⌗⠀02 :: jealousy, jealousy

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Eu finjo que não estou magoada, e ando pelo mundo como se estivesse me divertindo— body electric, Lana Del Rey

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Eu finjo que não estou magoada,
e ando pelo mundo como se
estivesse me divertindo
— body electric, Lana Del Rey

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EM TODOS OS SEUS DEZ ANOS DE NATAÇÃO, Jay jamais imaginou-se encarando a água com tamanha desolação. Seu reflexo melancólico ondulava conforme a movimentação suave da água, fazendo com que as lágrimas silenciosas se misturassem naturalmente. Naquele momento, Jay era o que poderia ser descrito como uma aura acrunhada. Não queria estar ali. E odiava a ideia de alguém pensar que estava vulnerável a ponto de aparecer no fim do treino de natação para implorar por uma nova chance — ainda mais depois de ouvir os reservas do time cochichando merdas a seu respeito. Sentia-se patético, humilhado. Não conseguia ficar naquele ginásio sem sentir indignação e rancor ao encarar a si mesmo na água cristalina.

Era inacreditável. Há poucos dias atrás ele era o maioral, o ídolo daqueles caras, a figura que bajulavam e chamavam de estrela, e, agora, não passava de uma fofoca mal contada entre aqueles babacas. E, embora soubesse que eles eram apenas excessões entre muitos dos seus admiradores no colégio, no momento, sua única vontade era de ir embora dali e agir como se nunca mais tivesse botado os pés naquele maldito ginásio outra vez.

Não queria dar a eles o gosto de vê-lo rastejando.

Jay não precisava disso. Não precisava de rumores idiotas ao seu respeito, tampouco ser ridicularizado por garotos que, mesmo após a sua saída, continuam onde sempre estiveram: na arquibancada, esperando para ser o que Jay um dia foi e ainda voltará a ser. Pelo menos, era isso que garantia a si mesmo, todas as manhãs, em frente ao espelho embaçado do banheiro. Não podia ser tão difícil, podia? Ele era Park Jongseong. Aquela porcaria de time não seria metade do que é hoje sem que ele arregaçasse as mangas para fazer a diferença. Aqueles garotos sequer colocariam os pés naquela piscina se Jay não tivesse lhes dado uma chance. Não estava mentindo quando, diversas vezes, afirmou para si mesmo que merecia mais.

"Que se dane esses idiotas. Que se dane a merda do novo substituto. Que se dane a Kobayashi e aquela superioridade irritante que ela finge ter, que se dane!'

Enxugou as lágrimas com as costas das mãos com certa agressividade.

Jay levantou do chão gelado aos muxoxos, decidido a ir embora. Ajeitou seu uniforme e colocou a bolsa esportiva atravessada sobre os ombros, encarando uma última vez o reflexo ondulante na água, o olhar carregado de rancor combinando perfeitamente com o maxilar travado e o par de sobrancelhas vincadas.

De jeito nenhum ficaria ali para ser humilhado. Não havia a menor possibilidade. A Kobayashi que encontrasse outro para participar de seu circo medíocre, Jay estava caindo fora.

Ele começou a andar em passos firmes em direção à saída, confiante de que nada o impediria de sair de fininho do lugar. Mas antes que pudesse chegar de fato até a porta, a mesma foi aberta com uma estupidez irritante e familiar. Jay sentiu sua sanidade transformando-se em pó dramaticamente à sua frente.

𝐂𝐎𝐋𝐎𝐑𝐅𝐔𝐋 𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒𝐇𝐈𝐏Onde histórias criam vida. Descubra agora