PS. eu te Amo - Harmony

Ondas do mar

Estou afundando e desta vez

Receio que não haja ninguém para me salvar

Esse tudo ou nada realmente

Tem um jeito de me deixar louco

Pensamentos dele...

Estava surpreso demais para demonstrar qualquer tipo de reação, há não ser ficar parado na porta, feito uma estátua com a boca entreaberta encarando-a atônito, jamais imaginou que Hermione viria atrás dele tão tarde da noite, sequer acreditava que ela viria atrás dele alguma vez na vida, pensou que seria ele a dar o primeiro passo como sempre fazia, mas desta vez foi diferente, ali estava ela parada em sua frente, apertando as mãos nervosamente, parecendo estar absurdamente linda para ele, com seus fartos e volumosos cabelos castanhos caídos sobre as costas em uma cascata de cachos, e vestida casualmente com uma calça jeans e uma blusinha de mangas compridas cinza, rota e meio gasta que ele lembrava ter lhe dado de presente de aniversário anos atrás, cumprimentou-a formalmente, quando na verdade lutava com o impulso de tomá-la em seus braços, ofereceu uma bebida, esperando honestamente que ela aceitasse, para que ele tivesse tempo de vestir algo mais apropriado, ela havia  chegado assim tão de repente pegando-o desprevenido, estava no banho quando ouviu as batidas na porta e sequer tivera tempo de se trocar, apenas se enrola-ra de qualquer jeito em uma toalha, correu então  para o quarto vestindo uma roupa mais apresentável e por fim retornou para a sala com duas taças de vinho na mão desejando ter algo bem mais forte para beber. A conversa que teriam pela frente certamente não seria igual à noite romântica ao qual ele internamente fantasiava.

Entregou-lhe a bebida e rezou aos deuses para que ela fosse direta ao assunto, ao invés disso Hermione estava falando sobre a decoração de sua casa o que o irritou profundamente, fazendo-o ser grosseiro com ela, se arrependeu no mesmo instante é claro, mas era orgulhoso e não cederia tão facilmente desta vez.

Ela estava ali por alguma razão,  parecia ansiosa como se lutasse com suas próprias palavras e por fim numa frase desconexa soltou que sentia sua falta, aquilo o desmoronou, a armadura de gelo que o envolvia pouco a pouco se quebrando, e assim como um castelo de areia que vai se desmanchando ao encontro com as ondas do mar ele ia se desfazendo, ela o destrói e tudo que ele mais quer é estar envolvido a ela, misturando-se a sua dor curando suas feridas.

Abraçou-a tão fortemente como se tentasse sugar seu sofrimento para si, ela chorava e ele delicadamente enxugava seus olhos se perguntando como ela conseguia ser tão fofa e atraente assim mesmo chorando, sentiu um impulso súbito em beijá-la, mas se conteve, era suficientemente covarde para isso, houve um tempo em que lutaria facilmente com trasgos, dragões e bruxos das trevas mais quando o assunto se tratava de amor tudo que conseguia fazer era fugir, ela parecia desconcertada  como se também tivesse notado a tensão da corrente elétrica que percorria seus corpos, eles apenas se olhavam não sabia ao certo por quanto tempo, poderiam ter sido segundos, meses ou até mesmo anos e ele jamais saberia dizer, era tão fácil se perder na imensidão naquele olhar.

Hermione então quebrou o clima estranho que se instalara entre eles unindo suas mãos ás dele, como quem dizia estou aqui somos apenas você e eu lembra apenas dois velhos amigos, juntos sentaram-se no para peito da janela, admiravam a noite de luar sobre o céu estrelado enquanto ela lhe colocava a par  sobre os acontecimentos de sua vida, sobre como os últimos meses têm sido horríveis, de como as cartas de Rony havia acendido uma chama de esperança em seu peito e do quanto estava feliz por estar ali ao seu lado, e Harry a ouvia como se nunca no mundo houvesse escutado algo mais belo, sentindo-se o homem mais sortudo por ser seu amigo e confidente, por ela ser tão íntima dele a ponto de segredar-lhe seus mais íntimos e infames sentimentos, seus medos, suas angústias e finalmente percebeu que era inútil lutar com o que sentia quando já estava mergulhado naquele amor, afundava-se tão profundamente que já era impossível submergir e a única solução plausível era se deixar afogar, esperando pela calmaria, mesmo sabendo que ela jamais viria.

Porque  Hermione assim como as ondas do mar vinha o bagunçava por completo, tirava-o do eixo e depois simplesmente partia, deixando para trás os vestígios de sua passagem, e quanto a ele tudo o que queria era estar nela, fazer parte dela, mesmo sabendo que merecia bem mais do que aquilo que ela podia lhe oferecer, não conseguia fugir dos resquícios daquele amor, e se não podia ter o tudo então que dane-se, contentava-se com as migalhas que ela tinha para lhe dar  porque era melhor tela por alguns instantes do que nunca a ter, e estava disposto a isso mesmo sabendo que no percurso final daquele caminho significasse destruí-lo. 

E se aquele era o seu destino, ser para sempre considerado apenas como o melhor amigo, ele o abraçaria e aceitaria, como um velho companheiro de viagem inconveniente e incômodo, mas que já se acostumou tanto com sua presença e de que agora era impossível mandar embora, era assim que se sentia em relação a Hermione, ela havia alugado um lugar especial em seu coração fazendo moradia em seu peito, e mesmo que quisesse vê-la partir jamais conseguiria fazer, pois se acostumou de mais com sua presença, beijou o topo da cabeça dela sentindo a fragrância de seus cabelos, rindo bobamente estava mais feliz do que nunca ao tê-la ao seu lado, nos últimos meses tinha se sentido tão solitário sem sua presença que nada mais parecia  fazer sentido, era como se estivesse no piloto automático, acordava, cuidava de Ted, ia ao trabalho, voltava se trancava em seu quarto e ficava observando-a pelas chamas da lareira, era patético sabia disso, mais só conseguia aquietar seu coração quando tinha a plena certeza de que ela estava bem e em segura, mais nunca ficava cem por cento satisfeito até colocá-la na cama e ficar ao seu lado velando seu sono intranquilo, vendo vez ou outra ela chamar por seu nome.