Clarice:
O despertador toca, me espreguiço e então sento na cama. Vou até o banheiro, escovo meus dentes, faço xixi, tiro meu pijama e entro no chuveiro.A casa onde eu moro, é simples, ela é em uma rua calma de nossa pequena cidade. Minha avó só paga minha escola, e compra livros, literalmente. Eu não tenho mordomias, mas não reclamo pois tenho consciência que seria hipócrita, quando existem pessoas em situações bem mais precárias.
Saio do chuveiro, me enxugo e volto até meu quarto. Visto meu uniforme, e reviso os assuntos para o teste que irá ter.
Quando dá 07:00 horas, saio de casa e como sempre elas ainda não acordaram. Começo a caminhar, minha escola fica na outra rua, então sempre vou caminhando, é bom para refletir.
Percebo que está um dia lindo, com um céu incrívelmente azul. Chego até a escola, acredito que em uns seis minutos.-Bom dia, Clarice- fala o porteiro, me comprimentando.
-Bom dia seu Pedro- digo sorrindo.
Entro na escola, vendo os alunos espalhados, e vou direto até minha sala.
Sento na carteira e já tiro o livro de romance da mochila, para ler enquanto a aula não começa.
As pessoas entram, conversam enquanto eu me concentro na história.Assisto as aulas com atenção, sempre fazendo anotações enquanto presto atenção.
As aulas finalizam as 13:30, então arrumo minha mochila e finalizo mais uma manhã, como as outras na escola.
Saio feliz, por ter conseguido entender corretamente o assunto.
Faço a mesma caminhada de volta até minha casa, entro e encontro minha mãe mexendo no celular, enquanto minha avó rega suas flores.-Oi mãe, oi vó- digo enquanto passo por elas.
-Tem frango para você almoçar, só não come muito pois você está engordando.
-Tá bom vó, obrigada.
Vou até meu quarto. Já estou acostumada com minha avó comentando sempre sobre o meu peso ou minha aparência. Eu sei que estou abaixo do meu peso, e tudo começou por comentários desse tipo em minha infância.
Tudo bem talvez ela não faça por maldade, penso enquanto troco meu uniforme por um shorts jeans e uma blusa folgadinha.Após me trocar vou direto até a cozinha, pego um prato e despejo 3 colheres de arroz, e dois pedaços de frango no prato, puxo uma cadeira da nossa simples cozinha e como lentamente. Penso no livro que estou lendo, e nos deveres da escola que preciso responder enquanto como.
Minha mãe tem um novo namorado, pelo que minha avó contou, ele parece não ser a melhor pessoa do mundo. Só espero que ele não bata nela igual o último namorado que ela arranjou.
Termino de comer e vou direto até meu quarto, pego o livro que estou lendo, sento no chão e leio até não ter noção do tempo.
Minha mãe entra abruptamente em meu quarto tirando minha atenção do livro.-Vem para a sala agora, quero apresentar uma pessoa para você- Diz ela de forma rude.
-Tô indo mãe- Digo já imaginando quem seja.
Fecho meu livro, e a sigo até a sala, olho imediatamente para a figura alta e mal encarada que me observa com olhos desejosos.
-Clarice, esse é meu noivo Carlos- Minha mãe afirma com orgulho.
-Oii linda, vem da um abraço no seu padrasto que vai ser o primeiro homem dessa casa- O Homem mal encarado diz enquanto estica os braços e sorri.
-Estou confortável aqui senhor, e como assim primeiro homem dessa casa?- Falo com seriedade.
-Eu irei morar aqui com vocês, para melhorar a segurança da casa, não é uma ótima notícia?!
-Mãe que história é essa?- Olho para minha mãe, que entrelaça a mão com a do homem.
-Sua avó gostou dele, e aprovou a ideia, eu não iria ficar encalhada para sempre filha.
-Entendi, posso voltar para o meu quarto agora?
-Pode, mas agora vai ter que se comportar pois teremos um homem em casa- Minha mãe diz beijando Carlos.
Entro no meu quarto e começo a chorar compulsivamente, pensando que realmente não tem nada ruim que não possa piorar. Depois de chorar por uns bons 10 minutos, limpo meu rosto e faço os deveres da escola.
Percebo que escureceu, e decido assistir um filme na sala após acabar os deveres, quando ligo a TV o tal Carlos entra pela sala com uma mala e pisca para mim, sinto uma ânsia enorme no estômago quando ele faz isso, depois se encaminha até o quarto de minha mãe.
Assisto Netflix até tarde, e decido ir até meu quarto descansar, pois tenho aula cedo amanhã.
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A razão das expectativas altas
Storie d'amoreA vida de Clarice está um caos, ela nunca se sentiu verdadeiramente cuidada ou amada por ninguém. Não tem amigos, sua família é fria para tamanha intensidade que há em seu coração, quando sente vontade de desabafar não tem ninguém com quem contar, e...