"Tarde demais o conheci, por fim; cedo demais, sem conhecê-lo, amei-o."
-William Shakespeare
Nenhum deus esperava que fosse tão fácil arrancar uma confissão, nem esperavam que o assunto se tornasse algo sério.
No fundo Afrodite achava que a paixão dele seria algo passageiro, assim como foi todas as outras no passado. Porém assim que se juntaram a Dionísio, ela pode ver que não se tratava de um caso de amor passageiro.
Ela fez uma anotação mental de perguntar a Eros se ele não decidiu se divertir com suas flechas e acabou gerando uma grande confusão, igual a história com Dafne.
─ Thena! Dite! ─ ele exclamou ao vê-las se aproximando.
Athena suspirou e sentou-se ao seu lado direito já que Dionísio ocupava o esquerdo e já começava a encher o que deveria ser a décima taça. Afrodite sentou-se na mesa de centro e segurou o braço do deus, impedindo-o de oferecer mais vinho.
─ Acho que já deu, Dio... ─ ela disse. ─ Ele já está muito bêbado.
─ Eu diria até que até demais ─ Athena comentou.
Ele apenas soltou um riso alto e deitou a cabeça no colo da deusa da sabedoria.
─ Não estou bêbado!
─ Você está! Caso o contrário não se aproximaria tanto de Athena ─ Afrodite disse.
─ Diga para ela que você gosta de mim, Thena! Só que não demonstra... ─ ele olhou para a mulher com os olhos suplicantes.
─ Claro que gosto, querido! ─ Athena disse e tocou de leve seu ombro. ─ Agora nos conte, a razão de você estar distraído no café.
Afrodite estranhou o tom de voz calmo da deusa da sabedoria e ela sabia que não tinha sido a única já que Dionísio franziu o cenho e ambos assistiram o deus se levantar e encarar Athena.
─ Ande Apolo... ─ Athena continuou. ─ Sabe que pode nos contar qualquer coisa.
Sim, o deus que andava estranho era ninguém menos que Apolo, o deus da música, do sol, o senhor das profecias. E por isso Afrodite temia que ele tivesse sido alvo de mais uma artimanha de Eros.
─ Fui a Olimpia há uns tempos... ─ ele começou.
Olimpia era nada menos que a cidade favorita de Zeus, fundada por um de seus descendentes. Todos sabiam que a cidade estava sobre a proteção do deus dos raios e que ele não aceitava que os deuses a visitassem sem antes comunica-lo.
─ O pai sabe? ─ Dionísio perguntou.
─ Claro que não, ele ia me barrar ─ Apolo respondeu. ─ Estava aguardando-o me autorizar a ir lá para ver como as coisas andavam, mas a minha vez nunca chegava!
Afrodite suspirou e tocou o joelho de Apolo. De tempos em tempos Zeus enviava algum deus para Olimpia afim de verificar como andava a evolução da cidade e progresso dos mortais.
Athena, Afrodite, Dionísio, assim como Deméter, Ártemis e Hefesto já tinham ido para a cidade fundada por Tobias Jones. Os únicos que não tinham ido desde a fundação eram Apolo, Hermes e Ares.
─ Conheci a mulher mais linda do mundo ─ ele disse em um tom sonhador. ─ Ela tem cabelos negros volumosos, a pele de tom de oliva que parece ser tão macia e o sorriso que parece brilhar mais que o sol.
Afrodite o observou com atenção, ele não parecia sobre o efeito de uma das flechas que induziam amor de Eros. Mesmo estando bêbado parecia completamente certo enquanto falava da tal mulher.
─ Ela brilha mais do que você? ─ Athena perguntou sorrindo e segurou sua mão.
─ Irônico não é, irmã? ─ Apolo perguntou e levou a mão de Athena aos lábios e beijou.
─ Qual o nome dela? ─ Afrodite perguntou, agora começando a se emocionar com o tom amoroso na fala do deus do sol, quando falava de sua atual paixão.
─ Diana ─ respondeu.
─ Confesso que estou curioso para conhece-la ─ Dionísio comentou. ─ Ela parece encantadora.
─ Por que não vamos conhece-la? ─ Afrodite perguntou se levantando. ─ A quanto tempo não vai lá, desde a primeira vez?
─ Semanas...
─ Então está decidido, vamos te ajudar a encontrar a sua Diana ─ Dionísio sorriu. ─ Conosco o pai nem vai sonhar em pensar que você está saindo do Olimpo escondido.
Apolo então olhou para Athena, acho que buscando a aprovação da mais sensata entre todos ali. Quando ela assentiu, ele pareceu se animar.
O que Afrodite não esperava encontrar em Olimpia, era um homem que tinha tudo para ganhar seu coração e aquilo a aterrorizaria dali para frente.
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Dionísio se considerava um gênio, mas nunca falaria para Athena, afinal ela era o gênio da família olimpiana. Sua ideia de levar Apolo com eles até Olimpia, foi simplesmente genial e Zeus não suspeitou de nada quando o deus do vinho se apresentou no dia seguinte informado que ele, Athena e Afrodite fariam uma visita à cidade.
─ Que bom que comentou sobre isso, Dionísio... ─ Zeus disse.
Ele estava sentado em seu trono e Dionísio ficou em pé a sua frente, com as mãos para trás em sinal de respeito perante o deus dos raios. Dionísio não era exatamente o filho favorito, mas pelo menos ele nunca deu tanta dor de cabeça para o pai como, Ares e Hermes davam.
─ Precisa que fiquemos de olho em alguma coisa, pai? ─ ele tentou soar calmo e tranquilo.
─ Não sei se já te contei sobre Dionísio Doherty?
─ Claro ele é um dos descendentes de Tobias, o fundador da cidade ─ o deus sorriu. ─ Já me falou sobre ele e eu já acompanhei seus passos, adorei a ideia de colocar meu nome como uma homenagem!
Zeus revirou os olhos, mas fazia parte de Dionísio aumentar seu ego, não precisava dizer que alguém falasse que era um deus incrível, afinal já sabia disso.
─ Dionísio anda fazendo muitas pesquisas e o ajudei no decorrer dos anos a encontrar muitos itens que nunca seriam achados, mas ele anda estranho e acho que quer algo mais ─ Zeus disse. ─ Quero que descubra o que ele busca.
Dionísio assentiu.
─ E para a sua sorte ele vai dar uma festa esse final de semana ─ Zeus continuou. ─ Creio que não seja nenhum problema para vocês entrarem mesmo não estando na lista de convidados.
─ Eu sou a alma das festas, pai ─ Dionísio disse. ─ Avisarei Athena e Afrodite e qualquer informação o comunicarei imediatamente.
─ Excelente... Está dispensado filho ─ Zeus o dispensou com um aceno.
Ele se segurou para não revirar seus olhos. Não importava se você era filho de Zeus, ele sempre te trataria como um ser inferior ou como seu serviçal.
Diferente dos demais deuses olimpianos, Zeus aparecia sobre a forma de um homem de cinquenta e poucos anos, um pouco mais velho que a forma de Dionísio.
Parecia que tinha tomado sol demais, os cabelos eram negros com vários fios grisalhos e os olhos eram azuis e carregavam certa frieza. Era assustador como olhar nos olhos de seu pai o fazia se lembrar de Athena.
─ Ótimo dia para o senhor, pai ─ ele disse antes de sair da sala principal do Olimpo. ─ Não atormente tanto os mortais com seus raios e trovões!
Tratou de fechar a porta antes de ouvir algum sermão ou que o rei dos deuses o transformasse em um rato.
Dionísio sorriu, era hora de prepararem sua ida a Olimpia e ele tinha que pensar como se apresentaria para mortais de vinte e poucos anos e que roupa usaria para chamar a atenção.
Ele era conhecido como o deus do vinho e das festas por uma razão e precisava estar à altura de seu título.
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A Foice de Cronos
FantasyCom a evolução tomando conta do mundo, os mitos antigos foram perdendo força... Os humanos estavam começando a parar de acreditar nos deuses gregos, mas o problema real foi quando as Parcas previram que um deus se apaixonaria por uma mortal, a ponto...