Conversa franca

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Eu escorrego e me
pergunto quem eu seria
se eu nunca te encontrasse
e você nunca me encontrasse
bem, eu não quero 
nem imaginar
então, você não vai me dar 
esta noite e o resto da sua vida?
Eu quero ter tudo isso com você


Já era quase meia noite quando a sentiu entrando debaixo de suas cobertas. Abraçou-a fortemente inalando o cheiro de lavanda de seus cabelos. Aquela era sua dose diária dela, não o bastante para matá-lo, o suficiente apenas  para mantê-lo vivo, soltou-a desejando jamais o fazer, mas sabia que se não se afastasse naquele momento estaria perdido, estava cada vez mais difícil encontrar motivos para  dizer a si mesmo para não beijá-la, se perguntava se estava se tornando algum tipo de masoquista, necessitava da dor de estar com ela quase como necessitava de oxigênio para respirar. As vezes quando olhava em seus olhos por alguns segundos podia jurar que se passava o mesmo com ela, que ela também correspondia seus sentimentos mais assim como ele, se sentia amedrontada demais para dar um passo adiante. Estavam jogando um jogo perigoso, e nenhum deles estava disposto a perder.

 Desde que descobriu que conseguia dormir melhor estando a seu lado ela vinha quase que todas as noites, invadia seu quarto deitando-se a seu lado até que pudesse finalmente pegar no sono, a primeira vez que ela tinha feito isso foi um choque, tinha acabado de chegar do ministério depois de um dia inteiro de trabalho quando monstro informou que ela esperava por ele em seu quarto, subiu as escadas correndo com o coração na boca imaginando que algo pudesse ter acontecido, quando a viu deitada em sua cama dormindo com seu caderno de  anotações nas mãos, foi até ela tocando de leve sua testa certificando-se que não estava com febre, quando ela abriu os olhos ainda sonolenta dizendo se podia ficar ali aquela noite, ele estava prestes a ir se deitar com ted no quarto ao lado, quando ela lhe disse que ficasse. Tentou argumentar questionando se ela estava novamente embriagada, mais ela apenas riu, abrindo espaço para que ele deitasse a seu lado, e desde então tem sido assim, até mesmo quando chegava em casa de madrugada depois de mais um de seus encontros, lá estava ela esperando por ele, nunca fazia nenhum comentário, apenas se deitava de costas virada para ele, rejeitando seu abraço, mirando a parede escura em absoluto silêncio enquanto algumas lágrimas insistiam em cair de seus olhos, por outro lado ele afagava seu cabelo, sabendo que de alguma forma a magoou se odiando por isso, principalmente quando acordava pela manhã e olhava para os lados e tinha apenas a cama vazia como companhia, e que certamente ela não viria aquela noite porque estava chateada demais para tê-lo a seu lado, mais eles nunca falavam sobre isso, era como se tivessem um acordo silencioso entre eles, talvez se transformassem em palavras tudo aquilo que estava passando em seus corações poderiam acabar machucando um ao outro e arruinar a amizade sólida que construíram.

Harry adoraria poder dizer a ela que estava cansado de procurar em outras mulheres aquilo que somente ela seria capaz de lhe dar, mais todas as vezes que se lembrava daquela noite de seu aniversário uma brasa parecia queimá lo por dentro e tudo que conseguia fazer èra fugir, fugir dos desejos quase selvagens que o corroía por dentro, se lembrava de um momento particularmente embaraçoso quando estavam dormindo de conchinha e ele simplesmente não conseguiu controlar seus instintos acordando excitado, foi bastante constrangedor se ver naquela situação, ela própria ficará vermelha e constrangida fechando os olhos enquanto ele corria para o banheiro, talvez tivesse sido menos humilhante se aquela tivesse sido a única vez, mais não foi e ele estava começando achar difícil dormir com ela tão próxima a ele, pois se sentia um verdadeiro pervertido, não que tivesse tentado alguma vez  tirar proveito dela, jamais faria isso mas precisava ser honesto .

Tinham de colocar um ponto final naquela situação, pois estava ficando insustentável, já tinha percebido que fugir não era o melhor caminho e que talvez chegará o momento deles enfrentarem os fatos, primeiro estava apaixonado por ela, segundo achava que ela sentia o mesmo por ele, terceiro precisavam de coragem para assumir o que sentiam um pelo outro, parecia muito simples na teoria, mas na prática era outros quinhentos.

–Você teve outro pesadelo?

–Na verdade não, só não estava conseguindo dormir, como foi seu encontro.

–Eu não fui, apenas tomei alguma coisa com Malfoy e voltei para casa esperando por você. 

–Certo, ela pareceu satisfeita.

–Hermione, se não fosse pelo o Rony, você acha que teria a possibilidade de termos ficado juntos? 

–Ela ficou em silêncio por um longo tempo, formulando a resposta de sua pergunta em sua mente, mas quando respondeu foi bastante vaga, –acho que não.

Aquilo o magoou, mesmo sabendo que era a coisa mais lógica que ela tinha a dizer.

–Você nunca reparou em mim antes, disse ela completando sua linha de raciocínio.

–É o que pensa?

–Não, é a verdade, diferente de Rony, nunca deu indícios que pudesse me enxergar além de uma amiga, então não acho que poderíamos ficar juntos.

Foi a vez dele ficar em silêncio, ela tinha razão nunca tinha reparado nela antes até o momento em que eventualmente ficaram sozinhos na sua caçada pelas horcruxes, e se deu conta do quão incrível era ela, não que não achasse antes, mais poucas pessoas estariam disposta a fazer o que ela fez por ele, e se deu conta de que era a mulher que queria ter a seu lado, foi um processo lento e doloroso aceitar e compreender o que sentia, por que era muito fácil confundir as coisas quando se está emocionalmente fragilizado, mais então anos haviam se passado e ele continuava a se sentir exatamente como se sentiu quando estavam juntos na floresta do dean. 

–Talvez estivesse cego antes. 

–Isso não faz muita diferença agora não é?

–Porque não?

–Porque as coisas aconteceram como tinha de acontecer, e não vale a pena se questionar sobre o que poderia ter acontecido.

–Então você sempre soube que gostava de Rony?

–Crescemos juntos, estávamos constantemente brigando, não era algo que pudesse saber desde o início, mas conforme fui amadurecendo foi ficando evidente para mim sobre o que sentia, e acho que para ele também.

–Ele foi seu primeiro amor?

–Você foi meu primeiro amor Harry. 

–Está falando sério? ele pareceu surpreso.

–Não era bem amor assim podemos dizer era mais como uma paixonite, mas como disse você nunca me notou não é.

–Eu sinto muito por isso.

–Tá tudo bem Harry, isso foi a muito tempo, não é como se me sentisse assim agora, não tenho mais treze anos de idade, não sou mais a mesma pessoa que era antes e você também não é.

–Eu gostaria de poder voltar no tempo.

–E que bem isso faria? Será que se não tivéssemos vivido tudo que passamos juntos ainda estaríamos aqui? Não podemos mudar o que passou.

–Tem razão, mas acho que existe a possibilidade de um futuro não é?

–Honestamente não sei, teremos de descobrir isso juntos.

–Para mim tudo bem.

–Devemos tentar dormir um pouco, ela fechou seus olhos ficando em silêncio.

–Eu também não tenho mais treze anos Hermione, mesmo que seja tarde demais só quero dizer que agora eu a enxergo, mas ele não obteve nenhuma resposta dela talvez já estivesse dormindo ou apenas não se importava mais.

PS. eu te Amo - HarmonyOnde histórias criam vida. Descubra agora