1. (Gustavo)

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Era noite, meus pais e eu estávamos sentados na varanda,na companhia de estrelas com a sua luminosidade infinita e o céu com seu esplendor. Na noite de domingo, um dia antes do acidente, nós sempre costumávamos  ver estrelas a noite, meus pais adoravam. Foi dessa paixão dos meus pais que surgiu meu fascínio por céu, lua e estrelas e comecei a fazer faculdade de astronomia, com intuito de agradar meus pais. Mas sempre quis cursar música.
A música corria pelas minhas veias, notas musicais eclodiam na minha cabeça, saciavam-me, eu só queria tocar minha guitarra e fazer meu som.
Naquela noite, eu estava decidido em contar para os meus pais que queria fazer faculdade de música, o que resultaria em brigas, mas acabei desistindo não queria estragar aquele momento.
Eu e meus pais adormecemos na varanda, se eu soubesse que aquela noite seria a ultima vez em que eu os veria eu teria aproveitado mais. Mas o destino adora nos pregar peças. E o que fica são lembranças e momentos que não voltam jamais. E a saudade que permanece para sempre.
Naquela manhã fui para a faculdade, sentei-me e estava no meio de uma aula de Física da terra e do universo, quando de repente alguém me liga, checo o celular e é de um número desconhecido. Desligo e volto a prestar atenção na aula. Mas o celular toca de novo. E o professor para de ministrar sua aula e diz:
- Gustavo? Por favor desligue o celular ou saia. -sem pensar direito saio da sala e vou atender.

-Alô?
-Gustavo Ferraz? - o cara pigarreia do outro lado. Como se estivesse forçando a voz.
- Sim, é ele. -Digo.
- Então.. É... Não sei como lhe informar isso.. Mas... É que ...
- Seja breve por favor. Diga logo. -Falo sem paciência por estar perdendo aula.
- Sim, é que.. Seus pais sofreram um acidente esta manhã. E.. Você precisa vir aqui. - não consigo raciocinar direito, isso só pode ser um trote uma brincadeira de mal gosto. Não pode ser. Meus pais não. Não pode ser eles.
- Você está falando sério? Só pode ser brincadeira. -forço-me a acreditar que tudo não passa de uma ilusão, que esse cara está tirando onda com a minha cara.
- Não, senhor. Eu não brincaria com uma tragédia dessas. Por favor, peço que se dirija a UTI. -E desliga.
Não acredito. Meus pais estão feridos. Desabo no chão segurando as lágrimas. Não pode ser. Não pode ser. Levanto-me e soco a parede mais próxima fazendo um barulho estrondoso. As pessoas que estavam caminhado por ali param pra me olhar assustados com o meu ato. Entro na sala e pego minha mochila e me dirijo até a saída, entro no carro e soco o volante me recusando a acreditar que meus pais sofreram um acidente. Saio em uma velocidade para a UTI. Cortando sinais de trânsito. Ódio e fúria percorrem pelo meu corpo. Chegando lá, pergunto para a recepcionista furioso:
- Onde estão meus pais?
- Qual seu nome por favor? -fala a recepcionista. Só pode ser brincadeira.
- Não interessa o meu nome. Eu quero saber onde estão os meus pais!!
- Senhor, por favor, peço que se acalme.
A raiva sobe ainda mais, não consigo me conter e perco o controle. Nesse momento soco o balcão e pergunto novamente:
- Onde estão meus pais?  Responda-me!! -digo, e a moça se assusta com o meu ato e pede para os seguranças me retirarem. Eles aparecem e me puxam pelo braço eu luto para não sair, e esmurro a cara de um dos seguranças. Não me contive. Perdi o controle. As outras pessoas que estavam ali, olham apavoradas. O maxilar do segurança sangra. Ele se levanta e me puxa de novo, com a ajuda do seu parceiro.
- Não saio daqui antes de ver os meus pais!. - grito para os seguranças me soltarem.
- Gustavo! Soltem-o! Agora! - uma voz soa estridente no meio daquela confusão, viro-me pra ver quem é, e percebo que é meu tio Olavo.
- Por favor, soltem-o, deixo que eu cuido da situação a partir de agora. -os seguranças me soltam e caminho até o meu tio, ele está com o rosto abatido  como se estivesse chorando. Ele diz:
- Que merda é essa Gustavo? O seu pai não te criou desse jeito! Você não é assim! -fico envergonhado pelo meu ato de fúria. E digo:
- Me desculpa. Perdi o controle.
- tudo bem, venha. -caminhamos até a sala de espera e percebo que quase toda a minha família está lá e amigos dos meus pais.
- Cadê os meus pais? -digo, desesperado para saber alguma informação.
- Gustavo, preciso que tenha calma. E sente-se por favor.
- Não quero sentar. Me diga logo! Exigo saber. - estou furioso. Tio Olavo me puxa pelo braço e me leva para fora da sala de espera, seu rosto se contorce e seus olhos fitam o chão, como se procurasse as palavras certas para dizer algo.
- Não sei como dizer isso. - Diz Tio Olavo.
- Não me diga o pior. Eles estão... - não consigo completar a frase pois já entendi. O pior aconteceu.
- Sim.. Eu sinto muito.. - meu tio completa.
Ao ouvir isso. Desabo. Meus pais. Em um caixão. Não consigo imaginar a cena.
- Quem foi? Quem foi que causou o acidente? -pergunto desesperado.
- Tudo o que sabemos, é que seus pais estavam indo para casa, e de repente algum carro surgiu na frente deles na contramão, fazendo eles derraparem e capotarem. O que indica é que o carro além de estar na contramão estava com posse de bebidas alcoólicas e em alta velocidade.  A polícia está investigando o caso. - meu tio termina.
- Ok. - isso é o máximo que consigo dizer. Não consigo acreditar. Algum sujeito babaca causou o acidente dos meus pais. Ódio e fúria percorrem o meu corpo estou transtornado. Além de o babaca entrar na contramão estava bêbado e tirou a vida dos meus pais. E a partir desse momento, tomo uma decisão. Eu vou atrás desse sujeito nem que seja a ultima coisa que eu faça. (...)

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