Let it be

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And in my hour of darkness

She’s standing right in front of me

Speaking words of wisdom

Let it be

Agosto de 1995

Miami, Flórida

Era final de tarde e a Catedral de Santa Maria estava quase fechando mas ainda havia ali uma jovem, com não mais que seus treze anos talvez, ajoelhada em frente a imagem de Nossa Senhora com um rosário em mãos.

— Santa María, Madre de Dios, ruega por nosotros, pecadores ahora y em la hora de nuestra muerte. Amén. — Regina rezava devotada à mãe de Jesus. — Minha Virgem consagrada, a Senhora que é nossa mãe misericordiosa por favor, me perdoe pois eu peco. Sinto coisas sujas e proibidas minha Mãe, me ajude a me curar disso, eu não aguentaria se meus pais ou Daniel descobrissem. Eles me odiariam! Eu quero ser normal minha Mãe me ajude!

A adolescente rezava com os olhos cheios de lágrimas e o coração cheio de dor e medo. Sempre via as amigas de escola comentando sobre garotos e as sensações que a atração neles as despertava, entretanto jamais havia entendido o apelo e o sentimento até que se viu sentindo essas exatas coisas porém por outra garota isso a assustou em demasia.

A jovem Mills já havia ouvido comentários de seus pais sobre esse tipo de gente, homossexuais, e não eram os melhores. “Abominações”; “anormais”; “pecadores”; “corruptores” e “irão todos para o inferno” eram somente algumas das coisas que a menina já escutou e ela não queria ser nada disso. Só queria ser normal e amada e não condenada por algo que ela não tinha pedido ou escolhido ser.

— Por favor Mãe Maria eu não quero sentir isso.  — ela orava e sentia o olhar da santa pairar em si mas em sua angústia não a deixava sentir se era um olhar piedoso ou condenador.

Na porta da igreja, um jovem que aparentava ter a mesma idade que Regina, adentrava o local. Fez o sinal da cruz e foi até aonde a morena estava prostrada de joelhos e sentou-se no banco ao lado.

— Vamos Chiquitita, a igreja já vai fechar! E pra que tanto você reza? — Daniel perguntou curioso.

— Porque sou uma pecadora, Daniel. E temos que rezar para a Virgem Maria para que ela interceda por nós, para ser perdoada. — a jovem respondeu tentando secar as lágrimas de maneira discreta para que o melhor amigo não percebesse.

— Você é uma das melhores pessoas que conheço Regina, não acho que tenha nenhum pecado tão grave assim para tanta oração. — falou a encarando com carinho.

“Ah se ele soubesse...”

— Vamos logo porque su papá me chamou para o jantar com vocês e disse que que faria uma lechona deliciosa! — O menino disse com afobação cutucando a amiga até que ela se levantasse.

— Você só pensa em comer Dios mío! — Ela levantou com um sorriso singelo.

Antes que saíssem da igreja porém Colter se virou para a Santa e olhou para Regina de supetão e soltou:

— Chiquitita, acho que você deveria relaxar mais.

— Do que você está falando chico? — Perguntou confusa.

— A Virgem Maria está te olhando de um jeito como diz “deixe estar, vai ficar tudo bem.”

Regina se voltou para a imagem da Santa e para o amigo e desejou que ele estivesse certo. Se viraram para o altar, se benzeram e então se foram.

Swan & MillsOnde histórias criam vida. Descubra agora