𝐜𝐚𝐩 𝟒

6.4K 584 389
                                    

Narradora.

Lua passou pelos corredores da escola pisando pesado, tinha lágrimas em seus olhos mas não eram de tristeza e sim de pura raiva, ela saiu da escola e atravessou a rua, sentou em um ponto de ônibus que havia ali e por incrível que pareça, não havia ninguém esperando o veículo.

Ela discou o número de seu pai em seu celular, o único objeto que ela lembrou de pegar antes de sair da escola, suas mãos tremiam e ela enxergava embaçado por conta das lágrimas, quando finalmente conseguiu ligar caiu na caixa postal, era óbvio que cairia seu pai não estava mais ali para atender as ligações da garota sempre que algo dava errado na vida dela.

Mas ela não pareceu se importar, até porque deixar recados para alguém que nunca os ouviria era algo frequente na vida dela agora.

lu- Oi pai, como estão as coisas aí?

As lágrimas que antes eram de raiva, se tornaram lágrimas de tristeza.

lu- Eu estou com saudades, está sendo difícil morar com a Helena, eu sei que você disse para eu perdoar ela mas eu não consigo.. - qualquer pessoa que passasse ali e olhasse aquela cena podia sentir a dor de Lua - Eu sinto tanto a sua falta, você nem tem noção.

A garota olhou para a estrada e viu o ônibus que ela pegaria se aproximar do ponto, ela suspirou e tentou limpar suas lágrimas, mas não adiantaria muito, seu rosto estava vermelho e inchado qualquer um a quilômetros podia perceber que ela chorou.

lu- Eu tenho que ir pai, se cuida eu te amo.. - ela disse encerrando aquela ligação.

Quando o ônibus parou no ponto ela subiu, tirou dinheiro de sua capinha para pagar a passagem e passou pela roleta, ela agradeceu mentalmente pelo ônibus não estar lotado, ela tinha medo de andar em veículos públicos sozinha, Lua se sentou em uma das cadeiras e encostou sua cabeça na janela, deixando que aquele ônibus a levasse a qualquer lugar. 

Lua não era uma garota tão forte e corajosa como aparentava ser, na verdade ela era frágil.
Ela evitava fazer novas amizades porque tinha medo de ser deixada, mas era ela quem sempre os deixava primeiro. 

Ela não confiava nem nela mesma e não criava expectativas para não quebrar a cara, a única pessoa em quem ela confiava estava morta.

Ela ainda não tinha ido visitar o pai dela no cemitério, nem mesmo no dia de seu enterro ela foi, ela não aceitava aquilo, não aceitava que aquela fosse a última vez que ela o veria.

Lua viu um parque mais a frente pela janela, agradeceu o motorista e desceu do ônibus, ela se arrependeu de não ter trocado a roupa do treino ou ao menos ter pegado seu casaco antes de sair do colégio quando sentiu uma brisa de vento fria que fez os pelos de seu corpo se arrepiarem.

A garota apenas cruzou os braços tentando se esquentar e andou em direção ao parque, havia crianças brincando por toda parte, pessoas passeando com seus cachorros, casais apenas andando de mãos dadas.

Lua se aproximou de um balanço, sentou no mesmo e ficou observando uma família que estava fazendo um piquenique, ela desejou estar na pele da criança que parecia ser muito amada pelos pais, ela foi tirada de seus pensamentos por um garotinho que aparentava ter uns sete anos de idade.

- Se você não vai se balançar libera o balanço né!

Ela olhou para o garoto com uma das sobrancelhas arqueadas, que moleque abusado, ela pensou.

lu- Sua mãe não te ensinou a não falar com estranhos?

- Ensinou. Qual seu nome?

O garoto indagou anulando oque Lua havia acabado de dizer.

lu- Lua e o seu?

Lua não se importaria de conversar com aquela criança, na verdade ela adorava crianças, adorava como elas eram puras e incapazes de machucar alguém.

- Eu me chamo Daelo! - ele estendeu a mão e ela a pegou cumprimentando o garoto cujo nome era Daelo - Minha irmã tem um uniforme igual o seu.

lu- Que coincidência não? - ela disse olhando para sua própria roupa - Qual o nome da sua irmã?

dae- Te conto se você liberar o balanço.

lu- Que pirralho esperto, gostei de você - Lua sorriu e se levantou do balanço.

Não porque ela estava interessada em saber o nome da garota que jogava vôlei em sua escola, mas sim porque provavelmente ele só estava falando com ela porque queria se balançar.

Daelo não perdeu tempo e sentou no balanço pedindo que Lua o ajudasse a se balançar, e assim ela fez, balançou o garoto com cuidado pra não derrubar ele de lá.

dae- O nome da minha irmã é Jayla. - o garotinho disse enquanto se divertia no balanço.

lu- Jayla Walton?

dae- Essa mesmo! Como você sabe, vocês são amigas?

Lua riu e negou com a cabeça, mesmo que o garoto não visse já que o mesmo estava de costas pra ela.

lu- Nem de longe, mas eu conheço ela de vista, me fala um pouco sobre ela.

dae- O que você quer saber?

lu- Qualquer coisa anão de jardim. - Daelo fez uma careta com o apelido, mas deixou pra lá.

dae- Ela tem dezessete anos, luta boxe, joga vôlei como você já sabe, é atriz, sabe cantar, sabe dançar, bom ela tem muitos talentos não dá pra dizer todos.

lu- Isso é bajulação ou ela realmente faz tudo isso?

dae- Ela faz mesmo, a é esqueci da parte mais importante ela namora meninas!

lu- Porque isso seria relevante?

Daelo parou de se balançar por um momento e virou de frente pra Lua

dae- Não tá afim dela? - Lua negou se segurando para não rir do vocabulário do garotinho - Então porque tá fazendo tantas perguntas sobre ela?

















notɑs:🪅𖥻 ˑ Iae gente, como vocês estão? espero que tenham tido uma boa leitura, até mais! 💕
(votem e comentem pra ajudar a fic, bjs!)

𝙩𝙝𝙚 𝙥𝙧𝙤𝙗𝙡𝙚𝙢 𝙜𝙞𝙧𝙡 | 𝘑𝘢𝘺𝘭𝘢 𝘞𝘢𝘭𝘵𝘰𝘯 Onde histórias criam vida. Descubra agora