Me chamo Felipe, tenho 18 anos, 1.75 de altura, cabelos cacheados castanhos escuros, os meus olhos também são castanhos, sou branco, magro e gay, assumido para a minha família e para os meus amigos, desde os 16 anos, e estou no último ano do ensino médio. sou tão comum que chega ser sem graça. Infelizmente as férias do meio do ano acabaram. Mal chego na escola e já avisto os meus amigos, sou tímido e por causa desse fato, não sou rodeado de amigos, mas tenho meu grupo seleto de nerds deslocados do fundão da sala. Meu grupo tem um total de 3 integrantes: Eu, Brenda e Tom. Nos andamos juntos desde a 6° série. Brenda vem correndo na minha direção puxando Tom pelo braço e já logo me abraça tão forte que quase me derruba.
– EU TAVA DE VOCE MORRENDO DE SAUDADE DE VOCÊ! – Brenda diz.
– Eu também estava com saudade de você Brenda – respondo meio sufocado pelo abraço dela.
– Oi Fe – Tom diz.
– Oi Tom – logo já o abraço também.
– Então, quais são as últimas fofocas? – questiono Brenda enquanto vamos caminhando pra sala.
Apesar de Brenda ser do nosso grupo, ela é respeitada por todos da escola, por causa disso não sofremos bullying e acabamos sabendo todas as fofocas que circulam a escola através dela.
– Fiquei sabendo que vai chegar um menino novo, ele tem 18 anos, se chama Yuri e veio de São Paulo – começa Brenda – não sei porque ele veio parar nesse fim de mundo, ainda mais no meio do ano, as meninas estavam tentando descobrir se ele era solteiro, disseram que é muito bonito, talvez faça seu tipo Fe.
– Com certeza é hétero e vai andar com os populares da sala – dou de ombros e sento no meu lugar, logo atrás de Brenda – pelo menos teremos gente nova esse ano, já cansei da cara de todo mundo dessa sala.
– Talvez seja mesmo, mas só conhecendo pra saber.
Assim que Brenda termina de fechar a boca Yuri entra na sala e MEU DEUS que menino gato, cabelos castanhos um pouco grande e meio bagunçado, pele branca, corpo definido de academia, mas não tanto, com 1.80 de altura e olhos castanho. Com certeza é um dos meninos mais lindos da escola. Eu me distraio tanto com a beleza de Yuri que mal consigo ouvir Brenda falando comigo
– Felipe o que foi – seguro nos ombros de Brenda e a viro – MEU DEUS QUE GATO – Brenda berra assim que vira de frente – Felipe ele está vindo pra cá, REAGE ELE ESTÁ VINDO PRA CÁ!
Mesmo com Brenda berrando e me balançando, eu continuo em transe, completamente rendido a esse homem enquanto ele vem caminhando na minha direção e para na minha frente. MEU DEUS POR QUE ELE TÁ PARADO OLHANDO PRA MIM?????????
– Esse lugar tá vago? – Ele diz com a voz mais gostosa do mundo, meio grossa, mas ao mesmo tempo aveludada e simpática.
– Oi? – mal consigo ouvir o que Yuri está me perguntando, continuo hipnotizado pela sua beleza.
– Perguntei se esse lugar tá vago – Yuri repete a pergunta, mas dessa vez com um leve sorriso no rosto.
– Está sim, pode sentar, alias prazer, me chamo Tom, não pera, me chamo Felipe, esse é o Tom e essa é a Brenda, agora está certo – dou um riso sem graça e sinto meu rosto ficar vermelho.
– Prazer gente, sou Yuri – ele responde apertando a mão de todos.
Assim que Yuri senta, Brenda volta a virar para trás e logo lança um olhar desconfiado.
– O que foi? – pergunto já sabendo o que ela iria questionar.
– Só vim dizer pra você limpar essa baba que tá escorrendo da sua boca – ela começa a rir – Eu disse que ele poderia ser seu tipo. Já está interessado no novato?
– Ele é exatamente o meu tipo, mas não estou interessado, só achei ele bonito e outra, ninguém me garante que ele goste de garotos.
– Hum tá bom, vou fingir que eu acredito. Sobre esse lance da sexualidade a gente só vai descobrir se perguntar. Mas sério Fe, se estiver interessado nele me fala, você sabe que eu amo fofocar sobre garotos contigo.
–Tá bom amiga, eu juro, se eu estiver interessado nele, eu te falo.
– Jura de dedinho?
– Juro de dedinho – cruzamos nossos dedinhos em forma de juramento e encerramos o assunto.
Brenda vira pra frente assim que o professor da primeira aula chega. Fico tão aéreo com a presença de Yuri que mal consigo prestar atenção no que os professores estão falando. Já estamos na terceira aula e eu continuo distraído, a única coisa que eu consigo ouvir é a professora de biologia falando sobre um trabalho. Oi? Trabalho? Em dupla?
– Fe, vamos fazer juntos? – Brenda pergunta.
– Vou perguntar se o Yuri quer fazer comigo, daí você faz com o Tom. Ninguém fica sozinho.
– Tudo bem, vai lá com o seu namorado novo – Brenda debocha da situação e da risada.
– Você é boba – falo revirando os olhos e sinto que o meu rosto está corado.
– Felipe – Yuri me chama.
– Oi – respondo quase que instantaneamente.
– Quer fazer dupla comigo?
– Pode ser – respondo seco, mas pulando de alegria por dentro.
Ouço o sino do intervalo, três aulas já foram e eu nem percebi. Agora é hora de irmos para a nossa mesa de sempre e ficar jogando conversa fora, com certeza a pauta de hoje será sobre o Yuri. Eu, Brenda e Tom já estávamos na porta da sala quando vejo Yuri ficando sozinho ainda sentado no lugar dele.
– Yuri! – grito o nome dele e ele logo levanta a cabeça – Quer passar o intervalo com a gente?
Yuri logo se levanta e vem andando na nossa direção com um sorriso no rosto e meu Deus, que sorriso lindo. Nós quatro saímos da sala e vamos andando até o pátio. Enquanto estamos andando pelo corredor, os populares da escola ficam nos encarando, andar com Yuri pelo corredor faz despertar olhares curiosos e cochichos sutis.
– As pessoas devem estar tentando entender porque você está andando com a gente. – Comento com ele.
– Mas por que? Eu não deveria andar com vocês? – Questiona Yuri.
– Claro que pode andar com a gente, mas não somos bonitos nem populares, somos os esquisitos nerds da escola, como já deve ter reparado. Pensávamos que ia querer andar com a galera legal e popular.
Assim que eu termino de falar, reparo que Yuri fica calado apenas olhando para baixo enquanto continuamos caminhando.
– Disse alguma coisa que você não gostou? – Pergunto meio nervoso.
– Por que eu andaria com a galera popular? Pensei que você não julgava as pessoas sem conhecer. – Começa Yuri. – Eu quis andar com vocês porque são legais, foram gentis comigo e outra coisa – Yuri para de andar e fica olhando pra mim – eu te acho bonito, mesmo tu dizendo o contrário.
Ele se vira de costas e volta pra sala. Eu fico lá no meio do corredor, parado feito uma estátua e vermelho igual um pimentão, não consigo esboçar nenhuma reação, muito menos ir atrás dele, só consigo ficar ali imóvel digerindo o elogio dele, mas ao mesmo tempo me sentindo mal por tê-lo julgado. o menino mais lindo da escola acabou de falar que eu sou bonito.
Termino de digerir as palavras dele e vou em busca dos meus amigos. Não consigo entender porque esse simples elogio mexeu tanto comigo, eu acabei de conhecer ele, tudo que eu sinto por ele é tesão, ninguém se apaixona por alguém tão rápido, ou se apaixona?
– Onde você estava? Cadê o Yuri? – Brenda me questiona assim que eu chego na mesa.
– Ele disse que me acha bonito. – Falo já sentando na cadeira.
– Ele quem? O Yuri? – Aceno com a cabeça em confirmação. – Meu Deus e como foi isso?? Conta tudo agora, odeio as coisas pela metade.
Conto tudo que rolou para Brenda e Tom. Brenda faz caras e bocas de surpresa soltando vários “NÃO” “MENTIRA” “JURA”, ela é bem expressiva. Termino a curtíssima história e Brenda já começa com as suas perguntas sutis.
– Mas e agora, o que você vai fazer? Você gosta dele? Com certeza gosta, tá na cara.
– Brenda eu não sei, a gente conheceu o menino hoje. – Falo deitando minha cabeça na mesa. – Não sei o que sinto por ele, talvez seja só tesão por ele ser muito bonito, ou eu só tô muito emocionado com um simples elogio, é tudo muito recente, não posso estar apaixonado por alguém que eu nem conheço direito e trocou só algumas palavras comigo.
– Mas e o trabalho, ainda vão fazer juntos?
– Acho que sim, por que não? – Falo meio desanimado.
– Não sei. Ele está vindo pra cá Fe. – Diz Brenda me cutucando.
Assim que eu levanto a minha cabeça ele está parado na minha frente.
– Felipe, posso falar com você? – Yuri diz.
– Pode sim. – Dou uma olhada para Tom e Brenda e faço um gesto com a cabeça pedindo pra eles saírem.
– Tom, vamos ali comigo dar uma volta? – Brenda já levanta chamando Tom.
Brenda e Tom já estão no meio do pátio quando Yuri se senta. Eu estou mais nervoso do que nunca e ansioso, mil coisas estão passando pela minha cabeça nesse momento. Estamos calados, um olhando para o outro, até que eu falo.
– O que gostaria de falar comigo? – Digo tentando quebrar o climão.
– Desulpa pelo lance que eu disse sobre julgamentos no corredor. – Yuri começa. – E também foi um pouco rude da minha parte sair do nada, desculpa mesmo.
– Fica tranquilo Yuri, eu que te devo desculpas. Te julguei sem nem te conhecer, foi mal mesmo.
– Tá, de boa. Então estamos bem? – Faço que sim com a cabeça. – Amigos de novo? – Yuri estende a mão pra mim com um leve sorriso.
– Amigos! – Aperto a mão dele em sinal de confirmação.
– Vou ir ali falar com um pessoal, na sala precisamos falar sobre onde vamos fazer o trabalho de biologia, não esquece. – Ele levanta e sai.
E mais uma vez eu estou aqui imóvel por causa do Yuri. Que conversa foi essa? Penso comigo mesmo, ele pediu pra eu esquecer tudo que rolou no corredor, devo esquecer o elogio dele? Ele nem tocou nesse ponto durante o nosso papo, porque será que ele disse aquilo? Me levanto e me encaminho pra sala, no caminho encontro Brenda e Tom.
– E aí, o que rolou? – Brenda pergunta.
– Nada, pedimos desculpas um para o outro e fim, estamos bem, amigos de novo.
– Se vocês estão bem, porque você está tão pra baixo? – Brenda fala isso colocando o braço em volta do meu ombro.
– Não sei, ele mexe com os meus sentimentos, não entendo o porque. Ele disse para eu esquecer tudo o que ele falou no corredor, será que o elogio dele foi da boca pra fora? – Volto meu rosto pra Brenda e sinto meus olhos enchendo d´água.
– Ai amigo, não fica assim, vem cá me abraça.
Brenda me da um abraço enxuga as minhas lagrimas, logo entramos na sala e sentamos. Yuri chega na sala e já vejo que ele está acompanhado de Melissa. Melissa, como eu poderia descrevê-la? Ela é simplesmente a menina mais popular da escola, líder de torcida, loira, alta e bonita.
Pelo jeito ele começou a se jogar nos braços dos populares. Ele foi esperto, não foi atrás de qualquer um, quis logo conquistar a abelha rainha. Não estávamos tão errados sobre ele, era só uma questão de tempo ate o meu palpite estar certo e nossa, que tempo curto.
Melissa dá um beijo na bochecha dele e vai sentar com o seu bando e ele vem para o lado dos fracassados. Não sei se estou afim de falar com ele, sei que parece bobeira, ele nem me fez nada, não disse que me amava ou coisa parecida. Nossa como eu sou idiota.
– Felipe – Yuri se senta no seu lugar já falando comigo. – Vamos fazer o trabalho de biologia na minha casa ou na sua?
– Pode ser na minha. Três horas. – Falo bem seco e sem olhar na cara dele.
– Tá bom. Ele diz.
Deito minha cabeça na mesa e fico em silêncio pelo resto das aulas, não sei porque estou mal, eu só estou e me sinto tão idiota, eu acabei de conhecer o menino, e fiquei tão emocionado com um simples elogio. Esse moleque conseguiu mexer comigo com um simples “te acho bonito”, sério como eu sou idiota.
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O aluno novo
RomanceFelipe, é um jovem de 18 anos que leva uma vida monótona e sem muitas emoções em uma pequena cidade. Com o fim das férias e a chegada de Yuri, o aluno novo que veio de São Paulo, a vida de Felipe vai ser transformada drasticamente e vai ser difícil...