Enquanto eu voltava da corrida matinal, sentia sobre os ombros um par de olhos. Olhei para trás e não avistei nada. Continuei a correr, e novamente, lá estava a sensação de estar sendo observada.
Cheguei em casa e pousei meus fones de ouvido sobre a mesa, fui em direção ao banheiro. Quando a água começou a escorrer pelos meus cabelos, um arrepio se espalhou pelo meu corpo. Não era frio, era medo. Imaginei que fosse pela porta de entrada estar aberta. Ignorei na hora, pois lembrava de ter trancado a porta assim que cheguei. Terminei meu banho e fui para a geladeira caçar algo para comer.
Já estava escurecendo quando olhei para a porta que ficava aos fundos da cozinha. Estava levemente aberta, quase imperceptível. Lembro-me de tê-la trancado. Talvez só estivesse sabotando minha mente, e tenha deixado aberta.
- Hugo? - Chamei meu marido.- Está aí? Querido, deixou a porta aberta. - Não ouvi resposta alguma, então tranquei a porta e voltei a procurar comida.
Cerca de duas horas mais tarde, Hugo finalmente chegou em casa. Eu estava na sala, assistindo a um velho programa de perguntas e respostas. Adorava responder junto com os participantes, eles sempre erravam na terceira ou quarta questão, eu sempre acertava.- Alice, querida. - Ele largou sua maleta de trabalho sobre a bancada da cozinha, atravessou essa área e veio até a sala. Veio até o sofá e depositou um beijo sobre minha testa. - Vendo de novo esse programa? Você deveria participar, sempre acerta as respostas. - Ele então sorri.
- Tolo! Eu sairia de lá rica e te largaria aqui. - Sorrio e ele vai rumo a escada
que dá para os quartos.
- Vou tomar um banho e já volto para ficar um pouco com você. - Ele sobe um degrau e então para. - Aliás meu bem, você deixou a porta da cozinha entreaberta. - Ele diz e então sobe às escadas.Na manhã seguinte, levanto cedo. Mal dormi essa noite, em parte pensando em como a porta teria ficado aberta. Em outra, por ter gatos fazendo barulho a noite toda, me deixando acordada a maior parte do tempo.
Não conseguia me lembrar de ter deixado a porta aberta. Minha memória estava ficando cada vez mais embaçada. Acho que era hora de pedir ajuda a algum médico ou coisa assim.
- Alice? - Como num despertar, levei um susto e vi Hugo parado me olhando.
- O que foi? Quando levantou?
- Estou parado te chamando há uns cinco minutos. Alconteceu alguma coisa? - Cinco minutos? Como não o ouvi chegar? Bom, preciso de um café para despertar. É sono, só pode.
- Desculpa meu bem, é que os gatos à noite, não me deixaram dormir direito. Farei o seu café, sente-se. - Olhei para o relógio e já eram 7:30. Me lembro de ter levantado às 6:30. Como esse tempo passou tão depressa?
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Além Do Silêncio
Misterio / SuspensoDepois desse dia que a vi pela primeira vez, a segui todos os dias. Ela queria minha presença, eu sentia isso. [...] Ia quase todos os dias ao mercado, comprava uma coisinha outra. Eram apenas pretextos para me ver outra vez.