Inverno: O floco de neve

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Um vazio irrevogável tomava conta de meus ossos. Aqueles olhos não eram meus, como poderia viver com eles. Isso é impossível! É tudo culpa desses olhos, "PRIMAVERAA!" Sangue.

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Era início de outra estação, a melhor estação do ano. Os pássaros se escondiam, o calor ia embora e o melhor de tudo: NEVE! Os flocos de neve caiam como cristais quebrados. Aqueles olhos, cristais. Eu deveria ranca-los!

A primavera passou rapidamente, e logo deu espaço para o querido inverno. Um frio infindável de congelar os ossos. É assim que eu gosto, é assim que eu amo.

Fungada profunda "Já estamos chegando na escola?" A voz rouca de Primavera espalhou meus pensamentos na neve.

"Espero que nunca cheguemos." Respondi indiferente. Primavera ficava doente durante todo o período de frio intenso, languida como se não tivesse mais vida em seus olhos, uma parte da alma parecia adormecer em uma caverna de urso, quanto a outra parte tirava férias no outro lado do globo, em pleno verão. Não adianta quanto ela se esfregasse, se encolhese ou se vestisse, parecia haver uma tempestade de neve dentro dela mesma. Arrepiava e suspirava de frio. Como seus pais eram capazes de deixá-la sair dessa maneira?! Meu coração começou a doer ao ver isso. Não! Eu não sou sensível! É tudo culpa dos olhos! Em mim só existe Yin, não Yang!!!! Droga, ela vai virar um sorvetinho fundido na neve se continuar assim.

Gentilmente a abracei ajudando a se aquecer. "Você não é frio(?)"

"Isso foi uma pergunta ou uma afirmação? Idiota. Óbvio que sou quente, como acha que aguento o frio. Aliás, tá explicado porque tu aguentas o calor: é sendo esse picolé em formato humano." Disse indiferente. Droga droga, não adianta o quanto eu seja indiferente, eu tô sendo caloroso! Isso não tá no meu DNA!

"Hm"

"Duvido você conseguir achar alguém mais bonito do que ela!" O garoto rodeado de vários colegas de classe desafiou.

"Medíocre..." Respondi entre os dentes. Tire meu celular do bolso como uma carta na manga, como se fosse xeque mate, como se fosse dar a cartada final. Já que ele pediu, terá! Apontei a tela quebrada do celular para toda a rodinha. Olhos atentos, sedentos eu diria.

"Muito bonita, né? Eu sei! Não precisa admitir sua derrota, eu sou humilde, cara!" Todos concordaram comigo falando ao mesmo tempo várias coisas em assentimento.

"É... é muito bonita, vou seguir ela." O salafrário disse com um sorriso satírico. Ele sabe como isso me irrita! Ele...

"SEU! SEU DESGRA-"

O vento soprava mais forte hoje na volta. A previsão é que só esfrie, Primavera deve tomar mais cuidado nesse inverno. Desde que me entendo por gente, esse é o Inverno mais frio. "Primavera?" Ela parou atrás de mim e pegou o celular. "O que foi?" Perguntei, mas ela continuava calada. Caminhei uns passos pra trás e cheguei perto para ver o celular quase colado no seu rosto. "O QUE?" Ela olhou para mim atônita.

"É uma notificação que quase não recebo, acho que já vi esse garoto em algum lugar... PERA- ele é da sua sala num é?!" Exclamou alegre.

"DESGRAÇADO!"

"An?"

Pegando ela de guarda baixa, tomei seu celular para olhar a notificação e me virei de costas.

"OU! Devolve meu celular!" Algo tocou meu ombro rapidamente e ouvi um grunhido de dor. Provavelmente ela tentou me bater e se machucou no processo.

Quando me virei, ela estava segurando sua própria mão e o semblante contorcido. Logo entendi. Hoje ela não manteve suas mãos protegidas no bolso do casaco, pois estava distraída mechendo no objeto em suas pequenas mãos. Eu tirei a luva de sua mão para analisar. Muito roxa, quase como se estivesse congelando literalmente, como se qualquer movimento fosse quebrar a mão que não fazia muitos movimentos.

Olhos de cristalOnde histórias criam vida. Descubra agora