Cap. 3

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~Julia Perez~

Entrei em casa desesperada, enquanto fechava a porta olhei para a minha mão, merda, eu perdi o anel que a minha mãe me deu antes de ir para Espanha. Provavelmente caiu na cafeteria. 

Entrei na cozinha encontrando meu pai ainda com a mesma expressão facial. Sentei e o encarei. 

- O que aconteceu ? Porque me chamou tão assustado ?- perguntei e ele suspirou, estava ficando realmente assustada.

- Filha, a sua mãe falou com você, certo ? - ele perguntou e vi ele começar a chorar novamente. 

- Sim, ela me disse que iria ficar mais tempo lá por conta de um projeto.

- Não existe projeto nenhum, isso  é apenas uma desculpa. - ele disse chorando mais ainda e arregalei ligeiramente os olhos. 

Eu estava entrando em desespero, odeio ver meu pai chorar, é a coisa mais dolorosa de todas. Criei coragem, suspirei e decidi perguntar. 

- Desculpa para o que ? - perguntei assustada, eu não sabia se queria escutar a resposta ou não. 

- Sua mãe está com câncer de fígado muito agravado, por isso ela tem estado tanto tempo fora. Ela me disse ontem, não queria te deixar sem dormir então contei apenas agora.- ele disse. 

Eu fiquei sem reação, pude ver meu pai que já não tinha lagrimas, as gastou todas, não estava me sentindo bem, abracei o meu pai e disse que ia apanhar ar. 

Saí de casa correndo, corri durante uns longos minutos chorando sem parar. Parei cansada e vi que havia me perdido, sentei na calçada e chorei, chorei até não sair mais lagrimas. 

Eu não acredito que ela mentiu, este tempo todo, dizendo que eram muitos projetos e na verdade ela apenas estava escondendo uma doença. E agora ela está com risco de vida, eu não podia visitá-la no hospital, não podia abraçá-la, beijá-la, ela estava em outro continente. 

E a burra aqui perdeu a única coisa que tinha dela, o seu anel, eu queria me atirar da ponte, como eu fui tão burra de perder uma coisa tão preciosa e importante. Vou voltar lá, pode ser que a garçonete tenha encontrado e guardado.  

Pensei, e fui caminhando até a cafeteria, afinal ficar as viagens de carro inteiras olhando para a rua servia para algo, cheguei lá e estavam fechando, Deus, me ajude por favor. 

-Oi senhorita, estamos fechando, me desculpe.- disse a moça com um sorriso amigável que logo sumiu quando viu que eu estava chorando. 

- Não tem problema, eu só queria saber se você ou alguém tinha visto um anel simples com uns detalhes dourados e uma pedrinha branca.- disse enxugando as lágrimas. 

- Eu acho que nã... espere, já sei !- a moça disse parecendo se lembrar de algo - Quando você foi para a fila de pagamento, você falou com uma garota, certo ?

-Sim, ela estava com um garotinho. 

-Exato, depois de você pagar, a garota fez o mesmo e quando estava voltando para a sua mesa ela pegou algo pequeno no chão, que provavelmente era seu anel.- suspirei aliviada. 

- Ah que bom, posso saber se eles são clientes habituais ? 

- Mais ou menos, mas já ouvi dizer que eles são famosos.

- Ok, muito obrigada, boa noite.- disse vendo que estava escurecendo e voltei pra casa. 

Cheguei em casa, abracei meu pai, dei um beijo em sua bochecha e disse que iria tomar um banho. Subi pro meu quarto, indo rapidamente para o banheiro.

 Entrei na banheira, escutei a água cair, senti as gotas quentes escorrerem por todo o meu corpo enquanto lágrimas saiam dos meus olhos. Porque ela mentiu ? Será que ela fez propositadamente ? Ela queria morrer ? Eu nunca fui próxima de Isabel, esse era o seu nome. Quase todas as vezes que eu falava dela com alguém eu não dizia "minha mãe" era sempre "Isabel". Eu não conseguia a chamar de mãe, ela nunca esteve cá,  sempre na Europa ou até na Ásia. A última vez que ela ficou por mais de três semanas em casa eu tinha nove anos, 

A nossa proximidade era tão pouca que eu não sabia nada sobre a sua vida, provavelmente ela tinha uma depressão e então não disse nada a ninguém sobre a doença. Mas de uma coisa eu sabia, Isabel era uma mulher forte, ou seja, iria sobrevier a esse câncer. 

Saí do banheiro enrolada na toalha, abri o meu closet procurando a coisa mais confortável do mundo, peguei em uma calça moletom e uma blusa frouxa e velha. Desci e fui na cozinha, vi meu pai no telefone, 

- Vou pedir comida, quer algo ?- murmurei. 

- Comida mexicana. - murmurou e assenti. 

Pedi a sua comida mexicana e uma pizza para mim, estava um clima nada bom então disse ao meu pai que eu iria comer no meu quarto e logo depois iria dormir, ele apenas assentiu e foi para o seu escritório. Escutei batidas na porta e sabia que era a comida, fui ao portão de casa buscar a refeição e logo depois voltei para dentro.

- Pai, está aqui a comida. - disse com um sorriso fraco e lhe entreguei a sacola, ele sorriu de volta em forma de agradecimento e fui para o meu quarto. 

Entrei no quarto coloquei a caixa da pizza na pequena mesa do lado da cama, me sentei na mesma e liguei a TV na Netflix. Depois de algum tempo levantei e fui no banheiro escovar os dentes, deitei na cama. "Amanhã eu arrumo a caixa" pensei. 

Senti meus olhos pesarem e logo peguei no sono. 


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Oioi, cap. 3 bem triste :( 

Tudo que já está na merda, pode piorar. Nervo. 

Beijo  😁💋

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⏰ Última atualização: Apr 06, 2022 ⏰

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