Oye, Polo || ÉLITE¹

𝔫𝔲𝔢𝔳𝔢

Ele entrou na minha frente, como um escudo. ❝Ela não o matou.❞

Uma risada, revirando os olhos, balançando a cabeça. Eu sabia que ela nunca acreditaria em mim. ❝Sim, certo! Isso é o que eu diria também SE EU FOSSE O ASSASSINA!❞

❝Pare com isso. Ela é tudo o que o diabo não pode ser.❞

Polo não veio à escola no dia seguinte. Normalmente, eu gostava das quartas-feiras: as aulas eram interessantes, o almoço era sempre o melhor naquele dia e eu fazia muito trabalho no meu tempo livre entre as aulas... mas faltava algo naquele dia. A cadeira ao meu lado estava vazia na aula de Biologia e nunca me senti tão sozinha na escola. Ninguém estava por perto, todos os meus amigos estavam em uma classe diferente ou já estavam em casa. E Polo... éramos amigos mesmo? O que nós éramos? Apenas pessoas trabalhando juntas, compartilhando segredos?

Eu tentei o meu melhor para manter o foco e tomar notas sobre os tópicos sobre os quais estávamos falando. Polo me enviou uma mensagem esta manhã, perguntando se eu poderia dar a ele minhas anotações das aulas que tivemos juntos hoje. Foi difícil, minha mente sempre fugia dos assuntos para ele. Ele estava bem? Sem que o professor percebesse, tirei meu telefone da bolsa e o desbloqueei.

Polo escreveu de volta, depois que eu concordei em dar a ele minhas anotações. "Obrigado, eu te devo uma."

Comecei a digitar. "Está tudo bem :) Posso ir mais tarde e entregá-las a você?"

Espera. Eu realmente queria ir até ele de novo? E aí, de novo: por que não conseguia parar de pensar nele? Eu estava na escola, ele estava em casa e eu precisava ouvir a aula. Então eu apertei enviar, desliguei a tela e coloquei meu telefone ao lado do meu estojo. Assim que minha mão voltou para a caneta ao lado do meu caderno, uma pequena luz piscou. Era um rosa claro. Escolhi a cor há alguns dias, só apareceu quando Polo me mandou uma mensagem. Não resisti e apertei o botão.

"Claro, eu vou esperar por isso :)."

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"Samu, isso realmente não é uma boa ideia!"

"Isso é o que eu continuo dizendo!"

"Pessoal, vamos lá! Esta é a única chance que podemos ter. Nós saberemos com certeza se ela tem algo a ver com isso."

Revirei os olhos. Samu sempre foi o primeiro a querer correr de cabeça pelas paredes. Ele pensou que a melhor maneira de ver se Carla tinha o troféu era invadir sua casa e procurar a arma do crime.

"E se você for pego?" Guzmán do outro lado perguntou. Ele estava em casa, uma aula foi cancelada e ele iria para a escola hoje mais tarde.

"Eu não vou." Samu não tinha escola, então podia ficar em casa o dia todo. Ou passar pela casa de Carla e dar uma olhada nas coisas dela.

Segurei o telefone com a mão esquerda no ouvido e tentei abrir a bolsa com a direita. O zíper não abriu, estava preso. Continuei tentando, andando pelo corredor até minha próxima aula. "Samu, não faça isso. Isso é muito perigoso."

"Aria, eu-"

"Não, ela está certa, Samu." Guzmán o interrompeu. "Se Carla descobrir, os homens de seu pai estarão atrás de você e de nós."

"Meninos, eu tenho que ir agora, eu vou-"

UFF.

"Oh, eu sinto muito", eu disse para a pessoa que acabou de esbarrar em mim.

"Não, me desculpe, foi minha culpa, eu-"

A garota olhou para cima. Era Nádia. Seu rosto parecia feito de pedra enquanto ela olhava para mim.

"Você está bem?" Eu perguntei, encerrando a ligação e guardando meu telefone.

"Sim." Isso não soou convincente.

"Nadia, o que há de errado? Você está agindo estranho perto de mim, você está até me evitando, se tiver a chance. Eu fiz alguma coisa?"

Seus olhos se moveram rapidamente. "Não...exatamente."

"O que você quer dizer?"

Mas Nadia ficou em silêncio. O que diabos estava acontecendo?

"Nadia?"

"Ele está diferente desde que você voltou", disse ela. "E eu não suporto o jeito que ele olha para você."

Eu levantei minhas sobrancelhas em confusão. "Guzmán?"

"Quem mais? É óbvio, Ariadna."

"Do que você está falando? Nós somos apenas amigos e vai continuar assim."

"Você tem certeza disso?"

"Claro! Nadia, posso te garantir: não tenho sentimentos românticos por Guzmán e acho que ele não tem uma... queda por mim. Ele é sempre muito arrojado com essas coisas, ele mostrava que gostava bem...óbvio, lembra? Então, não pense que eu estou entre vocês dois, ok? Você não tem nada com que se preocupar, Guzmán te ama."

"Sério?"

Eu assenti com a cabeça e sorri para ela.

Honestamente, eu não tinha ideia de onde isso veio. E eu precisava falar com Guzmán sobre isso. E se as preocupações de Nadia estivessem certas...?

●●●

A governanta de Polo abriu a porta para mim e me cumprimentou alegremente. Ela me disse que Polo havia mencionado algumas vezes hoje que eu viria, enquanto ela me conduzia pela enorme mansão em direção ao quarto dele. Era bom saber que ela gostava de mim vindo, mas era um pouco demais e o caminho para Polo era estranho pra caralho.

"Ele ainda está um pouco doente, mas ver você vai animá-lo com certeza!" Ela bateu na porta branca. "Señor Polo? Você tem uma visita."

"Entre!"

A governanta abriu a porta e entrei no quarto do Polo. Ele deitou na cama, parecendo cansado e sem descanso. Seu cabelo estava despenteado e parecia meio fofo. "Oi."

"Oi," eu disse e fechei a porta atrás de mim. "Como você está se sentindo?"

"Poderia estar melhor, para ser honesto," Polo respondeu e sentou-se na cama. "Eu perdi muito?"

"Na verdade não," eu respondi e sentei na beirada da cama dele. "Eu copiei minhas anotações, espera aí, onde estão... Ah! Aqui! Não fomos muito longe em Biologia. Continuamos a discutir 'Don Quijote' em espanhol e conversamos sobre o Parlamento Britânico em inglês."

"Obrigado, eu te devo uma."

Eu balancei minha cabeça. "Como eu disse, você não precisa, é isso que-" ... amigos são? Amigos? "Eu sempre vou fazer quando os colegas estão doentes." Uau, isso foi perto! O que diabos havia de errado comigo?! Ele percebeu claramente como eu me impedi de dizer a palavra 'amigo'. Eu odiava isso. Por que não fui capaz de dize-la, o que era isso? Essa situação era simplesmente frustrante. "Está ~tudo bem."

Um sorriso agradecido foi a resposta. E isso era tudo o que importava.