I hear steps...

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No almoço havia bastante variedade, para todos os gostos e, devido a isto, os alunos comiam bastante.

Notei que apenas poucas das dezenas de mesas do refeitório tinham pessoas com pulseiras de cores diferentes sentadas juntas. Parece que aquilo era algum tipo de código ou controle da escola. Sentamos, eu e Allan, em uma mesa a frente dos idiotas que me zoaram na aula de Biologia. O grupo, portanto, do garoto que me dera a olhada mortal. Tal olhar não aconteceu só na aula de biologia, mas também no almoço inteiro. Eu, ingenuamente, devolvia olhares desconfiados e inocentes, por impulso.

Depois do almoço Allan foi para seu dormitório, no décimo andar, e eu teria de passar na secretaria para depois ir á meu quarto. Estava andando pelo campus, em silêncio, debaixo das nuvens negras que cobriam os céus trazendo chuva. Além de trovões, eu podia ouvir algo, indefinido. Era algo ritmado, que sumia e aparecia, de tempos em tempos. O terror me consumiu. Por um momento passou uma explicação um tanto quanto absurda em minha mente: eram passos. O absurdo estava em cogitar passos em um lugar onde só havia um indivíduo, e este era o próprio ser cogitando a tal. Fiz um teste.

Andei poucos metros a frente e parei. Alguns passos "a mais" ecoaram. Me virei e conferi: ninguém. Continuei a andar e os ecos continuaram, mas apenas ignorei. Um tempo após, eles pararam. Estranhei, mas continuei. Assustei me com um ato inesperado: estava pressionada na parede por alguém, um indivíduo encapusado. E suas únicas palavras foram:

- Não grite, não chore, não reaja.

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