realmente no que eu queria. Eu sei que não é isso que você me perguntou, talvez isso nem esteja fazendo sentido para você. Acredite, não está fazendo nem na minha própria cabeça, mas eu vou tentar ser direta.
"Na noite que você me ligou chorando porque a Isadora tinha te traído, a única coisa que passou na minha cabeça foi 'como alguém pode ser tão burra a esse ponto?' e 'quem em sã consciência trairia Caroline Biazin?'. E tudo o que eu queria era dar um jeito de te fazer esquecer aquela merda toda, te fazer sorrir e ignorar todo o resto à sua volta.
"Eu não sei se você se lembra da nossa conversa daquela noite, sobre nossos sentimentos serem maldições. Você perguntou o motivo por que o amor entraria nessa lista de maldições. Bom, o amor é um sentimento tão cruel e perverso ao mesmo tempo, que consegue ser o mais belo dos sentimentos. O amor é uma faca de duas pontas que, constantemente, estão coladas em nossas gargantas, prontas para nos matar a qualquer deslize, ação ou fala. A ponta da minha faca está, neste momento, começando a afundar no meu pescoço. Tá quase penetrando a pele, porém, o meu medo criou uma pequena barreira que está impedindo essa lâmina de entrar totalmente e me matar. Eu não estou pronta para falar o que eu realmente quero, ruiva. A única coisa que eu consigo dizer é que eu tô cansada, cansada de esconder que eu sinto algo por você. E, se eu não falasse isso agora, iria ser assim até o fim, então eu só resolvi me render."
Permaneci mais um tempo em silêncio, torcendo para que ela abrisse a porta, porém, nada aconteceu e eu apenas me levantei do chão, colocando a mão na porta.
— Sabe, às vezes eu acho que você é um vento gelado, que constantemente me leva para a direção errada. Mas o frio sempre foi a minha estação favorita… porém, quando se trata de você, nada consegue me proteger e você nem ao menos consegue ver isso. — Comecei a andar em direção às escadas, que davam acesso aos andares inferiores. Mas parei quando escutei a porta sendo destrancada e aberta.
— Eu definitivamente não gosto de mim quando se trata de você. Você me ganha muito fácil — A ruiva encostou no batente da porta. — Entra! Vamos conversar.
— Ganho? — Passei pela porta e a ruiva revirou os olhos. — Como eu odeio essa sua mania.
— Eu sei, por isso faço. Agora, foco na parte que nos interessa. — falou, se sentando ao meu lado. — Você disse que sente alguma coisa por mim? Eu sei que você disse que não está pronta para falar sobre isso, porém eu preciso de um norte, uma direção, Dayane. Você foi a primeira pessoa que eu conheci aqui em Nova York e rapidamente se tornou uma das minhas melhores amigas. Eu não quero acabar com a nossa amizade por algo que você ou eu não temos certeza, como você mesmo disse na noite em que a gente saiu, "a maldição da expectativa é algo do qual não temos controle."
— Baby, eu literalmente estou disposta a quebrar a minha cara quantas vezes forem necessárias, eu estou disposta a me afundar em todas as maldições do ser humano se isso significar mais tempo como você. Eu garanto que tenho a total certeza do que sinto.
— Day, eu acabei de "sair" de um relacionamento em que foi criado um contrato em cima. Eu não sei se consigo manter algo ou sequer começar algo nessas condições, mas a gente pode tentar, escondido e a passos de tartaruga. Só vamos devagar, okay? — A ruiva colocou a cabeça no meu ombro e deu um pequeno suspiro — Eu também sinto algo por você.
— Por você, eu espero o tempo que for necessário. — Peguei uma de suas mãos e depositei um beijo.
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The greatest love story that's never been told
FanfictionBaby, keep kissing me softly Holding me, whispering quietly Darling, I think that this might be the greatest love story