Os Segredos de Tom

30. Esperança

Pedalou de volta para casa exausta. Cinthia odiava o colégio desde sempre, odiava seus colegas, e agora odiava sua popularidade que conseguiu de forma gratuita devido a irmã e seu ilustre namorado famoso. Ela não soube onde enfiar o rosto ao entrar na sua turma e ser cercada pelos colegas que mais pareciam abutres famintos segurando revistas e jornais com fotos idiotas de Charlotte, todos falando ao mesmo tempo e fazendo perguntas imbecis como se ela fosse uma enciclopédias de fofocas.

“Cindy, essa é a sua irmã mesmo?” Uma garota com quem estudava a pelo menos uns cinco anos, e que nunca havia lhe dirigido a palavra antes, questionou praticamente esfregando o celular em seu nariz, com uma foto qualquer da irmã com o astro em Londres, enquanto ela tentava se sentar na sua habitual mesa ao lado da porta da sala.

— Que idiotas. — Disse a si mesma acelerando. Quanto antes chegasse em casa, logo poderia tomar um banho.

“É.” Era tudo o que respondia para cada pergunta feita, não estava afim de dá satisfações sobre sua irmã para esse bando de xeretas que em sua maioria sequer gostavam de alguma delas. Se quisessem saber algo que perguntassem a própria, embora acreditasse que era mais fácil a irmã mandar todos irem tomar naquele lugar em específico.

Depois de mais alguns minutos sua casa apareceu no horizonte e isso a fez dá um sorriso, adorava chegar em casa depois da aula, comer e assistir alguma coisa jogada no sofá da sala fazendo de conta que nada existe além dela e suas séries favoritas. Notou que o carro vermelho da mãe estava parado na calçada, parou em frente ao imóvel com estilo vitoriano e desceu da bicicleta a empurrando pelo caminho de tijolos brancos que marcavam o caminho até a porta. Antes que pudesse tocar na maçaneta, a porta se abriu e sua mãe saiu apressada.
Ao vê-la a mulher sorriu.

— Oi vida. — Sophia vestia um terninho vermelho chamativo, um cinto marcava sua cintura. A mulher se inclinou e beijou sua testa feliz ao encontrar a filha. — Como foi no colégio?

— Normal. — Disse sem emoção alguma.

Logo atrás da mulher saiu Samuel, o homem também estava bem vestido com um belo terno preto. A barba estava feita e seu perfume amadeirado se espalhava pelo ar.

— Oi gatinha. — Ele disse para ela parando atrás da esposa equilibrando uma maleta encima de uma caixa de papelão. Antes que a garota pudesse responder, ele virou o olhar para a esposa e disse: — Avisei que a gente ia se atrasar se você trocasse de roupa pela terceira vez.

— Sam! — A mulher o advertiu olhando para trás.

A mão da mãe acariciava o ombro dela, Cindy apenas observou o homem sorrir.

— Amor, essa reunião começa em dez minutos. — Ele disse. — Não esqueça.

— Certo, — A mais velha tornou a olhar a filha. — Seu almoço está dentro do forno, tem dinheiro na mesa da cozinha caso precise.

— Tudo bem mamãe. — Disse torcendo para a mãe parar de falar e ir logo cuidar dos seus negócios.

Impaciente Samuel deu a volta ao redor das duas e foi ao carro, porém a esposa ainda não estava satisfeita. A expressão alegre da mulher deu lugar a uma preocupada.

— Falou com a sua irmã? — O tom de sua voz era baixo, mas sério.

Suspirou, não gostava de desapontar sua mãe, no entanto teria de dizer o que ela não queria ouvir.

— Não mãe... — Admitiu frustrada.

Charlie não respondia ou mandava mensagens a dias, nem mesmo em suas redes sociais antes constantemente alimentadas com fotos diárias havia algum sinal dela. Tentou falar com a irmã algumas vezes, principalmente na tentativa de alertar sobre a loucura de Willy, porém só recebia vácuo como resposta, Talvez ela esteja em algum evento elegante com aquele galã de meia tigela, pensava.
A mãe soltou o ar irritada.