O Que Rolou?

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- É, hoje não é um bom dia. - Ela desce o gramado voltando para sua forma natural, a azul com escamas, e eu continuo parada, sem expressão.
Ele me enganou?
Eu espero um pouco, fico sentada no morro apenas refletindo até anoitecer e eu perder minhas forças de vontade.
Quando volto pra casa, já me preparo para ignorar meu pai, e pela minha "não surpresa" ele está no mesmo lugar que estava quando eu saí.

(...)

Eu estou dormindo, quando começo a ouvir barulhos parecidos com faíscas. O anel de Apocalypse está tremendo e saltitando encima do meu criado-mudo, assim como meu copo d'água tremia no dia do massacre. Eu pego o anel e o-ponho em meu dedo, pronta para começar denovo.
- Olá? - Eu falo com um pouco de medo e já sem esperanças.
Me assusto quando um círculo de faíscas laranjas começa a se abrir no ar. Uma mulher com o rosto sujo e um suéter bege vem andando com pressa até mim depois de notar minha presença. Eu tento fechar o círculo mas já era tarde demais, agora ela está em meu quarto.
- Quem é você? - Eu grito assustada, mas com cuidado para não acordar Charles e Hank.
A mulher não responde nada, apenas continua me encarando.
- Se você não responder eu... - Eu pego o primeiro objeto que vejo em minha frente, um taco de metal que Tio Erik me deu quando eu era criança contra a vontade de meu pai. - Te acerto com isso. - Me posiciono em ataque.
Eu começo a perceber que a mulher está formando uma pequena quantidade de energia em sua mão esquerda. Por impulso, Eu a-jogo contra a parede, a-prendendo com o taco de metal.
- Como você faz isso? - Eu aponto para sua mão.
- Onde eu estou? - A moça ignora totalmente minha pergunta olhando para cima, e eu percebo um sotaque diferente em sua voz.
Eu me concentro em olhar para seu rosto, seus traços não me são estranhos.
- Espera - Eu largo o taco no chão sem fazer barulho. - Eu não te conheço de algum lugar?
- Eu acho que não. - A mulher fala com a voz apressada, conseguindo se afastar de mim.
- Não, eu conheço sim! Eu definitivamente conheço. - Passo a mão em meu rosto na esperança de tentar me lembrar.
Eu me sento em minha cama, ponderando.
- Você é a Wanda, não é? - Digo num tom baixo.
- Eu sou a Wanda, quem é você? - Ela aumenta o tom de voz, aparentando estar preocupada.
- S/N. - Minha voz treme enquanto algumas lágrimas se juntam em meus olhos.
- S/N? Não é possível. Ela morreu. - Ela vai até o anel, que estava encima de um livro. - Aonde conseguiu isso?
Eu não entendia se ela se referia ao diário ou ao anel.
- Consegui o que?
- O livro. - Ela o-pega.
- Não toca nisso! - Eu tomo o livro de sua mão. - É perigoso. - Minha voz murcha e eu me encolho.
- Aonde conseguiu isso? - Minha mente entra em transe por alguns momentos e eu só consigo sentir os olhos vermelhos de Wanda entrando em minha cabeça.
- Minha amiga me deu. - Eu consigo voltar ao livre arbítro.
- Quem é sua amiga? - O sotaque em sua voz soa mais forte.
- Raven Darkholme.
- Então esse deve ser o famoso darkhold.
- Eu disse Darkholme, não darkhold.
- Não importa. - Ela me interrompe, começando a folhear o livro.
- Tá legal, quer parar? - Eu jogo o livro encima da cama. - Vai me explicar o que tá acontecendo?
- O que você quer que eu te explique? - Ela fala sem paciência.
- Hã, basicamente tudo que rolou desde 2009.
Ela faz um sinal com o rosto e as mãos como se quisesse que eu fosse mais específica.
- O que houve naquela tarde? - Eu suspiro em derrota e minha voz sai mais tremida do que o esperado.
- Eu não acho que deveríamos falar sobre isso agora.
- Ah, tá de sacanagem com a minha cara? Eu não te vejo a 13 anos e você só quer saber dessa porra de livro? - Indago.
- Não é só um livro. Você não entenderia.
- Então me faça entender, Maximoff!
- Você lembra que, eu sempre quis fugir daqui quando éramos pequenas? - Ela começa. - Você sempre dizia que era bobagem.
- Eu não era uma criança rebelde como você. Sempre estive muito bem morando na escola, afinal tá todo mundo aqui, né?
- Exato. Você não nunca viu maldade nisso, claro que não, é a única normal aqui. - Wanda começa a brincar com a energia em sua mão.
Assim que ela fala essa frase, alguns pensamentos vêem a minha cabeça. Todos aqui queriam ser como eu, enquanto eu queria ser como eles. Mas eu acho que afinal o mundo sempre vai ser assim, pessoas querendo o que não podem ter e as que têm sempre querendo mais.
- Você sempre dizia que ia me levar com você. Nem que eu tivesse que ser arrastada ou escondida no porta-malas de uma van. - Eu rio enquanto lágrimas percorrem meu rosto. - Aonde você ficou esse tempo todo? - Resolvo mudar de assunto.
- Um lugar distante. Eu achei que iria parar de sofrer se fugisse, mas as coisas não eram muito diferentes. Era tudo completamente diferente, mas eu estava feliz. Criei uma família, e os-perdi em seguida.
- Eu existo lá? - Pergunto em busca de aliviar o clima, rindo.
- Sim. - Ela assente. - Mas você nunca deu bola pra mim, namorava uma tal de Natasha. - Wanda e eu começamos a rir. - Depois eu achei uma galera legal, amei um cara. E o-perdi. Três vezes. Tive que assistir todas elas.
- Uau. - Eu suspiro.
- Por algum motivo, eu não sei como mas, criei uma realidade pararela, e por alguns instantes estive feliz.
- E tudo se repetiu. - Eu a-corto e ela assente.
- Agora eu achei uma forma de trazer de volta tudo o que aconteceu nessa realidade onde eu nunca estive tão feliz e, preciso desse livro. - Ela se levanta.
Quando eu olho para a janela, percebo que já está amanhecendo e os garotos podem acordar a qualquer momento.
- Tudo bem, eu não sei se você deveria ficar aqui.
- Por que não? Eu não sou mais bem vinda?- Wanda sabe exatamente como me provocar.
- Olha, eu só não sei como meu pai ou Tio Erik vão reagir então é melhor..
- Erik? - Ela me interrompe novamente? - Ele ainda está vivo?

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