Afrodite e Apolo

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"O maior sonho de alguém que não sabe amar com certeza é o amor."

- William Shakespeare

Afrodite estava em seu templo, refletindo sobre as discussões daquela noite. É claro que os deuses estavam apavorados, ela mesma estava.

O amor era algo grandioso, mas também poderia ser completamente letal. Mesmo sendo casada com Hefesto, já teve seus momentos com Ares e teve filhos com ele.

Porém se sentir atraída por um mortal era algo completamente inusitado. E se lembrou do encontro que teve com Anquises, naquela época se divertia despertando paixões avassaladoras nos mortais, até que Zeus descobriu seu passatempo e a puniu, fazendo com que se apaixonasse.

Na visão do rei dos deuses, qual seria a melhor forma de humilhar a deusa do amor? Fazendo com que ela se apaixonasse por um simplório mortal.

Algumas versões contam que Anquises era um simples pastor de ovelhas, outras que era um rei de um território vizinho ao de Tróia, mas o que realmente importa era que ela tinha caído de amores por ele.

Eles se amaram e Afrodite o fez prometer que nunca contaria a ninguém que ele havia se deitado com a deusa, mas é claro que Anquises quebrou sua promessa e Zeus, achando que ele havia soltado uma blasfêmia sobre uma deusa, jogou um raio mortal em sua direção.

Em outras ocasiões Afrodite não perderia seu tempo, mas ela o amava e conseguiu desviar o raio e ao invés de mata-lo, acertou-o no pé. Seu amado Anquises ficou manco e foi aí que o encanto do amor se rompeu.

Desse relacionamento, veio Eneias, que ficou conhecido por sua bravura na guerra de Tróia e um dos filhos que Afrodite mais se orgulhava.

─ Mãe! ─ ela se virou para ver seu filho, Eros vindo em sua direção.

Eros, também conhecido como Cupido, era o responsável por soltar suas flechas do amor e foi a causa de Dafne repudiar com tanta firmeza o charme do deus Apolo.

Diferente do que muitos mortais pensavam, Eros não era uma criança com asas, ele assumia a forma de um adolescente magro de no máximo quinze anos com cabelos enrolados cor de mel e olhos azuis.

─ Como foi a reunião? ─ ele perguntou. ─ Estava ouvindo burburinhos que Zeus soltou uma grande bomba em cima de vocês.

Afrodite suspirou e começou a contar sobre a previsão que um deus se apaixonaria. Eros ouvia com grande interesse e quando chegou a parte em que o deus em questão iria querer abandonar a imortalidade, seus olhos brilharam, cheios de diversão.

─ Nem pense em influenciar isso! ─ Afrodite disse. ─ Nada de flechas.

─ Por que? Sabe que foi divertido ver Apolo correndo atrás de uma ninfa que preferiu virar uma árvore a ficar com ele.

Ela sabia que Eros ainda guardava um leve rancor de Apolo, por ter debochado de seu talento com o arco e flecha.

─ Estamos falando de um deus abandonar a imortalidade, Eros! ─ ela prosseguiu. ─ Pode ser eu!

─ Você não faria isso, mãe ─ Seu filho tentou tranquiliza-la. ─ Não tem com o que se preocupar.

Dito aquilo Eros deu um beijo em sua testa e se retirou. Afrodite realmente gostaria de acreditar naquilo, mas ao mesmo tempo pensava como seria bom sentir um amor diferente.

Um amor onde ela abriria mão de tudo e em sua visão aquela era a forma de amor mais verdadeira que poderia existir.

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