3 - Eu Quero Esquecer Meu Nome

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É difícil querer um lugar bom pra comer, beber e que seja barato onde você não tem nenhuma indicação e nunca foi. Mas, confesso que até agora eu estava me saindo muito bem.

Se você considerar seguir uma massa de jovens estar indo muito bem, então temos o mesmo ponto de vista.

Em semelhança da minha cidade natal, a famosa Nova Iorque, Sidney também tem uma alta vida noturna. Mas ao contrário dos nova iorquinos que uma hora dessas — sete e meia da noite — de uma terça-feira, estão indo pras suas casas pra descansar depois de um dia cheio e de um trânsito infernal, a cidade que eu estava turistando, tem esse horário — e qualquer dia da semana — pro famoso happy hour.

Se isso era estranho pra mim? Sim, mas eu estava querendo exatamente isso, então eu só tenho a agradecer.

Num determinado momento, os jovens entraram no carro e a única coisa que eu ouvi — e milagrosamente consegui entender — foi: 360 Bar and Dining. O que isso significava exatamente? Não tinha certeza, mas só o bar já foi o suficiente pra me atrair.

O taxista me levou pra Sidney Tower — seja lá o que isso realmente significa — e disse que o bar ficava no último andar do prédio.

Mas é só quando você entra que você entende cada palavra do lugar: ele é metade bar e metade restaurante, mas o mais incrível de tudo é que o 360 significa que ele faz um giro completo de 360° graus. Então, sim, o restaurante gira, dando a bela vista de cada partezinha de Sidney sem sair do lugar.

Pra começar, pedi só uma cerveja. Estava levemente preocupado com essa coisa de giro, então eu estava com medo de ficar tão bêbado que eu atravessaria o vidro e cairia até... É.

Acho que o barman percebeu o meu medo, porque ele disse, num sotaque mais puxado pro britânico, que o giro era quase tão imperceptível quanto o da Terra ao redor de si mesma e ao redor do sol.

Se eu acreditei nele? Acreditei tanto que eu já nem sabia em qual garrafa estava mais, mas que aquilo tinha me rendido uma boa conversa com uma morena linda, que tinha me assegurado que só iria no banheiro e já voltava. E como além de linda, ela tinha uma conversa interessante, eu resolvi esperar.

— Ei, você não é a morena bonita que estava conversando comigo. — eu disse, ou imaginei que tinha saído certinho assim, pra moça que se sentou no lugar da mulher que eu conversava.

— Esse lugar tem dona? — ela perguntou olhando diretamente pra mim, depois de pedir uma marguerita, ignorando minha indignação.

— Tinha, mas você sentou aí. — respondi revirando os olhos.

— Mas eu acho que ela está indo embora, olha lá pra porta. — acompanhei seu olhar e vi a linda morena saindo acompanhada de outro cara, entrando no elevador.

— O que? — arrastei o banquinho de uma vez e fiquei tentado a chamar o nome dela, mas por incrível que pareça, eu não sabia. Ou já tinha esquecido, certeza. — Droga.

— Sinto muito ter estragado sua noite. — a moça ao meu lado disse em solidariedade, mas eu não estava olhando pra ela — Mas, se não for incomodo, eu posso te fazer companhia.

Olhei pra ela, analisando-a. A pouca claridade do lugar dificultava um pouco, mas em meio aos cabelos castanho-avermelhados, olhos claros e uma boca extremamente carnuda, eu vi um sorriso amigável.

— Não precisa falar nada comigo, sou uma ótima companhia pra bebida. — mas foi quando ela sorriu de novo que eu tive certeza que o bar poderia fechar às cinco da manhã, aquela moça desconhecida ainda estaria comigo. Também tinha certeza que o sorriso dela era lindo e que eu nunca esqueceria, mesmo estando tri bêbado.

Eu Quero Esquecer Meu NomeOnde histórias criam vida. Descubra agora