Hua Chun e Xie Lian

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No dia seguinte, Xie Lian sentiu sua cabeça pesar logo ao acordar. Estava deitado sobre a cama em seu quarto, dentro do Templo Qiandeng. Não lembrava exatamente de como havia chegado ali, mas se lembrava de longos beijos com seu marido debaixo da luz do luar. Sabia também que, sempre quando os dois se beijavam em um lugar aberto, Hua Cheng o conduzia até o quarto para maior sossego.

- Bom dia, Gege. – Uma voz estranha parecia vir ali do quarto. O que aconteceu? San Lang nunca deixava servos entrarem nos cômodos íntimos do casal. E muito menos deixaria que alguém o chamasse de Gege. Logo, mesmo com dor de cabeça, se levantou em uma posição de ataque.

- Quem é você? Apareça. – Seu olhar caminhava por todo o quarto.

- Estou bem aqui. – E quando percebeu, Xie Lian observou uma bela mulher sentada na cadeira que normalmente ficava a roupa de Hua Cheng. Ela tinha longos cabelos despenteados com uma trança frouxa, olhos escuros e sobrancelha suave. Sua roupa era uma veste interna vermelha, bem despojado com um decote bastante pronunciado, com seios levemente expostos. Todo tecido descia por seu corpo esbelto, magro, mas em formato violão. Havia pequenos detalhes em bordados de borboleta em preto e prata. Sua pele era pálida e, em seu braço havia uma tatuagem que levava até às mãos, com unhas longas pintadas de preto. Havia pequenos detalhes estéticos que completava o look, como brincos de argola com pingente, pequenos anéis de e, no caso, estava de pés descalços com uma tornozeleira em detalhes de borboleta. Era bem óbvia essa pessoa. – Sou eu, Hua Chun (em português: Primavera em Flor).

Xie Lian não conseguia processar tal visão. Simplesmente, não sabia por onde começar.

- Hu...Hua...Chun?

- Sim, sou eu. Gostou?

Ao mesmo tempo que nosso Gege acenava positivamente com a cabeça – afinal aquela mulher era uma visão e tanto – demorou uns dez minutos para que pudesse dizer qualquer outra palavra. Só se lembrava aos poucos de uma possível conversa que poderia ter acontecido no dia anterior. Deveríamos nos transformar em mulheres, experimentar. Estamos casados, somos livres. Podemos viver o que quisermos na nossa relação. Sim, eu vou te provar que eu te amo mesmo quando você for uma mulher!

E Hua Cheng estava ali na sua frente para isso. Na verdade, Hua Chun é que se fazia presente.

- Si...Sim. Você é tão...ah... Linda... É que... Eu não sou muito acostumado... Sabe... Com mulheres. Eu... er... vivia no meio do cultivo... vivia no meio de guerras... er... Estou apenas processando, Hua Chen... Quer dizer, Hua Chun...

- Tudo bem, Gege. Já fico muito feliz de você ter dito que me achou linda. - A verdade era que, como Hua Cheng já havia se preocupado com a possibilidade de Xie Lian ser heterossexual, o planejamento de existir Hua Chun estava em seu horizonte há muito tempo. O nome, os detalhes, o tom da voz, absolutamente tudo tinha pelo menos uns 300 anos de existência na mente de nosso Rei Fantasma. E, é claro, ele faria de tudo para que Dianxia ficasse perdidamente encantado por ela. – Vamos tomar café da manhã? Provavelmente está com dor de cabeça. Farei um chazinho.

Hua Chun se levantou da cadeira e foi em direção a Xie Lian, dando um pequeno selinho em seus lábios. Ela era levemente mais baixa do que ele – um pouco mais de dez centímetros de diferença – e sua boca era macia, mesmo em um beijo tão rápido. O coração de nosso Gege por um segundo bateu fora do ritmo, mas aos poucos foi se acostumando com a ideia da transformação de seu marido. Agora ele possuía uma esposa!

Os dois foram até a cozinha e Xie Lian a observava de longe, em seus detalhes, o como era realmente uma versão de San Lang feminina, algo muito próximo do que ele estava acostumado. A mesma pessoa, o mesmo jeito de segurar a panela com água, a mesma forma de picar as ervas do chá. Aquilo tudo era incrível e nosso Gege estava realmente apaixonado por essa versão de seu marido.

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