Capítulo 3

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Com o livro ainda em sua mão, a garota rapidamente voltou para dentro da mansão. Desviando dos empregados e até mesmo de seus pais. Ela não teria tempo de descobrir o que aquilo era ou o que estava escrito dentro do mesmo durante o dia, as horas já havia voado e ela precisava se preparar para seu segundo dia de aula. Num suspiro pesado e horrendamente cansado após mais uma noite sem um real descanso ela se submergiu na banheira quente e confortável, colocando sua cabeça em baixo da água por alguns segundos, com seus olhos ainda abertos, pelo que pareceu apenas metade de um segundo ela pode ver uma figura lhe encarando por fora da banheira.

A figurava estava curvada, com seu rosto encarando a água, a garota não conseguia distinguir absolutamente nada de quem, ou o que, era aquilo que estava lhe encarando, as ondas na água também não ajudavam sua visão. Ao levantar sua cabeça rapidamente par conseguir ar novamente, nada estava ali. O banheiro completamente vazio continua exatamente como antes. Era como se suas estranhas experiências estivessem lentamente crescendo, se tornando pior, chegando mais perto. Mas o tempo não estava ao seu lado.

Se arrumando o mais rápido possível e mal tocando seu café da manhã novamente, a garota saiu quase que correndo da casa. Como se ela ainda estivesse segurando sua respiração, logo que seus pés tocaram o chão natural da floresta ela voltou a respirar. O frio em sua espinha continuava ali, mas pelo menos a "coisa" não podia mais lhe tocar, não enquanto ela estivesse fora da maldita mansão.

Durante todo o caminho até a escola seus pensamentos estavam em outro lugar, no livro, o estranho livro que havia encontrado durante a madrugada. Se colidindo com algumas pessoas na rua e pedindo rapidamente desculpas ela entrou de cabeça baixa pela primeira vez pelos portões da escola. A garota foi direto para a sala de sua primeira aula, sem pensar, como se estivesse em um piloto automático. Logo ao passar pela porta e chegar perto de sua cadeira ela finalmente voltou à realidade ao sentir o puxão em seu braço e o estranho cheiro familiar o dia passado lhe envolvendo.

"Ei, eu estou falando com você!", o garoto meio-sangue disse com as sobrancelhas franzidas. Piscando algumas vezes como se estivesse se acostumando com a luz a sua volta Krahe clicou sua língua antes de suspirar, "O que raios você quer agora?", cruzando seus braços ela se encostou, não muito feliz, em sua mesa. Gareth tinha um olhar estranho em seu rosto. Uma mistura de raiva, confusão e talvez um pouco de embaraçamento, "Depois da escola, me encontre no campo de futebol, precisamos conversar".

Aquelas foram suas únicas palavras antes de se virar e voltar ao seu grupo usual, mesmo os garotos à sua volta pareciam confusos, na verdade, tão confusos quanto a garota que estava com seus lábios levemente abertos como se fosse responder mas não tivesse tido esta oportunidade. Se sentando em sua cadeira sem entender, ela apenas tentou continuar seu dia sem pensar muito no que o meio-sangue havia dito, afinal, ela só saberia o que realmente estava acontecendo no final do dia.

Suas aulas foram tão normais e entediantes quanto do último dia. Eule estava em alguma delas, mas suas conversas não foram muito produtivas. E ainda existiam os rumores sobre os dois estarem juntos ou não, mas em um único ponto suas palavras trouxeram a garota novamente à realidade a sua volta. "Seu sigilo, está um tanto quanto visível hoje, algo aconteceu?", o garoto disse com um olhar preocupado em seus olhos, e automaticamente Krahe colocou sua mão em sua nuca, podendo sentir novamente a estranha sensação fria de antes, sem saber como responder ela apenas corou e limpou sua garganta, "Não, acho que o estresse de estar entre os meio-sangue está me afetando um pouco...", ela disse sem muita confiança em suas próprias palavras. Com um aceno o garoto bagunçou seu cabelo de leve como uma afirmação de que estava tudo bem.

Com seu rosto queimando num fogo invisível, a garota se virou para continuar seu caminho ao outro lado. Nada naquele momento fazia sentido, e ela ainda podia sentir a estranha sensação em sua nuca, era como se sua mente e seu corpo estivessem completamente separados naquele dia, seu corpo era o único presente, enquanto sua vente vagava pelas estranhas emoções que lhe afetavam. Se arrastando pelos corredores pelos próximas aulas, a garota parecia um morto vivo, o cansaço em seus olhos e a forma com que seu corpo cansado se movia pelo dia era claramente óbvio e todos podiam notar. Aquela não parecia mais a garota tão bem colocada e que não deixava absolutamente nada lhe abalar.

Fantasmas do Passado [HIATUS]Where stories live. Discover now