Epílogo - Para Sempre

376 42 19
                                    


Já fazia pouco mais de 1 ano desde que Vik havia deixado National City e voltado para a Alemanha. Logo após deixar seu pod aos cuidados do DEO, Vik voltou para a agência de notícias onde trabalhou durante alguns anos, recebendo vários elogios por seu novo estilo de escrita e técnicas de reportagem. Heranças de Kara. Algumas vezes teve até que reportar suas próprias façanhas enquanto vestida como Ônix. Nunca deixava de achar graça no fato de ter que falar de si mesma na terceira pessoa.

Foi um ano de muito trabalho mental para Vik. Enfiou-se em seus trabalhos para tentar não pensar em Lena, não de uma forma que a deixasse triste por não ter podido viver o que sentia. E funcionou bem, pois com a cabeça ocupada não tinha tempo para pensamentos que iam tão longe. O tempo tratou de amenizar o sentimento de tristeza, e hoje já conseguia lembrar dela sem sofrer. Tinha também finalmente conseguido se perdoar. Lena tornou-se apenas a lembrança doce de um amor puro e inocente, que Vik guardaria para sempre em seu coração.

Em relação à fazenda de seu pai, resolveu mantê-la e cuidar dela. Seu pai amava tanto aquele lugar, dedicou toda a sua vida àqueles campos, àquela casa. Foi ali que ela foi criada na Terra, onde recebeu todo o amor daquele amável senhor que a recebera quando de sua chegada ao planeta. Ali ela aprendeu sobre si, aprendeu sobre amor, respeito. E por toda essa carga emocional, decidiu que não iria se desfazer da fazenda. Comprou novos gados, contratou um administrador que cuidaria dos negócios, já que ela não conseguiria ter seu emprego, trabalhar como Ônix e cuidar da fazenda ao mesmo tempo. Neste ponto foi fundamental ter levado o pod dali. Ela ficaria longos períodos fora da fazenda, o que aconteceria se alguém encontrasse uma nave alienígena escondida no porão?

Era uma primavera de temperaturas agradáveis, e Vik gostava de aproveitar a varanda pela manhã, acompanhada de sua xícara de café fumegante. Era quase como uma terapia matinal, uma meditação. Sentada na cadeira na varanda, observava borboletas que voavam entre as flores do jardim, ouvia o leve zumbido das abelhas, os pássaros que sobrevoavam os campos verdes da fazenda. O ar tinha um cheiro diferente, cheiro de mato, de orvalho, do frescor da manhã.

Em seu momento de contemplação, ouviu um carro que se aproximava pela estrada de terra. Era um carro dos correios. Observou tranquilamente o homem que descia com alguns envelopes e acenava um bom dia a Vik enquanto colocava a correspondência na caixinha à porta da casa. O homem entrou novamente no carro, fez a curva na estrada e foi embora, deixando cada vez mais distante aquele barulho dos pneus no cascalho.

Quando tudo se silenciou novamente, Vik se dirigiu até a caixa de correios. Foi passando os envelopes e papéis um a um. Uma conta de luz, uma propaganda de uma empresa de móveis planejados, sua fatura de cartão de crédito... e um envelope bem ornado, de papel elegante e letras requintadas no verso. "À srta. Viktoria Schneider".

Todas as outras coisas poderiam esperar, aquele envelope atraiu a atenção de Vik. Abriu o envelope e puxou o papel ainda mais elegante de dentro. Sorriu abertamente com os dizeres em letras requintadas, em um tom de prata escura: "Lena Luthor & Kara Danvers convidam para o seu casamento, a realizar-se no dia..."

Vik trouxe o convite para junto do peito, sorrindo com os olhos fechados. Seu coração estava leve, sabia que tinha feito a coisa certa afinal.

(...)

3 MESES ANTES

Kara estava sentada no chão, em frente à sua mesinha de centro na sala. Seu laptop aberto à sua frente, vários papéis espalhados pela mesinha. Olhava concentrada para a tela, buscando algo na internet que pudesse enriquecer o artigo que estava escrevendo. Tinha um lápis em sua mão, que usava eventualmente para marcar algo em um dos papéis, e que agora tinha sua pequena borracha entre os dentes de Kara.

Você e Ninguém MaisOnde histórias criam vida. Descubra agora